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Japão: revolução passiva e rivalidade imperialista

Marcos Aurélio da Silva - Abril 2008
 

Introdução

Antes que a Ásia Oriental se tornasse a região com as maiores taxas de crescimento econômico do planeta, o Japão já despontava no cenário mundial com prodigioso vigor. No início do século passado, Lenin o associava aos "países capitalistas jovens, que progrediram com enorme rapidez" (1977, p. 636), dinamismo que se manteve mesmo por todo o século, como o demonstram as estatísticas da ONU.

De fato, em tais estatísticas comparece ele como o país que apresentou a mais elevada taxa de crescimento da produção industrial do capitalismo desenvolvido no período 1938-1988, com 6,1% ao ano ― perdendo apenas para o Brasil, com 6,7% ao ano, se incluirmos os capitalismos do Terceiro Mundo, e ficando no terceiro posto se abarcarmos o mundo socialista, com os 7,5% ao ano da ex-URSS (RANGEL, 1990, p. 38).

Não deve haver dúvida que, envolvendo uma atualização tecnológica, pelo uso do mais avançado progresso técnico existente na economia mundial, estamos diante de um aspecto do desenvolvimento desigual em escala internacional, fenômeno portador, pois, de enormes ganhos para diversas industrializações tardias, inclusive periféricas (LENIN, 1977; ROWTHORN, 1979; MAMIGONIAN, 1982; RANGEL, 1990).

E, se a portentosa redivisão geográfica do trabalho de diversos ramos da produção industrial planetária é sua expressão mais acabada, não seria demais dizer que o Japão figura, aqui, como um dos principais beneficiários. Com efeito, se, na "altura de 1960, os EUA ainda detinham mais de um quarto da produção mundial de aço, mais da metade da montagem de automóveis e (alguns anos depois) quase 90% da produção de televisores a cores" (sic), em 1980 a "parte do Japão [...] saltara de 6,5% (1960) para 15,5% no aço; de 5% para 30% nos automóveis; e de virtualmente zero para mais de 50% nas televisões a cores" (sic) (OLIVEIRA, 2006, p. 13-4).

Aliás, vale notar que o fenômeno não se restringe às tecnologias já maduras. Ele alcança também, e de forma extremamente veloz, os produtos saídos da revolução da microeletrônica. Assim, se nos "anos 80, firmas americanas atendiam, no país e em implantações no exterior, 98% da produção mundial" de semicondutores, logo em seguida "o Japão inverteria a situação...", alcançando em "fins de 1986 [...] 90% das 256K D-RAM vendidas no mundo" (OLIVEIRA, 2006, p. 16).

Todavia, na década de 90, o quadro que acima traçamos perde algo da sua nitidez. O outrora dinâmico crescimento econômico japonês, abalado pela reação norte-americana, que logrou impor uma determinada macroeconomia planetária a partir de meados dos anos 80, conhece uma persistente estagnação. E a economia dos Estados Unidos, após sofrer seguidamente com os desdobramentos da crise de longa duração aberta no início da década de 70, conhece mesmo, nos anos 90, uma importante retomada.

Posto o novo quadro, é possível dizer que o processo da redivisão internacional do trabalho, em curso no século XX, perdeu o ímpeto e a orientação geográfica que o marcaram? E que as categorias que permitiam a compreensão deste processo deixaram de ter sentido?

Para Teixeira (2000, p. 9), se o contexto anterior poderia ser interpretado a partir da noção de rivalidade imperialista, esposada por Lenin, ou ainda da categoria gramsciana de hegemonia, hoje ambos os aportes teriam perdido sua força explicativa. Os Estados Unidos se nos apresentariam como o único império, "capaz de adotar as estratégias que bem entender", dada a "centralidade do dólar no sistema monetário internacional e a autoridade do Federal Reserve sobre os investimentos de capital", fatores que permitiriam à economia americana escapar das "restrições de balanço de pagamentos [...] importar livremente e [...] reestruturar seu parque industrial...".

Não obstante a efetiva reação norte-americana, caberia indagar: esta leitura não está se prendendo exageradamente aos fatores sistêmicos que marcam o capitalismo atual? Não seria este viés impeditivo de uma análise que, ao lado das formas gerais assumidas pelo modo de produção dominante, atentasse para as formações sociais que o compõem? Não decorre do mesmo viés a incapacidade de perceber, mutatis mutandis, o que há de válido nas categorias marxistas acima assinaladas?

O artigo que aqui se segue irá, pois, articular estas duas escalas de análise (a do modo de produção e a da formação social) para tentar entender a posição japonesa no cenário econômico mundial atual.

Revolução passiva, industrialização e imperialismo militarista

A formação social japonesa emerge de modo bem-sucedido na concorrência intercapitalista mundial a partir de formas econômicas e sociais bastante específicas, notadamente se comparadas àquelas consagradas pelo capitalismo estadunidense. Expressão de relações sociais de produção particulares, esta especificidade reflete as correlações de forças presentes na sua transição capitalista, situada na década de sessenta do século XIX. Devidamente reacomodadas segundo necessidades impostas por conjunturas específicas do século XX, são as heranças dessa base genética que ajudam a entender a forte capacidade de emulação do capitalismo nipônico, flagrante nas estatísticas econômicas mundiais desde pelo menos a década de 1970.

Com efeito, a transição capitalista japonesa, marcada pela Inovação Meiji (1868), resolveu-se sob uma forma tipicamente prussiana (OKABE, 1974, p. 58) ou o que também pode ser chamado, seguindo uma formulação gramsciana, de revolução passiva ou ainda revolução-restauração, fenômeno atuante quando a tese é capaz de "desenvolver-se integralmente, até o ponto de conseguir incorporar uma parte da própria antítese, para não se deixar ‘superar’" (GRAMSCI, 1987, p. 77).

De fato, nesta transição, foram os elementos da sociedade feudal em decomposição ― militares (samurais) e nobres (daimios) de estamento inferior, em conluio com camponeses ricos e comerciantes abastados e em detrimento dos pequenos camponeses, submetidos a uma forte exploração ― que levaram a efeito a derrubada do império Tokugawa, para instalar uma monarquia absolutista de amplo significado para a transição capitalista e o processo de acumulação que se seguiu (OKABE, 1974).

As origens do conglomerado industrial japonês, por exemplo, remontam a esse período, bem como a forte ação estatal na economia. Foram os nobres e os grandes comerciantes que se beneficiaram da aquisição a preços baixos de modernas fábricas construídas pelo Estado, em geral para a defesa ou a agressão militar imperialista, dando origem aos chamados zaibatsu, conglomerados industrial-financeiros de origem familiar que comandaram o desenvolvimento da indústria pesada do final do século XIX até a II Guerra Mundial (OKABE, 1974; LAZONICK, 1992).

Aliás, não se deve minimizar o papel das ações estatais de cunho militar imperialista, sempre concentradas no continente asiático. Sua função foi a de fornecer mercado, mas também matéria-prima e ainda capitais para investimentos (OKABE, 1974; NIVEAU, 1969).

Resultado dessas ações, o processo da reprodução ampliada ― isto é, o desenvolvimento de capacidade de produção simultaneamente nos departamentos voltados para os bens de consumo e para a indústria de bens de produção ― estabeleceu-se já nos inícios do século XX, permitindo uma forte inserção nos mercados externos.

No contexto de uma industrialização que se fazia sem a emancipação dos camponeses e com "o predomínio de relações semifeudais nas fábricas e minas" (OKABE, 1974, p. 60), uma tal inserção afigurou-se mesmo crucial, atuando ― frente à inescapável estabilidade do crescimento da produção primária depois da Primeira Guerra, que a permanência daquelas relações implicava ― como o principal motor da indústria de transformação, notadamente a partir das conquistas coloniais que se seguiram nos anos 30.

Mas, não obstante toda a força do imperialismo no pós-Meiji, inclusive como ideologia, não se deve, é claro, como ressaltou a crítica de Rowthorn, assinalar todas as realizações em direção à industrialização, nos cinqüenta anos que se seguiram a 1868, como obra exclusiva da agressão militarista (ROWTHORN, 1982). Há, antes, ações de efeitos mais propriamente internos, igualmente característicos de uma revolução passiva.

De fato, se tomarmos o período que segue do último quartel do século XIX até a década de 1930, podemos ver o ordenamento de um padrão de acumulação, marcado pela proteção do mercado interno para a indústria ― lograda com a recuperação do "direito autônomo de decidir sobre as tarifas aduaneiras" no pós-Meiji (OKABE, 1974, p. 60) e, ainda, com a depreciação cambial pré-1897, quando o Japão não adotava o padrão-ouro ― e por uma sustentação das exportações de produtos primários, em condições de comércio mundial relativamente livre para estes bens (seda bruta, chá, cobre e carvão), que permitiu, pois, financiar amplamente a importação de maquinaria (NIVEAU, 1969). Ora, neste grande período e, sobretudo, em suas fases iniciais, os dois fatos sugerem estarmos diante daquilo que Dobb, tratando dos capitalismos tardios do século XIX, chamou de "política colonial interna" do capital industrial em relação à agricultura, "antes que seu interesse pelo mercado exportador para manufaturas fosse despertado completamente" (DOBB, 1987, p. 197-8).

Outrossim, a despeito das relações feudais terem sido amplamente conservadas na transição capitalista japonesa, variável garantidora do referido colonialismo interno, não se pode ser levado a crer que, uma vez iniciada a progressiva inserção exportadora das manufaturas nipônicas, dependessem elas para um tal desempenho unicamente dos baixos custos do trabalho que essa continuidade implicava, como quiçá exageradamente assinala Niveau. De fato, tomando o exemplo da indústria têxtil do algodão, fortemente ancorada nos incentivos do Estado para a progressiva mecanização e a nacionalização dos insumos, o que ocorreu no momento mesmo em que suas exportações avançavam em direção ao Ocidente, A. Amsden (1990) sustenta ser difícil atribuir um tal desempenho somente aos baixos salários nipônicos.

O transformismo do pós-II Guerra Mundial

O período que se abre após a derrota na II Guerra Mundial vê consolidar mudanças tanto organizacionais quanto patrimoniais nos conglomerados industriais japoneses. Associadas a estas, não faltaram, todavia, transformações de grande impacto nas relações sociais de produção em toda a indústria nipônica e mesmo na agricultura. Não resta dúvida que nestas mudanças se deve ver o papel das forças de ocupação americana, interessadas em conter o avanço do comunismo na Ásia. Mas isto só não basta. É preciso entender que o processo ― ao confirmar uma industrialização que, à moda dos capitalismos tardios, vinha se fazendo desde o final do século XIX sob impulso de um Estado desenvolvimentista ― requer "uma opção e esforços da parte das elites empresarial e governamental do país em causa" (OLIVEIRA, 2006, p. 21).

De fato, a par da noção de revolução passiva antes referida, ponto de partida para uma análise centrada nas relações internas, convém aqui interpretar o conjunto de mudanças pelo critério do transformismo ou da culminância "das modificações moleculares que [...] modificam progressivamente a composição precedente das forças..." ― sem deixar, todavia, de estabelecer-se sob a forma dos compromissos e limitações que marcam as revoluções-restaurações (GRAMSCI, 1987, 63-7 e 77).

Assim, no plano das mudanças ocorridas na estrutura empresarial, se é verdade que o General MacArthur, comandante das forças de ocupação norte-americanas, "encetou a desmontagem dos zaibatsu" (OLIVEIRA, 2006, p. 8), é preciso não esquecer que, não obstante tenha diminuído o controle das famílias sobre as holdings, os conglomerados, agora chamados keiretsu, permaneceram intactos, com as ações tendo sido distribuídas entre as firmas integrantes das corporações, outros grupos industriais e, especialmente, grupos bancários (LAZONICK, 1992).

Na verdade, em geral ligados ao próprio conglomerado de origem, o papel de liderança dos bancos, exercido agora principalmente através da função de avalistas, vinha sendo construído no curso mesmo da industrialização. Em alguns casos, como o do grupo Mitsui, estamos diante de um processo "que remonta ao século XIX. Nesse período o grupo [...] fortaleceu-se como casa de câmbio e de empréstimo, apesar de ter sido fundado, um século antes, como empresa comercial"; enquanto noutros, esta liderança tem origem nas transformações do mercado financeiro ocorridas ainda nas décadas de 1930 e 1940 ― tanto por efeito de uma grave crise financeira (no ano de 1927), quanto pelo esforço de guerra, quando "os governos militares japoneses apoiaram abertamente a concentração bancária" (TORRES FILHO, 1995, p. 23).

Uma tal liderança, todavia, não significou a transformação dos grandes grupos em instituições puramente financeiras. De fato, na estrutura dos keiretsu se vê organizar um arranjo bastante particular das relações entre indústria e finanças, que em muito as distancia do primado conferido aos interesses financeiros observado na recente história de muitas das grandes corporações estadunidenses (CHANDLER, 1990).

Assim, seja em razão das participações financeiras cruzadas entre os diferentes grupos, seja pela maior margem de manobra de que dispõem os administradores japoneses frente aos principais bancos de cada grupo, ou seja ainda pelo papel subordinado conferido aos bancos pelo Estado através do Miti (Ministério do Comércio Internacional e Indústria), o grupo industrial japonês se organizou de modo a privilegiar antes o crescimento de partes do mercado, a inovação rápida, a massa e não a taxa de lucro (CORIAT, 1994). Aliás, uma tal imbricação entre indústria e finanças, francamente favorável ao longo prazo, aparece mesmo nas relações entre firmas-satélite e firmas core, dado que muitas vezes estas últimas detêm títulos de propriedade no capital das primeiras (CORIAT, 1994).

E é no campo das relações entre as firmas core e suas fornecedoras que se opera outro conjunto de transformações importantes. Não obstante, também aqui é preciso compreender que há algo de uma modificação progressiva. Afinal, as novas relações interempresas, que contaram de modo cabal com uma extensão espacial para toda a orla do Pacífico, remetem às "linhas de integração já testadas pelo Japão, no início do século XX, na estruturação de uma economia sub-regional" no continente asiático (OLIVEIRA, 2006, p. 15).

Em termos concretos, foram introduzidos no pós-II Guerra arranjos de subcontratação com as firmas-satélite, que permitiram, às firmas core, desfrutar das vantagens da integração vertical da produção e da distribuição, sem enfrentar os limites burocráticos que sufocam o dinamismo tecnológico e organizacional (LAZONICK, 1992). As relações de subcontratação seguiram quatro eixos principais: o longo prazo, o estabelecimento de uma hierarquia de empresas, os contratos explícitos e o favorecimento à mudança e à inovação (CORIAT, 1994).  São relações que, inscritas no campo de uma combinação entre competição e cooperação,  permitem a construção de economias de variedade no interior mesmo das economias de escala (CORIAT, 1994).

Por seu turno, as relações capitalistas de produção ― desde o início da industrialização nipônica marcadas pelo caminho prussiano, ou seja, com fortes sobrevivências feudais, como "o sistema das operárias vivendo dentro das fábricas, o sistema de capatazes, etc." (OKABE, 1974, p. 58) ― também sofreram importantes mudanças depois da II Guerra. Respondendo a um conjunto de determinações conjunturais e estruturais, tais mudanças, todavia, não seguiram uma direção progressista.

Entre as determinações estruturais, estão: as características do mercado japonês de bens duráveis, notadamente o mercado de automóveis, marcado por uma demanda curta e diferenciada; a grande desordem que reinava em matéria de programação da produção e acumulação de estoques; a organização combativa dos sindicatos no setor automobilístico, calcada nos sindicatos de indústria (CORIAT, 1994), que reproduzia a explosão geral do sindicalismo japonês no período, "sob a direção dos comunistas e socialistas" (OLIVEIRA, 2006, p. 8).

A estas determinações somam-se, nos idos de 1949-50, alguns acontecimentos conjunturais de grande impacto. Entre eles, destacam-se: a séria crise financeira que acometeu a empresa Toyota, que chegou à beira da falência em razão dos grandes desperdícios provocados pela desordem em matéria de programação da produção e dos estoques; a greve de grandes dimensões, com a demissão de cerca de 1.600 empregados, realizada pelos trabalhadores da Toyota, em oposição à reestruturação imposta por um grupo bancário frente à falência iminente da empresa; o início da guerra da Coréia, que trouxe encomendas em massa para a Toyota, porém sempre em pequenas séries, para não falar das multas no caso de descumprimento dos prazos de entrega (CORIAT, 1994).

Assim, a necessidade de enfrentar as especificidades da demanda e o conjunto de pressões existentes sobre os custos levou à adoção de práticas bastante originais. Logrando impor uma fragorosa derrota à greve operária de 1950, a Toyota acabou ampliando suas vantagens e conseguiu transformar o ramo local do sindicato de indústria em um sindicato de empresa, dito corporativista (CORIAT, 1994).

A partir daí operou-se uma série de mudanças. Com efeito, tornando-se uma das passagens essenciais que asseguravam a promoção dos dirigentes e a formação das elites das empresas, a nova forma de atividade sindical apareceria em simbiose com outros eventos que marcaram não só a Toyota, mas a totalidade da indústria japonesa no período ― cuja síntese encontramos no conjunto de contrapartidas condicionais, implícitas ou explícitas, dadas aos sindicatos e trabalhadores blue collars das grandes firmas, em troca do seu engajamento nas metas de produção, como o "emprego vitalício" e o "salário por antiguidade", as gratificações e os bônus, todos fortemente ancorados na instauração da prática dos mercados internos de trabalho (CORIAT, 1994).

Ainda que respondendo à necessidade imediata de diminuir os custos operários implicados pela super-representação das faixas etárias jovens no mercado de trabalho após a II Guerra ― uma super-representação favorecida pela penúria de mão-de-obra adulta e experiente que a sangria da Guerra provocou ― bem como aos enormes investimentos em capital fixo importado, que requeriam uma aprendizagem constante dos trabalhadores (CORIAT, 1994), tanto os mercados internos de trabalho quanto as formas de contrapartida que o acompanham dizem respeito a uma prática bastante antiga no Japão. Não seria mesmo exagero dizer que aqui se reproduzem traços das relações feudais de produção (ANNUNZIATO, 1999).

Afinal, já na década de 1930, a grande empresa japonesa, buscando uma alternativa aos métodos tayloristas que então se difundiam no país, se voltava "para formas de paternalismo autoritário, em que embriões de mercados internos eram estabelecidos com o objetivo de fixar e de prender a mão-de-obra qualificada, notadamente nas indústrias que trabalhavam para as empresas de armamento" (CORIAT, 1994, p.111).

Na verdade, trata-se de práticas que, acompanhando conjunturas específicas, foram penetrando progressivamente até alcançar diferentes qualificações da mão-de-obra, como o demonstra o uso gradual do "emprego vitalício", limitado à gerência no início do século XX com o objetivo de desviá-la do emprego público, mas logo estendido aos trabalhadores qualificados nos anos 40, transformando-os em capatazes vitalícios responsáveis pelo treinamento da mão-de-obra, e ao "conjunto" dos blue collars no início dos anos 50, quando se fez necessário derrotar os sindicatos de indústrias (LAZONICK, 1992). Fenômeno, enfim, típico de "uma fusão e assimilação recíproca depois de um processo molecular" (GRAMSCI, 1987, p. 65).

Penetrando em todas as grandes firmas, estas formas de reprodução da mão-de-obra tornaram possível a introdução de métodos originais de aumento de produtividade, que não resultam da parcelização das tarefas e sua repetição nem simplesmente da grande série e da busca de economias de escala, mas antes de um tripé em que se encontram a reagregação de tarefas, a multifuncionalidade e a construção das economias multiproduto no interior das economias de escala (CORIAT, 1994).

Não deve haver dúvida de que o enquadramento das relações de produção dentro das condições de custo e das especificidades da demanda resultou numa forma contraditória bastante desfavorável aos trabalhadores. Se, no chão de fábrica, aspectos "modernos", como a valorização do saber-fazer operário, se fazem presentes, no plano da divisão dos ganhos de produtividade as formas condicionais de contrato, explícitas ou implícitas, marcando a conservação de formas "arcaicas", revelam o quanto essa divisão se fez fortemente em favor dos lucros (CORIAT, 1994). Outrossim, não se deve esquecer que o "modelo" japonês, típico produto de uma revolução passiva, "excluía de saída as mulheres, os operários temporários e com vínculos precários e os trabalhadores das fábricas subcontratadas, em geral as pequenas e médias empresas" (HIRATA, 1991, p. 148).

Ademais, é este um dos fatores que explicam ter sido o departamento produtor de bens de produção o motor do crescimento japonês também entre o pós-II Guerra Mundial e a primeira crise do petróleo (CORIAT, 1994), o que permite concluir que a abolição das rendas feudais proporcionada pela reforma agrária, que os norte-americanos patrocinaram durante a ocupação (OLIVEIRA, 2006), teve impacto limitado na dinamização do mercado consumidor do período. Certamente, a forte expansão do consumo interno de automóveis, a partir de 1967 (CHANDLER, 1990), deve ser atribuída mais ao rápido e prolongado crescimento econômico depois de 1960, quando praticamente não existiram demissões (HIRATA, 1991), fato que permitiu não só o crescimento da massa salarial, mas também o início de um ciclo de crescimento dos salários (CASTRO, 1979).

A partir de 1973, o departamento de bens de consumo passou a ter um papel de liderança no crescimento econômico, mas isso se deveu à orientação exportadora que assumiu, permitindo dizer que no novo período, e dadas as condições de acumulação já alcançadas, "o mercado interno japonês continua [...] a beneficiar-se pouco dos ganhos de produtividade realizados..." (CORIAT, 1994, p. 194-5).

Isso certamente se deve à facilidade de ajuste conjuntural que trazem as relações de produção em seus aspectos específicos, mas também ao fato de que ― em razão mesmo do esgotamento do rápido e prolongado crescimento dos anos anteriores a 1973, bem como do processo de automação ― se acentuaram as pressões para as demissões ‘voluntárias’ e para a redução da idade da aposentadoria, além do recurso ao trabalho estrangeiro ilegal, praticado desde meados da década de 1980 (HIRATA, 1991).

Aliás, é aqui que se deve buscar um dos elementos da crise japonesa dos anos 90, ao qual caberia acrescer a tradicional frugalidade da população (BELLUZZO, 1998). Todavia, é preciso entender que esta não pode ser compreendida a partir apenas de seus condicionantes internos, devendo-se, pois, atentar para os conflitos oriundos do campo da economia internacional, especialmente aqueles forjados pela reação estadunidense, que parecem reagir sobre as relações sociais nipônicas "exatamente na medida em que as superestruturas reagem sobre a estrutura, a política sobre a economia, etc" (GRAMSCI, 1987, p. 44).

A crise dos anos 90: exportação de capitais e reestruturação espacial

Como assinalou B. Rowthorn (1982), a ação imperialista japonesa entre o pós-II Guerra e o início da década de 1970 esteve caracterizada mais pelas exportações de mercadorias do que de capitais, fato explicado tanto pelos recursos necessários para a construção de fábricas em escala comparável àquelas existentes nas metrópoles imperialistas rivais (sobretudo nos Estados Unidos), quanto pelos salários mais baixos verificados no Japão. Depois desse período, sugere o autor, observa-se uma tendência em favor das exportações de capitais, explicada não só pela maior capacitação organizacional da firma nipônica, mas também pelas majorações salariais então em curso, não totalmente contrabalançadas pelos aumentos de produtividade nem pela taxa cambial.

O ponto a destacar na análise acima é que "os custos de produção do país exportador [são] calculados em dólares", o que significa dizer que "são determinados pelos custos de produção calculados em moeda local e pela taxa cambial" (ROWTHORN, 1982, p. 70). Ora, isto ajuda a entender por que, a despeito de toda a coação sobre os operários japoneses, encetada pela burguesia daquele país depois de 1973, e a despeito também de toda a modernidade alcançada pela indústria, não foi possível à formação capitalista nipônica, pelo menos nos ramos que vinham liderando seu crescimento, superar as pressões norte-americanas sobre a sua capacidade de emulação ― realizadas fundamentalmente através da política cambial (CASTRO, 1979), mas também contando com cotas de importação (MAMIGONIAN, 1982).

Este processo fez os conglomerados japoneses, ademais abalados por uma redução na propensão a consumir que a estratégia da coação operária implica, buscarem, no imediato pós-1973, uma reestruturação industrial, que, a par da difusão das técnicas de informação por todo o aparelho produtivo (TAVARES, 1993), dirigiu o potencial de crescimento para os ramos automobilístico, eletroeletrônico e de computadores, até então não bloqueados pelos EUA (MAMIGONIAN, 1982). Além disso, os conglomerados intensificaram, em escala certamente superior à que vislumbrou Rowthorn, a estratégia das exportações de capital.

Vejamos como, na esteira das primeiras pressões abertas nos anos 1970, os Estados Unidos lograram dar contornos definitivos a esse quadro, cujos resultados mais dramáticos apareceram na crise capitalista que assolou grande parte da Ásia em 1997. Para tal concorreram dois eventos de crucial importância, situados nos idos de 1985 e 1987, e com efeitos de grande monta, tanto espacial como economicamente, sobre toda a Ásia Oriental: 1. O Acordo do Hotel Plaza (Nova York, 1985), marcado por uma desvalorização "negociada" do dólar e a conseqüente valorização relativa das moedas européias e do Japão (a última conhecida como endaka); 2. O crash da bolsa de Nova York de outubro de 1987, que leva os EUA a estabelecer pressões sobre os países da Ásia para a liberalização financeira de suas economias e a desregulamentação das atividades bancárias (BELLUZZO, 1998).

De fato, estes dois episódios significaram a abertura de um novo período na economia mundial que deu lugar às mais importantes redefinições geoeconômicas da fase recente. Elas são notórias tanto na tendência de inversão de posições deficitárias e superavitárias de países e mesmo blocos econômico-regionais inteiros, quanto na relocalização de unidades produtivas, não raro associadas a importantes reestruturações do espaço urbano e regional.

Por um lado, a valorização da moeda japonesa estabelecida pelo Acordo do Plaza impôs, de imediato, maiores dificuldades para a competitividade das empresas nipônicas, com efeitos perversos sobre o desempenho das contas externas do país. Ao mesmo tempo, os próprios bancos, bem como as seguradoras e corretoras de títulos (ações) nipônicos, dispondo de grandes aplicações em dólar, acabam por sofrer enormes perdas (BELLUZZO, 1998).

A reação a esses efeitos, desencadeada, sobretudo, por parte das empresas, consistiu na relocalização dos investimentos para a Europa e os EUA, promovendo um novo momento concorrencial que aparecerá com maior nitidez nos setores automobilísticos e da indústria eletroeletrônica (TAVARES e MELIN, 1998). Em seguida, porém, esse movimento espacial se fará em direção à própria Ásia, para países como Coréia do Sul e Taiwan, mas igualmente para Tailândia, Malásia e Indonésia (como também a costa leste da China), que, mantendo suas moedas desvalorizadas, tornavam atrativos os investimentos japoneses ― aliás, realizados, em boa medida, com o apoio dos próprios bancos nipônicos, que procuravam compensar as perdas sofridas com as aplicações em dólar (BELLUZZO, 1998).

Ora, essas relocalizações acabaram por provocar uma reação em cadeia na região. Coréia e Taiwan, usando a mesma lógica locacional ― em parte decorrente, também, das pressões americanas por uma maior liberalização comercial e financeira ― realizaram uma nova onda de investimentos em direção aos chamados tigres de segunda geração (Tailândia, Malásia, Indonésia) e, principalmente, em direção à China (BELLUZZO, 1998).

Como resultado, formou-se um ambiente de feroz concorrência em terceiros mercados, notadamente nos setores automobilístico, de microprocessadores e da eletrônica de consumo, mas também uma rede densa de relações de solidariedade que transformaram a região numa espécie de planta integrada de bens de alto conteúdo tecnológico voltados para a exportação (BELLUZZO, 1998; SCHWARTZ, 1997).

Do ponto de vista da organização do espaço urbano-regional dos países da Ásia Oriental, tal relocalização não parece ter tido efeitos menos importantes. E aqui o Japão comparece como um destacado exemplo. Com efeito, muitas fábricas labour intensive localizadas nas áreas interioranas, e mesmo rurais, pertencentes a grandes conglomerados cujas sedes administrativas se localizavam na região metropolitana de Tóquio, foram fechadas e relocalizadas fora do país, levando, pois, a um forte impacto desindustrializante e conseqüente esvaziamento populacional (TABB, 1990).

Porém, os impactos econômico-espaciais das mudanças no cenário mundial serão ainda maiores a partir do crash da bolsa de Nova York de 1987, bem como do tipo de manejo da política monetária feito pelos EUA desde 1992. De fato, vendo-se diante de desequilíbrios comerciais crônicos e de uma grande acumulação de reservas, os EUA, a partir do crash de 1987, passaram a pressionar o Japão e os tigres para que operassem uma liberalização financeira de suas economias e um crescente afrouxamento dos controles sobre a atividade dos bancos (BELLUZZO, 1998).

Associada às baixas taxas de juros que passam a ser praticadas nos EUA desde o início dos anos 90, cujo objetivo era diminuir o serviço das dívidas de empresas, bancos e famílias, a adoção dessas medidas acaba por atrair os grandes investidores institucionais americanos para aplicações na Ásia ― adquirindo empresas, ações e investindo em projetos imobiliários de alta rentabilidade, já que muitas dessas economias vinham desenvolvendo ambiciosos planos de modernização urbana, num nítido esforço de aproximação com as infra-estruturas e modelos do Ocidente (BELLUZZO, 1998; MONTEIRO, 1998).

Ademais, a própria desregulamentação e a liberalização, bem como a relocalização das unidades administrativas dos conglomerados ― favorecendo, todas, um crescimento econômico apoiado na diversificação dos serviços financeiros, comerciais e empresariais ― contribuem para a reestruturação socioeconômica do espaço urbano. Em Tóquio, onde o crescimento desses serviços fora importante durante os anos 80, o preço dos terrenos e o aluguel dos escritórios se elevaram de tal modo que afetou sobremaneira a distribuição espacial de famílias e empresas tradicionais: as primeiras, pressionadas por altos aluguéis, acabaram empurradas para áreas cada vez mais distantes do centro; enquanto as últimas, achando dispendioso manter suas atividades na área central, descobriram que poderiam lucrar vendendo terras e armazéns de sua propriedade (TABB, 1990).

Certamente, essa ampla modernização urbana e os maciços investimentos em empresas e ações não contaram apenas com capitais do Ocidente; do mesmo modo, a liberalização financeira e a desregulamentação bancária, que estiveram por trás desse processo, tampouco foram apenas um produto dos interesses externos à região.

Apesar da atuação a reboque em todo o processo, governo, bancos e empresas japonesas tiveram também sua cota de responsabilidade. Por um lado, as autoridades monetárias nipônicas, tradicionalmente arredias a uma política de juros altos, se interessavam pela liberalização porque ela era capaz de evitar que os excedentes dos bancos e empresas, sem aplicação na produção de bens exportáveis, pressionassem as taxas de juros via especulação com papéis do governo, provocando assim uma expansão não desejada da dívida pública e uma valorização ainda mais excessiva do iene. Por outro, os próprios conglomerados japoneses, mas também sul-coreanos, às voltas com excedentes em caixa muito acima de seus cronogramas de gastos, exigiam uma oferta de serviços mais sofisticados e diversificados por parte dos bancos locais. Estes últimos, assim, ao invés de se limitarem a prover crédito industrial, como sempre o fizeram, passaram a intermediar operações nos mercados imobiliários e a conceder empréstimos para aplicações especulativas nas bolsas de valores e para negócios com derivativos (BELLUZZO, 1998).

Como é fácil perceber, todos esses elementos, que concorreram para a brutal redefinição econômico-espacial acima descrita, são os mesmos que, no bojo da estagnação japonesa dos anos 1990, permitem entender a violenta crise capitalista que arrebatou a Ásia Oriental em 1997, projetando-se mesmo por todo o sistema. Afinal, depreciações impostas do dólar, associadas a liberalizações financeiras e desregulamentações bancárias que tiveram que conviver com taxas de juros muito baixas no Japão e mesmo nos Estados Unidos, não poderiam resultar senão em elevados níveis de superprodução. E estes, por seu turno, redundaram em forte crise dos sistemas bancários asiáticos, suas balanças comerciais e mercado de ações.

Conclusões

Se se tem em conta que, na fase do imperialismo, "a exportação de capitais, diferentemente da exportação de mercadorias, adquire uma importância particularmente crucial" (LENIN, 1977, p. 642), então a resposta nipônica à reação norte-americana, realizada exatamente sob essa forma de investimento, em nada autoriza o abandono da citada categoria leniniana para a compreensão da realidade econômica contemporânea. Isso não significa, obviamente, abonar a tese, algo realçada no mesmo Lenin, acerca do parasitismo e da decomposição do capitalismo na fase imperialista. Na formação social japonesa, a fusão do capital bancário e industrial se fez de modo a negar flagrantemente esta tendência.

A exportação de capitais pode, certamente, enfraquecer o papel de controle do Estado japonês, notadamente exercido através do Miti, sobre os conglomerados nipônicos (OLIVEIRA, 2006). Todavia, após o crash das bolsas asiáticas de 1997, quando os EUA e o FMI passaram a receitar medidas "corretivas" de caráter recessivo, foi fácil observar a "resistência da população japonesa", como igualmente "de parte dos grandes grupos industriais do país, para quem renunciar a aproveitar a taxa de câmbio favorável entre o iene e o dólar para aumentar suas exportações seria percebido como um ato de submissão frente ao imperialismo americano" (CHESNAIS, 1998, p. 315).

Isso quer dizer que os compromissos desenvolvimentistas da revolução passiva, renovados pelo transformismo do pós-II Grande Guerra, continuam valendo. Daí que a reforma do sistema financeiro nipônico, em vez de abrir espaço para as instituições estrangeiras, privilegiou a aquisição de bancos regionais por instituições de propriedade nacional (SCHWARTZ, 1997); uma decisão nada irrelevante, se se pensa que os bancos são elementos cruciais do que tem sido chamado de competitividade sistêmica ou estrutural de uma formação capitalista, aquela calcada nos "atributos do contexto produtivo, social e institucional do país" (CHESNAIS, 1996, p. 121).

Claro está que toda a resistência assinalada não visa romper os marcos do modo de produção dominante, e aqui vem a tempo notar que o importante "Partido Democrático Liberal japonês foi criado pelos Estados Unidos para fazer o seu serviço, o que fez com extrema competência" (ALI, 2005, p. 28) Ora, isso significa que o atual quadro das disputas imperialistas, hierarquizado a partir das pressões norte-americanas, pode ser lido também pelo conceito gramsciano de hegemonia.

Certamente, tais pressões têm permitido aos Estados Unidos recuperar posições perdidas, com a imposição dos devidos danos ao capitalismo nipônico, como no exemplo da microeletrônica (OLIVEIRA, 2006). Mas a microeletrônica norte-americana, refém da própria liberalização financeira que forjou, tem sido abalada, desde o forte ingresso de moeda estrangeira registrado em meados da década de 1990, pelas bolhas especulativas no setor de telecomunicações, que, redundando numa ampliação do já existente excesso de capacidade, provocaram queda de lucros e inúmeras falências na virada do século (BRENNER, 2003). E, no setor automobilístico, a indústria japonesa continua impondo sucessivos reveses aos fabricantes estadunidenses (LUEDMANN, 2007).

Aliás, nesse ponto, a Ásia, e nela notadamente a China, pode fazer a diferença. Pensamos no que foi chamado de sistema tributário sinocêntrico, secular "zona regional de comércio, com suas próprias regras e que vem ressurgindo nesta virada de século, à medida que a China se fortalece na Ásia Oriental como alternativa à Pax Americana" (OLIVEIRA, 2006, p. 12).

Não obstante o imperialismo japonês da primeira metade do século XX ter sido conduzido "em confrontação com esse sistema" (OLIVEIRA, 2006, p. 13), o que se viu ocorrer no campo da exportação de capitais encetada pelo Japão desde a década de 1970 ― e notadamente após 1985 ― sugere que o campo agora está aberto à exploração das vantagens que esse sistema pode oferecer para o enfrentamento da concorrência capitalista mundial. E, certamente, mais ao Japão que aos Estados Unidos, em razão, entre outras coisas, da forte identidade institucional que revela com as demais economias industriais da região, todas elas um produto do Estado desenvolvimentista.

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Marcos Aurélio da Silva é professor-adjunto no Departamento de Geociências da Universidade Federal de Santa Catarina. Texto originalmente apresentado no VII Encontro Nacional da Anpege (Associação Nacional de Pós-Graduação em Geografia), Niterói-RJ, 24-27 set. 2007. Uma versão ampliada foi publicada em Geografia Econômica: anais de geografia econômica e social. Florianópolis: Departamento de Geociências/ Centro de Filosofia e Ciências Humanas/UFSC, mar. 2007 (edição piloto).

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Fonte: Especial para Gramsci e o Brasil.

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