Jonas e William, uma amizade diferente

28/12/04

Eram dois irm?os, o mais velho, Anderson, com 25 anos e Alexandre, com 20.

Eles tinham uma irm? chamada Rose que gostava muito de bichinhos. Ela n?o tinha prefer?ncias, gostava de todos os animais. Seus dois irm?os, Anderson e Alexandre, eram apaixonados por ela e faziam tudo para agrad?-la. Com o Natal chegando, eles decidiram presente?-la com um papagaio.

Na v?spera de Natal, Alexandre foi at? a padaria bem cedinho e no caminho encontrou miando, com fome e frio, um gatinho muito magrinho e completamente sozinho. N?o teve d?vidas, recolheu o pobre bichinho e levou imediatamente para os bra?os de Rose.

Quando a porta se abriu, a irm? j? sabia que o gatinho era para ela. Como era de se esperar em menos de duas horas o gatinho j? estava acomodado, limpinho, alimentado e dormindo serenamente numa caixinha improvisada do lado da grande ?rvore de natal.

Quando Anderson chegou do trabalho, todo feliz com o p?ssaro que ele e seu irm?o haviam comprado para Rose, deparou-se com o gato, logo exclamou:

- Quem fez essa bobagem de dar a nossa linda princesa um gato de presente sabendo que eu j? havia comprado um p?ssaro para dar a ela hoje a noite?

A m?e vendo a indigna??o de Anderson e o desaponto de Alexandre, veio logo explicando:

- Calma meu filho, os dois s?o filhotes. Eles v?o ser amigos j? que v?o ser criados juntos desde pequenininhos. Tudo vai dar certo.

Anderson, teimoso, n?o concordando muito com a m?e foi logo dizendo:

- Mas ela vai comer o nosso papagaio quando crescer!

- De jeito nenhum, Anderson. Imagina. V?o crescer juntos, pegar amizade. Entendo de bicho. Problema nenhum! - exclama a m?e.

Com o passar do tempo, o que a m?e havia previsto realmente estava acontecendo: o gato e o p?ssaro eram realmente amigos. T?o amigos que o papagaio William, como era chamado, andava nas costas do gato Jonas, dentro de casa. Juntos cresceram e amigos ficaram. Entre a fam?lia tudo era felicidade, Rose tinha os olhos mais felizes do bairro, quando se sentava na varanda pela manh? com seus bichinhos.

Um ano se passou e as f?rias chegaram. Rose foi com os pais visitar sua vov? em outra cidade. Seus bichinhos ficaram aos cuidados de Anderson e Alexandre.

? domingo bem cedo, os dois assim que acordaram foram jogar bola no clube. A tardinha, os irm?os estavam vendo um jogo na tv, quando o Jonas entra pela sala trazendo em sua boca William morto, toda sujo de terra. Anderson vendo aquela cena por pouco n?o matou Jonas. E repetia muito nervoso a mesma frase de um ano atr?s:

-Eu tinha raz?o! N?o falei que isso ia acontecer n?o falei? Anderson estava certo. E agora, meu Deus, e agora?

A primeira provid?ncia foi bater em Jonas, escorra?ar o animal, para ver se ele aprendia um m?nimo de amor pelos amigos. Claro, essa amizade s? pod.

Falta menos de 1 hora da nossa Rose chegar . E agora? Eles se olhavam?

Jonas ficou ronronando l? fora, triste, lambendo as pancadas.

- J? pensaram como vai ficar Rose? Isso ? sua culpa! - Alexandre dizia para Anderson.

Foi a? que Alexandre teve uma id?ia:

- Vamos dar um jeito para que Rose n?o perceba que o Jonas matou William. Vamos dar um lavada nele, deixar ele bem limpinho e colocamos ele no puleiro.

E assim fizeram. William parecia vivo, falou Alexandre. Ele foi colocado l? com as perninhas encolhidas e preso de modo a n?o cair.

Meia hora depois eles ouvem o barulho do carro, notam o port?o da garagem se abrindo. Era Rose voltando. Cinco minutos depois Rose entra na sala com o olhar triste, como os olhos vermelhos e muito abatida.

- O que foi? Que cara ? essa? perguntou Anderson meio gago.

- William... - murmurou Rose

- O que tem o William? Respondeu.

- Morreu ! - disse Rose com os olhos cheios de l?grimas

- Morreu? Ohhh!!! Ainda hoje ? tarde parecia t?o bem ! - exclamou Alexandre.

- Morreu, hoje bem cedinho. Quando n?s sa?mos para ver a vov? as 5:00 horas da manh? ele j? estava morto!

- Morto??!! - grita Anderson, pensando l? com seus bot?es. Ser? que eles sabiam que Jonas havia matado William e n?o fizeram nada?

- Foi ! Antes de partimos. Morreu a noite dentro da gaiola. N?o ficamos sabendo porque. Papai foi quem o enterrou debaixo da roseira no fundo do quintal.

O Anderson olha para Jonas, tristonho, deitado no tapete da ?rea e pensa consigo mesmo: "Meu Deus, Jonas passou o dia todo procurando a seu amigo William, querendo saber aonde ele estava e porque havia desaparecido...E tanto procurou que acabou encontrando-o nos p?s da enorme roseira. O que fez ele ent?o, vendo William ali deitado no frio, ao inv?s de estar no sol em suas costas na janela da sala ? Provavelmente com o cora??o partido, desenterra William e o traz para nos mostrar. Devia at? estar chorando, quando come?ou a apanhar de tudo quanto ? lado porque eu pensei mal dele..."

Anderson, com os olhos transbordando de l?grimas olha para Jonas deitado encolhido sem entender nada do que se passara com ele naquele triste dia. O dia em que seus donos pela primeira vez resolveram lhe bater s? porque ele passou o dia inteiro procurando incansavelmente seu amiguinho William.

Sim, meu querido amiguinho hoje eu quis falar com voc?s sobre os seres humanos, que n?o pensam duas vezes antes de agir, que acusam sem antes saber de toda a verdade. Dos que julgam os outros pela apar?ncia. Anderson,o irm?o mais velho de Rose, era um desconfiado e n?o acreditava que um gatinho pudesse amar e gostar muito da companhia de uma ave sendo eles t?o diferentes. Mas meus queridos amiguinhos posso falar para voc?s que os animais sabem muito bem o que ? amor, amizade, respeito, e principalmente fidelidade. Foi sobre estes sentimentos que eu falei este m?s para voc?s nesta hist?ria.

Deixo mais um recado meus amiguinhos: papagaios, periquitos, calopsitas, araras, maritacas, n?o s?o animais de estima??o. Eles s? s?o felizes quando est?o soltos na natureza, em total liberdade.

Talvez William tenha morrido simplesmente porque n?o era um animalzinho livre. Pense nisso antes de comprar um bichinho de estima??o. Pe?a seus pais para perguntar a um veterin?rio ou bi?logo amigo seu se aquele animalzinho vive bem domesticado.

Autoria: M?rcia Ribeiro Pinto
Revis?o: William C. C. Almeida
* Sociedade Juizforense de Prote??o aos Animais


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