Bebês podem consumir papinhas a partir de seis meses de idadeO recomendado é introduzir, de forma gradual, os novos alimentos, sem misturar muitos legumes e verduras

Jorge Júnior
Repórter
30/7/2011
papinha

A partir dos seis meses de idade, o aleitamento materno não atende totalmente às necessidades nutricionais dos bebês. Com isso, os profissionais indicam que as crianças comecem a consumir as papinhas. "Em algumas circunstâncias, o pediatra pode antecipar a introdução de novos alimentos para o quarto mês de vida", explica a nutricionista Dayse Siqueira Santos. Entretanto, ela alerta que é importante lembrar que, apesar dos avanços da indústria, o leite materno continua sendo a principal recomendação para uma alimentação saudável para os bebês.

A importância do líquido pode ser entendida porque a substância é o único alimento que contém imunoglobulinas e outros componentes que irão proteger o bebê contra várias doenças. Já com relação à papinha, outro fator que facilita o consumo é que aos seis meses eles já estão mais equilibrados e conseguem se sentar sozinhos.

De acordo com Dayse, o recomendado é introduzir, de forma gradual, os novos alimentos, sem misturar muitos legumes e verduras de uma vez. O ideal é acrescentar os alimentos a cada três a sete dias. A nutricionista afirma que é comum a criança rejeitar os novos alimentos, não devendo este fato ser interpretado como uma aversão permanente da criança.

"Em média, a criança precisa ser exposta a um novo alimento de oito a dez vezes para que o aceite bem as substâncias. Crianças amamentadas podem aceitar mais facilmente novos alimentos que as não amamentadas, pois, por intermédio do leite materno, a criança é exposta precocemente a diversos sabores e aromas, que variam de acordo com a dieta da mãe." As leguminosas podem começar a serem ingeridas a partir do sétimo mês. Segundo a nutricionista, no início, não é recomendado trocar os alimentos diariamente para facilitar a adaptação dos bebês.

"Aos 10 meses, a criança já deve estar recebendo alimentos granulosos, caso contrário, corre um risco maior de apresentar dificuldades alimentares aos 15 meses. Aos 12 meses, a maioria das crianças pode receber o mesmo tipo de alimento consumido pela família, desde que com densidade energética e consistência adequadas, evitando frituras e alimentos industrializados como linguiça, presunto, temperos prontos e salsicha. "A partir de então, deve-se restringir o uso de alimentos semisólidos e deve-se evitar alimentos de formato aguçado e/ou consistência dura, como cenouras cruas, nozes e uvas, pelo risco da criança engasgar.

Tipos de alimentos

As papinhas devem conter todos os nutrientes que a criança necessita para ter um bom desenvolvimento. Para facilitar o entendimento, a especialista explica a importância de cada um.

  • Carnes: Frango ou vaca são boas fontes de proteína de alto valor biológico, ferro e vitamina B12;
  • Hortaliças de folhas: As verduras são fundamentais porque são fontes de ferro, cálcio, vitamina C, A, ácido fólico e fibras. A alface, o almeirão, o agrião, a couve, a escarola, o espinafre, o brócolis, a mostarda, o repolho, a serralha, a rúcula, a chicória, a acelga e as folhas de nabo e de beterraba também são componentes essenciais. "Utilize uma folha verde-escura porque é rica em ferro e vitamina A e 1 folha clara porque é rica em vitamina C", aconselha a nutricionista.
  • Hortaliças sem folhas: São os legumes que devem ser usados por serem fontes de vitamina A, cálcio, ferro, ácido fólico, fibras e vários minerais. "Os vegetais que fazem parte desse grupo são a beterraba, a cenoura, a couve-flor, a abobrinha, a berinjela, a vagem, a batata baroa, o nabo, o aipo, a mandioca, o quiabo, o chuchu e o pepino.
  • Raízes: São fontes de calorias responsáveis pelo fornecimento de energia. Fazem parte desse grupo batata, cará, inhame, mandioca, batata-doce e batata baroa.
  • Cereais: Também são fontes de energia. Fazem parte desse grupo o arroz (integral), aveia, fubá e macarrão.
  • Leguminosas: São proteínas de origem vegetal e boas fontes de ferro e fibras. Esse grupo é formado por feijão, ervilha e a lentilha.
Papinhas doces

A papinha doce, geralmente, é a primeira novidade na alimentação do bebê. O alimento pode ser oferecido no terceiro ou quarto mês de vida, de acordo com a recomendação do pediatra. No início, a alimentação deve ser servida pela manhã, nos intervalos entre as mamadas. "O ideal é começar com uma pequena quantidade, em torno de 30 mililitros e com o auxílio de uma colher. Não acrescente açúcar e não use frutas ácidas. A laranja serra d'água é uma boa opção." Dayse afirma que, no começo, o bebê pode estranhar a novidade, mas, aos poucos, ele irá educando o paladar.

Onde as papinhas devem ser preparadas?

De acordo com Dayse, as papinhas devem ser preparadas em panelas de ferro. Caso a mãe não possua, as panelas de barro ou de ágata também são aconselhadas.

Cuidados no preparo

Os cuidados ao preparar os alimentos são primordiais na hora do preparo. As mãos e os utensílios que serão usados no preparo do alimento devem ser bem lavados. "Use um pouquinho de óleo ou azeite para preparar a papinha e não utilize temperos industrializados, eles contêm conservantes e sal em quantidades não recomendadas para os bebês", recomenda.

A nutricionista diz que as hortaliças, as leguminosas e as raízes também devem ser bem lavadas antes do preparo. "Corte sempre os legumes em pedaços grandes para evitar a perda de vitaminas e minerais. Tome cuidado com o uso de sal, o ideal é não usar no início. Depois, quando o bebê estiver adaptado bem aos alimentos da papinha, coloque apenas uma pitadinha", ensina.

Os alimentos devem ser bem cozidos. O uso do liquidificador não é indicado para moer os alimentos. "O ideal é amassar bem com o auxílio de um garfo, até que a papinha tenha consistência cremosa, assim estamos estimulando a mastigação do bebê", diz.

Quantidades adequadas

A quantidade e a frequência dos alimentos oferecidos devem basear-se na aceitação da criança, que varia segundo a necessidade individual, a quantidade de leite materno ingerido e a densidade dos alimentos complementares. Segundo a profissional, deve-se encorajar a criança a comer até ela ficar saciada.

"Para crianças de quatro a oito meses, ofereça de cinco a seis refeições por dia. Dessa quantidade, três a quatro refeições devem ser feitas à base de leite com cereais ou tubérculos ou frutas, duas papas de frutas (fruta pode ser adiciona a uma refeição com leite) e uma papa salgada." Para as crianças maiores de oito meses, o ideal acrescentar mais uma papa salgada, no jantar.

Como oferecer

Os alimentos complementares devem ser oferecidos à criança utilizando-se colher. Mamadeiras devem ser evitadas porque, além de ser uma fonte de contaminação para a criança, prejudicam a dinâmica oral e podem, principalmente durante o estabelecimento da lactação, confundir o bebê, expondo-o a um risco maior de desmame precoce.

Papinhas prontas

"A papinha industrializada é vantajosa pela praticidade. Recomendo que recorra a ela somente em situações especiais (quando for sair), já que a papinha caseira pode estragar quando não é armazenada na geladeira." O ideal, segundo Dayse, é sempre preparar as papinhas utilizando alimentos frescos e com textura que ajudam no desenvolvimento da mastigação.

"A vantagem de fazer a comida em casa é que você tem mais segurança em relação à qualidade dos alimentos oferecidos, além de ter a oportunidade de variar mais no sabor e nas texturas. Em geral, as papinhas industrializadas apresentam consistência, cor e sabor semelhantes, o que acaba tornando a alimentação monótona e sem graça", finaliza.

Os textos são revisados por Thaísa Hosken