Falta de planejamento é a grande vilã de quem vai abrir um negócio

Lojas fechadas na região central da cidade acusam que comerciantes estão "quebrando" pouco tempo depois do início das atividades

Thiago Stephan
Repórter
16/6/2012
Lojas fechadas

Cenas comuns no comércio da área central de Juiz de Fora são comerciantes que abrem e fecham as portas em curto espaço de tempo. A categoria reclama do alto valor dos aluguéis cobrados, mas reconhece que aqueles que desistiram do negócio, na maioria das vezes, não realizou pesquisa de mercado antes começar as atividades. Falta de planejamento que cobra seu preço rapidamente.

Na parte alta da rua São João, um dos pontos mais nobres do comércio de Juiz de Fora, duas vitrines cobertas por papel chamam a atenção. Na Braz Bernardino, um cartaz informa que o comerciante que trabalha ali está passando o ponto. De acordo com o presidente da Associação Juiz-forana de Administradoras de Imóveis (Ajadi), Antônio Dias, esse fenômeno sempre aconteceu em Juiz de Fora. "Muitas pessoas não têm informação sobre o negócio que vão explorar e fazem ideia completamente errada da atividade. Isso não dá certo. É preciso estudo, planejamento, seja para o comércio ou para a prestação de serviços", explica.

O presidente do Sindicato do Comércio de Juiz de Fora (Sindicomércio), Emerson Beloti, tem opinião semelhante. Mas ele acredita que esta sazonalidade é motivada por três fatores. "O primeiro, realmente, é a falta de planejamento. O segundo fator é o preço dos aluguéis cobrados. Uma oscilação no movimento pode forçar a saída da região central. O terceiro fator é que o comércio brasileiro, de uma forma geral, não vem atingindo as vendas que gostaria", afirma.

Na avaliação de Dias, os valores dos aluguéis não têm relação direta com esta situação. "O aluguel não é o principal fator, é que o tem menor peso. Se você monta uma empresa que não tem faturamento, R$ 1 mil é muito caro. Se tem faturamento, R$ 5 mil é barato", observa.

Beloti explica que o comércio da região central está se expandido para ruas próximas. "Hoje em dia, a Braz Bernardino e a Espírito Santo já têm comércio forte, o que não se via há alguns anos. Em caso de dificuldades, empresas localizadas, por exemplo, na Marechal Deodoro ou na Rua Halfeld, acabam migrando para ruas próximas", revela (ver mapas). Dias expõe que o movimento também pode ser no sentido contrário. "Ir para uma rua mais comercial. A partir do momento em que ocorre ganho de mercado, há também melhora na localização".

Para evitar fechar as portas precocemente, a dica é planejar a atividade. "Uma pessoa que vai montar qualquer negócio precisa pesquisar, saber se existe mercado para esse tipo de comércio ou serviço. Saber a potencialidade do mercado, o que ele pode dar de retorno. Isso só é possível por meio de pesquisa e planejamento, para saber todas as despesas, o número de funcionários... Sem isso, é um salto no escuro. A pessoa não sabe onde vai se agarrar", aconselha Dias.

Comerciantes confirmam a necessidade de pesquisa

João Monteiro é dono de uma padaria na rua São João há 35 anos. Ele acredita que o preço dos alugueis tem, sim, grande influência no fechamento de lojas. "Está um absurdo." Mas confirma que a maioria das quebras ocorre pela falta de pesquisa, esforço que o ajudou a colher bons frutos. "Tive um restaurante em São Mateus e, antes de abrir, encomendei uma pesquisa para o pessoal da UFJF. A pesquisa indiciou que precisaria de seis meses para começar a colher os frutos, além de outras informações. Deu tudo certo e antes mesmo deste prazo o movimento já estava muito bom", revela.

Paulo Roberto Gomes, também comerciante da rua São João, reitera a falta de conhecimento do setor como grande responsável pelas quebras. "O pessoal vem de outras cidades e não conhece a realidade do comércio de Juiz de Fora", destaca.

Os textos são revisados por Mariana Benicá

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