Skatistas cobram construção de pista no Parque da Lajinha

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Skatistas cobram constru??o de pista no Parque da Lajinha

Skatistas cobram construção de pista no Parque da Lajinha

Representante da Associação Juiz-forana revela que todas as pistas da cidade apresentam estado de conservação que põe em risco a prática da modalidade

Thiago Stephan
Repórter
24/5/2012

Discutir a situação geral do esporte e dos equipamentos públicos necessários às práticas esportivas em Juiz de Fora. Este foi o tema de audiência pública realizada na tarde desta quinta-feira, 24 de maio, na Câmara. Entretanto, as discussões foram centralizadas em torno da situação que o skate vive atualmente na cidade.

De acordo com os praticantes, que lotaram as dependências da casa, são mais de 20 pistas em Juiz de Fora, mas nenhuma delas em condições para a prática da modalidade de forma segura. Com isso, os skatistas aguardam com expectativa a construção de um novo equipamento no Parque da Lajinha, o que foi anunciado pela Prefeitura. O local receberia também uma raia de malha.

Um dos diretores da Associação Juiz-forana de Skate, Bruner Lopes, fez uma exposição detalhada das pistas da cidade. Lamentou a demolição de um equipamento no bairro Mundo Novo, a pedido da associação de moradores, já que muitos jovens estavam se machucando. "Mas em um campo de futebol, as pessoas não se machucam?", questionou. Nos demais equipamentos, Bruner revelou erros de projeto, como na pista do bairro Parque das Torres, e problemas de manutenção, como visto na praça do Vitorino Braga. "Todas estão em péssimo estado de conservação. Hoje não temos uma pista para treinar", analisa, para avaliar o que a construção no Parque da Lajinha representaria para a modalidade. "Esta pista seria um novo recomeço. A possibilidade de que uma nova geração possa começar no esporte", diz.

Durante sua fala, Bruner destacou a liberação de R$ 250 mil de recursos federais para a realização da obra, disse que enviou projeto de empresa de Belo Horizonte à Prefeitura e afirmou que seria importante que o equipamento seja construído com os recursos que estiverem disponíveis, sendo questionado posteriormente pelo secretário de Esporte e Lazer, Renato Miranda. "Esse projeto apresentado foi questionado pelos próprios skatistas. Nós temos que fazer o melhor possível. Tem que ser um equipamento em alto nível para que não aconteça o mesmo com as pistas já existentes", argumenta Miranda.

O secretário acrescentou que foi elaborado novo projeto, o qual ele espera que saia do papel até o final do ano. "Vamos construir uma pista de R$ 600 mil. Mas a obra pública passa por um roteiro. Existe o recurso do Ministério do Esporte, que está empenhado. Mas para ser liberado é preciso cumprir algumas etapas. Nosso desejo é que a pista fosse inaugurada este ano", estima. Uma dessas etapas é a licitação para a contratação da empresa responsável pela obra. Em relação a este ponto, Bruner disse ser de fundamental importância que a empresa selecionada tenha comprovada experiência em construção de pistas de skate.

Em relação aos demais esportes, Miranda expôs realizações desde que foi criada a Secretaria de Esporte e Lazer, como os 720 jovens atendidos em escolinhas de diversas modalidades, os programas Gente em Primeiro Lugar e JF Esporte e Cidadania, a Copa Caem de Futebol Amador, os Jogos Panamericanos Escolares. Ele disse ainda que dois novos campos de futebol vão ser construídos e outros reformados. Destacou também a construção do Ginásio Poliesportivo.

A audiência foi proposta pelo vereador Francisco Canalli (PMDB) que, em sua fala inicial, afirmou que já passou da hora do esporte local contar com legislação nos moldes da Lei Murilo Mendes de Incentivo à Cultura. Seu discurso foi reforçado, posteriormente, pelo professor de taekwondo, mestre Fernando Ribeiro, que também representava o Conselho Municipal de Desporto (CND): "Nós temos uma Lei de Incentivo ao Esporte, mas que só atende ao futebol. Solicito aos vereadores dessa Câmara que façam modificações na lei para que possam atender a todos os esportes", afirmou.

O vereador José Sóter de Figueirôa (PMDB) afirmou que "Juiz de Fora não conta com um plano diretor de esporte e lazer. Os recursos para o esporte são muito poucos. Não tenho nada contra a construção do ginásio, mas sou favorável à ocupação das praças pela população", observa. Em seguida, ele e Miranda tiveram áspera discussão enquanto outros vereadores se pronunciavam sobre o assunto.

Já próximo ao final da audiência, Canalli fez uma análise da discussão. "A avaliação é muito positiva, tendo em vista que hoje vamos ter a divulgação, pelo menos eu espero, da data para a construção do que foi prometido pela Prefeitura. Existem várias demandas, como a pista de skate e a raia de malha no Parque da Lajinha, a readequação e reforma das outras pistas e a reforma dos campos de várzea", destaca.

Bicas dá o exemplo

Cidade com população ao menos 20 vezes menor que Juiz de Fora, Bicas goza de uma situação melhor em relação à modalidade, já que conta com uma pista em ótimas condições de uso. O vice-presidente da Associação dos Skatistas de Bicas, Marcelo Bertolin, relatou que com a situação do esporte naquela cidade. "Hoje, o skate é um estilo de vida e, em Bicas, é encarado com um esporte de ponta. A nossa pista está ótima. Todos os anos, conseguimos um obstáculo novo, o que dá nova motivação. Todos os anos realizamos um campeonato que virou referência até mesmo em Minas Gerais. Vale a pena investir. Por ser um esporte individual, proporciona ao praticante o prazer de evoluir sozinho. Tem adrenalina, controle motor e traz forte cultura aliada à sua prática, seja por meio da música ou cultura visual. Outras cidades poderiam se espelhar na dimensão que assumiu em Bicas, conseguida com união e organização", afirma.