O fantasma do Mineir?o

Ailton Alves Ailton Alves 14/04/2008

Foto do est?dio do Mineir?o visto de cima Na Galil?ia, eles, os fantasmas, n?o est?o nos est?dios. Mesmo porque o campo do glorioso Tabajara FC est? desativado. L? n?o se joga e, portanto, as derrotas que produzem os assombros n?o acontecem h? muito tempo. Naquela terra os fantasmas passeiam em outros lugares, principalmente ?s margens do Rio Doce, ao cair da tarde, quando ? preciso bater o gongo para chamar o balseiro que nos leva para o outro lado, o da vida real.

Em Santa B?rbara, o est?dio municipal, encravado na ?nica parte plana da cidade, n?o ? fantasmag?rico, mesmo visto na madrugada, de cima, da casa onde nasceu o ex-presidente Afonso Pena e que d?cadas depois virou um agrad?vel boteco. O campo s? coloca medo em mim. Foi l?, naquela terra emprestada, que enterrei minha carreira de jogador de futebol, depois da miopia, da cerveja e das noitadas (tudo em excesso), mas principalmente em fun??o de um gol contra que marquei. Nada ? pior para um zagueiro que fazer um gol contra. ? um ato de trai??o com seu goleiro e com o restante da equipe.

Revelo tudo isso - torrando a paci?ncia de meus escassos leitores - para dizer que cada um de n?s tem que conviver com seus fantasmas. O nosso, coletivo, o dos carij?s, ? o Mineir?o. N?o ? poss?vel que um time das Minas Gerais n?o d? sorte (ou n?o jogue bem, depende de cada circunst?ncia) no maior est?dio do Estado!

Explica?es t?cnicas h?, mas falta-me disposi??o jornal?stica para tentar buscar an?lises sobre a derrota do ?ltimo domingo para o Atl?tico, por 3 a 2, quando perdemos mais uma vez por conta de detalhes. Argumentos hist?ricos h?, mas n?o tenho mais a mem?ria poderosa, que poderia ser evocada a qualquer momento. Colocar a culpa nos "culpados de sempre" ? um caminho f?cil, mas n?o desta vez: tenho a exata impress?o de que o ?rbitro errou em benef?cio do Tupi, prejudicando o Galo da capital.

Ent?o, a explica??o para tantos infort?nios vividos na capital de todos os mineiros s? pode ser uma: a vingan?a dos pr?prios fantasmas - aqueles que evocamos desde 1966, quando fomos ? Pampulha, vencemos os "grandes do Estado" e criamos, para n?s, o ep?teto eterno de "Fantasma do Mineir?o".

Fantasmas n?o gostam disso, de emprestar seus nomes. E n?o precisamos mais desse artif?cio: estamos muito, muito vivos. Tanto, que agora s? faltam tr?s jogos e 21 dias para o Tupi ser campe?o das Gerais.

Menos mal que a antepen?ltima dessas partidas, no s?bado que vem, ser? disputada em Juiz de Fora, num est?dio que j? expurgou todos os seus fantasmas - que eram muitos. O nosso est?dio, dessa terra adotada, tem hoje a ben??o e a alma de M?rio Hel?nio, o saudoso radialista que lhe empresta o nome. Al?m disso, hoje o local ? de jovens felizes, que n?o t?m nada a explicar ou mesmo digerir as derrotas do passado que tanto assombraram os torcedores da minha gera??o.

? assim a vida. Passamos o bast?o. O ep?teto de "Fantasma do Mineir?o", o de 1966, ? passado. O "medo do Mineir?o" que produz estas derrotas em s?rie, ano a ano, para Cruzeiro e Atl?tico ?, por ora, indesejavelmente presente. O apelido de "Dono das Gerais", por?m, faz parte de um futuro muito pr?ximo.

Ailton Alves ? jornalista e cronista esportivo
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