Uma m?dia de tr?s processos, para a troca de nome, chega por m?s ? Justi?a e a mudan?a pode demorar cerca de dois meses
Andr?ia Barros
Rep?rter
10/10/05
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Brasileiro ? criativo para tudo. Para registrar nomes dos filhos n?o podia ser diferente. Das grafias esdr?xulas ao estrangeirismos e homenagens, muitos pais optam por escolher nomes diferentes para denominar os filhos. Em Juiz de Fora, n?o ? t?o dificil encontrar Michael Jackson, Robin Willians ou Joana D'Arc. Nomes com grafias estranhas como Kayversor, Rhuam e Asclep?ades, tamb?m j? foram registrados na cidade. Mas o modismo das novelas e do futebol est?o na lista dos preferidos.
"Hoje em dia, ainda existem pessoas que colocam nomes diferentes nos filhos, mas a prefer?ncia atual ? Maria Eduarda e Cau? por causa das novelas. Em ?poca de Copa do Mundo, ? comum os pais tamb?m colocarem nomes dos jogadores", conta a oficial de cart?rio, Daniela Cobucci (foto abaixo).
H? 15 anos na ?rea, Daniela diz que j? viu nomes bem curiosos, muitas vezes impronunci?veis e, nestes casos, os cart?rios podem se recusar a proceder com o processo.
"De acordo com a lei 6015, de 1973, o oficial pode rejeitar
o pedido de registro caso ele entenda que o nome poder? expor algu?m ao
rid?culo. Mas a gente procura conversar e orientar os pais da melhor forma",
explica.
Quando h? insist?ncia, o caso pode parar na Justi?a. A ju?za titular da Vara
de Registros P?blicos de Juiz de Fora, Ana Maria de Oliveira Fr?es
(foto ao lado) explica que, nestes casos, muitas vezes os pais s?o convencidos de trocar a
escolha do nome. Quando isso n?o acontece, h? situa?es em que, ap?s a
maioridade, a pessoa toma a decis?o de trocar de nome, um processo mais
burocr?tico.
"? preciso procurar um advogado, fazer uma peti??o judicial, providenciar uma s?rie de documentos e certid?es negativas e fazer um laudo psicol?gico provando que aquele nome ocasiona problemas emocionais. Depois disso, ? feita uma audi?ncia com testemunhas para atestar a veracidade do caso, e de acordo com a legisla??o, averiguamos se realmente h? proced?ncia ", detalha a ju?za. Segundo ela, s?o encaminhados em m?dia tr?s pedidos deste tipo por m?s em Juiz de Fora, e o processo de mudan?a pode demorar cerca de dois meses.
Dupla diferente
A auxiliar de enfermagem, Sumayda Silva (foto ao lado), vem de uma fam?lia em que
todas as irm?s t?m nomes diferentes. O dela at? era motivo de chacota na
escola, mas Sumayda levava com bom humor. "Quando eu era menor, os meninos
brincavam dizendo 'sumiu a sumida'. Mas eu n?o ligava", lembra. Sumayda n?o
sabe o significado de seu nome mas concorda que isso ? o mais importante.
"?s vezes, quem n?o gosta do nome acha um significado t?o bonito que fica
mais forte", acrecenta.
Ter nome diferente inspirou a auxiliar de enfermagem a diferenciar a filha. Ela conta que, na ?poca de sua gravidez, assistindo a um programa de TV, ela se decidiu quando faltava pouco tempo para o nascimento. "Estava vendo um show do Cidade Negra e vi que a filha de um dos m?sicos se chamava Nandialla. Achei bonito e decidi na hora", conta. Hoje, aos sete anos de idade, a filha de Sumayda, Nandialla Labanca, tamb?m gosta do nome. "Quando os pais tem motivo de orgulho, n?o tem problema. Eu li que Nandialla significa 'menina com cheiro de flor'. Achei lindo", orgulha-se a m?e.
Vivendo feliz
Para a psic?loga, Ana Paula de Sousa Faria (foto ao lado), a atitude de Sumayda ?
ideal para a postura dos pais nesses casos. "Se os pais passam para os
filhos um motivo de orgulho e de amor pelo nome, o adulto vai ter crescido
com a seguran?a de que representa algo bom. Se n?o h? motivos de orgulho, a
pessoa semplesmente rejeita o nome".
Ana Paula lembra que nem sempre ? assim. "O nome ? uma escolha pelos pais para os anseios e desejos deles para o filho. Se este nome ? diferente, a pessoa pode se sentir diferente e isso pode ser ruim para a conviv?ncia. Ela pode odiar esse nome e, desta forma, desenvolver uma baixa auto-estima", explica.
Em situa?es constrangedoras, Ana Paula aconselha usar a arma da auto-confian?a. "Mostre que o nome, apesar de diferente e de carregar expectativas, n?o faz a pessoa. A pessoa ? quem faz o nome. Se for motivo de muito constrangimento, procure a ajuda de um terapeuta. Ele poder? fazer um trabalho de auto-aceita??o, de eleva??o da auto-confian?a e da melhoria da auto-estima", sugere.
Heran?a de fam?lia
Chamar simplesmente de Marinho foi a solu??o dos colegas de trabalho do
servidor p?blico Pergentino Marinho Filho, 45 anos. O nome diferente
n?o facilitava na hora da pron?ncia. " Tinha gente que me chamava de
'Presentinho' ou de 'Preventino', ent?o acharam melhor me chamar pelo
sobrenome", conta o servidor.
Apesar de diferente, ele diz que gosta do nome e at? batizou o filho, hoje com 17 anos. "Este ? o nome do meu pai, ent?o ? como uma heran?a de fam?lia. Meu filho n?o gosta muito, j? passou por alguns constrangimentos em sala de aula, mas hoje j? se acostumou". T?mido, o servidor n?o quis tirar foto para a enrtevista. "Deixe as pessoas imaginarem como seria essa pessoa de nome t?o estranho", provoca.
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