H?lux R?gido é desordem do ?dedão? do p?

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H?lux R?gido ? desordem do ?ded?o? do p?
Amanda Beloti 18/02/2016

Hálux Rígido – desordem do "dedão" do pé

O hálux rígido (do latim hallux rigidus) é o nome que se dá à degeneração da maior articulação do primeiro dedo do pé, o “dedão”, devido a sobrecargas e impactos dos ossos envolvidos.


Nesta doença, ocorre um desgaste da cartilagem que, nas condições normais, impediria um osso de “raspar” no outro. Com este desgaste, inicia-se um processo de artrose, aparecendo “bicos” (osteófitos) e saliências ósseas (crescimento ósseo anormal na base do dedão), promovendo rigidez articular e podendo progredir para um bloqueio completo do movimento (daí o nome “hálux rígido”, onde o dedo encontra-se realmente “duro” para movimentar).


Acima, movimentação em uma articulação saudável. As superfícies ósseas deslizam naturalmente uma sobre a outra.


Acima, um osteófito que começa a aparecer na articulação em desgaste, além da redução do espaço articular, que impede a movimentação completa.

As principais causas são:

  • Exagero na prática de esportes de impacto.
  • Uso de calçados inadequados pro seu tipo de pisada ou pra corrida.
  • Pressão constante sobre toda a área do dedão do pé (ex: uso em excesso de salto alto).
  • Pés estreitos, longos, pronados (que “desabam” pra dentro quando andamos).
  • Obesidade, reumatismo, gota, psoríase, infecções, mal formação genética e alterações anatômicas.

De início, o paciente sente uma dor localizada, na parte lateral do dedão do pé (normalmente ao acordar, podendo piorar com o frio). Ocorre também dor em queimação ao correr, andar, agachar ou dobrar o dedão, com dificuldade para subir morros ou escadas. Depois começa a surgir um nódulo duro (que é o “bico” ilustrado acima, formando um aspecto de “calo” na superfície do pé), acompanhado de inchaço e vermelhidão da inflamação local. Depois vem a perda de movimentação para flexão e extensão do dedão, que começa a ficar cada vez mais difícil. O paciente relata que a movimentação é sempre seguida de dor, que permanece mesmo durante o repouso.


Nódulo duro formando um aspecto de “calo” na superfície dos pés.

Nos raios-x, observamos a articulação “deformada”, “inchada”, e sem espaço entre os ossos da articulação metatarsofalangiana.


Novamente, observamos a articulação “deformada”, “inchada”, e sem espaço entre os ossos da articulação metatarsofalangiana, além de osteófitos laterais.

Não deve ser confundido com Hálux Valgo, o popular joanete. Os sintomas do hálux rígido são incapacitantes, aumentando de importância (e comprometendo a cura) quanto mais o paciente demorar a procurar tratamento. A dor do hálux rígido pode variar de acordo com o grau de evolução da artrose, pode piorar com o tipo de calçado usado pelo paciente e com a atividade de vida diária exercida. Normalmente os sintomas começam após os 50 anos de idade e em 80% dos casos o acometimento acontece nos dois pés.

A – articulação saudável

B – estágio inicial de acometimento articular, com osteófitos (bicos) dorsais

C – osteoartrose estabelecida

D – hálux completamente enrijecido com estruturas ósseas fundidas e bloqueado

O tratamento inicial deve ser o mais conservador possível, evitando-se assim cirurgias desnecessárias. E, como já foi dito, o paciente deve procurar auxílio médico assim que os sintomas se iniciarem, para que o diagnóstico seja feito e o paciente dê início à reabilitação fisioterápica. A fisioterapia buscará aumentar o grau de mobilidade articular com manipulações, trações, alongamentos, massagens, banho de contraste, gelo, etc.; conduta esta estabelecida de acordo com a avaliação do profissional capacitado. O paciente deve preferir o uso de sapatos com solados mais rígidos, que diminuem a sobrecarga da articulação afetada. Isso porque estes fazem o pé “andar como um bloco”, não sobrecarregando o dedão.

A perda de movimento tem várias fases, que pode ser medida pelo grau de movimentação de flexão (dobrar) e extensão (levantar) o dedão e pelo acompanhamento da integridade da cartilagem e do espaço articular através de exames. Além do tratamento fisioterápico, pode ser necessário que o médico prescreva medicação analgésica ou antiinflamatória. O paciente pode ainda usar uma órtese de silicone, que propõe alívio do impacto e da dor, ou uma palmilha customizada.

Órtese de silicone que diminui a pressão na pisada.

Palmilha customizada com amortecedor que reduz o trabalho do hálux durante a marcha, feita sob medida em locais especializados em palmilhas.

A imobilização temporária ajuda a minimizar os sintomas na crise, mas não deve ser prolongada, pois toda imobilidade gera mais rigidez. O mais importante é impedir o avanço da doença, ganhar espaço articular, reeducar os músculos do pé e corrigir possíveis erros de pisada.

É uma doença comum em atletas de corrida e salto, tendo como exemplo o ex-jogador de basquete Shaquille O’Neal, cujos dedos estavam tão comprometidos que evoluíram pra cirurgia bilateralmente.

A cirurgia, em casos iniciais, “raspa” as estruturas, para facilitar novamente a movimentação. Este procedimento é chamado osteotomia.

Osteotomia:

Em casos mais avançados, de muito comprometimento articular, o médico pode optar pela artrodese, que consiste em fixar a articulação, parafusando um osso no outro. Nesse tipo de cirurgia, a dor diminuirá ou desaparecerá, mas o paciente perderá os movimentos do dedo. É uma cirurgia considerada bem radical e deve ser feita somente em último caso. Após uma artrodese o paciente consegue andar, porém o movimento desta articulação não mais existirá, e o uso de saltos altos torna-se impossível.

Existe também a opção da artroplastia, que consiste na colocação de uma prótese. Porém esta conduta ainda é pouco utilizada.

Obrigada pela leitura e até a próxima coluna!

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