SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Na quinta-feira (11), Bassam al-Sheikh Hussein entrou armado no Banco Federal do Líbano. Tomou reféns e exigiu uma recompensa para deixá-los sair. A população começou a se reunir em torno do banco, no centro de Beirute -para apoiar o sequestrador. Em uma cena que poderia estar na série espanhola "Casa de Papel", bradavam coisas como "abaixo o poderio dos bancos" e "deem o dinheiro dele".

O episódio, que não deixou mortos nem feridos, é um eloquente símbolo do que o Líbano se tornou nestes anos. O país vive uma das piores crises econômicas do mundo desde meados do século 19. Cerca de 80% da população vive na pobreza. A moeda desvalorizou 20 vezes em relação ao dólar desde 2019. Quase metade dos libaneses passa fome. Falta de tudo: eletricidade, combustível, medicamentos.

Hussein, 42, decidiu invadir o banco não para roubá-lo, e sim para exigir o direito de sacar dinheiro da sua própria conta. Queria, disse, pagar os custos do hospital em que seu pai está internado. Segundo os relatos da imprensa, Hussein tem US$ 210 mil no banco (o equivalente a R$ 1 milhão). Só que as autoridades libanesas restringem desde 2019 os saques a um valor máximo de US$ 400 por mês (R$ 2.000). O gesto de Hussein, assim, deu voz à indignação de outros tantos no país - irados com um governo visto como corrupto, moroso e ineficiente.

O sequestrador ameaçou colocar fogo em si mesmo e matar os reféns, se o pedido não fosse atendido. Em acordo com as forças de segurança, depois de horas de negociação, saiu do banco com US$ 35 mil (R$ 180 mil). Chegou a ser detido, mas foi solto nesta terça-feira (16) depois que a instituição financeira retirou a queixa contra ele. Nas ruas, manifestantes exigiam a liberdade dele, a quem chamavam de herói.


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