SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Autoridades americanas prenderam quatro brasileiros que entraram ilegalmente nos EUA pela fronteira com o Canadá. Todos os acusados contaram com a ajuda dos mesmos "coiotes", aponta o governo americano. O episódio ocorreu no último dia 20, mas foi divulgado nesta terça-feira (23).

Segundo o Serviço de Alfândegas e Proteção das Fronteiras (CBP, na sigla em inglês), agentes federais avistaram três homens em um jet ski, cruzando a divisa entre o Canadá e os EUA, em Port Huron, no estado americano de Michigan. Dois deles, afirma o órgão, saíram da embarcação, andaram na estrada e entraram em um carro -já o condutor do jet ski retornou para o lado canadense.

Os dois homens foram presos logo em seguida, ainda no carro que os transportava. Eles se identificaram como brasileiros de 34 e 35 anos e, segundo o governo dos EUA, admitiram que cruzaram a fronteira ilegalmente. O condutor do automóvel, um americano de 39 anos, também foi preso.

Horas depois, os agentes perceberam a mesma movimentação: um jet ski semelhante deixou duas pessoas na mesma região e voltou para o Canadá. Dessa vez, porém, os dois imigrantes foram abordados pelos policiais antes de entrar no automóvel. Ao serem questionados, eles também se identificaram como brasileiros -um homem de 47 anos e uma mulher de 44.

Todos foram levados para a delegacia do CBP em Marysville e, lá, as identidades dos presos foram confirmadas. "Esses criminosos fizeram uma tentativa descarada em um fim de semana movimentado", disse o chefe da patrulha, Robert Danley.

Ainda de acordo com o governo americano, a Polícia Federal do Canadá prendeu outras duas pessoas envolvidas no esquema. É incerto, porém, se os presos eram os condutores do jet ski.

"Esta é uma prova de como as parcerias federais e internacionais são vitais em nossa missão de segurança nas fronteiras", disse Marc Sledge, chefe de um setor do CBP. "Nossos agentes realizam, todos os dias, um trabalho extraordinário para proteger a América", acrescentou.

Prisões como essas são frequentes nas fronteiras americanas. A maior intensidade, porém, ocorre na divisa dos EUA com o México, onde milhões de pessoas são presas tentando entrar ilegalmente no país. Em algumas ocasiões os imigrantes morrem antes mesmo de conseguir pisar em solo americano.

Como o jornal Folha de S.Paulo mostrou no último dia 16, uma investigação da Polícia Federal esclareceu a morte de um brasileiro de 21 anos que foi abandonado por um coiote, no ano passado, enquanto tentava cruzar de forma irregular a fronteira do México com os Estados Unidos. O corpo foi encontrado em 19 de abril, seis dias após a tentativa malsucedida.

A família de Ayron Henrickson Fernandes Gonçalves só descobriu o desfecho da história cinco meses após a morte, e o jovem foi enterrado como indigente. O caso dele, porém, não foi o único envolvendo brasileiros que perderam a vida dessa forma. Desde 2020, ao menos oito brasileiros morreram ao tentar fazer a travessia -um dos casos mais conhecidos foi o de Lenilda dos Santos, ocorrido há quase um ano. Há ainda relatos de sequestros, estupros, extorsões e abandono no percurso.

No início de agosto, o Departamento de Segurança Interna dos EUA anunciou o fim de uma medida que obriga requerentes de asilo a aguardarem no México até o processamento do pedido na Justiça americana.

O Protocolo de Proteção ao Migrante -política que ficou conhecida como "Permaneça no México"-- foi instituído pelo ex-presidente Donald Trump em 2020 e enviou ao país vizinho ao menos 70 mil solicitantes de asilo desde que entrou em vigor, segundo o Conselho Americano de Imigração. O programa foi criticado por colocar pessoas vulneráveis em cidades fronteiriças sob condições inseguras.

Com a decisão, ninguém mais será incluído no protocolo de proteção e aqueles que cruzarem a fronteira para comparecer às audiências judiciais não serão enviados de volta ao México.


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