SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Quatro foguetes caíram nesta terça-feira (30) na Zona Verde de Bagdá, danificando uma área residencial, afirmaram as forças de segurança do Iraque. A área, um dos pontos centrais dos atuais protestos, reúne ministérios e missões estrangeiras no país e é a sede dos prédios do governo.
Apoiadores do poderoso clérigo muçulmano xiita Moqtada al-Sadr invadiram a sede do governo na segunda-feira (29), em reação ao anúncio de de que ele estava abandonando a vida política. Os manifestantes estavam acampados na área há semanas, em meio à crise que se arrasta há meses e agora culmina no pior cenário de violência dos últimos anos em Bagdá.
A invasão foi apenas um dos atos dos manifestantes. Os protestos de grupos pró-Sadr ocuparam toda a cidade na segunda, e os grupos entraram em confronto com forças xiitas apoiadas pelo governo central, deixando um saldo de 22 mortos e dezenas de feridos.
Nesta terça, depois da queda dos foguetes na Zona Verde, Sadr pediu desculpas pelas mortes e deu a seus seguidores um ultimato para que encerrassem os protestos em uma hora. "Esta não é uma revolução porque perdeu seu caráter pacífico", disse o clérigo, em discurso na televisão. "O derramamento de sangue iraquiano é proibido."
Conforme o prazo chegava ao fim, os apoiadores do clérigo começaram a desmontar suas barracas e a enrolar colchões, nos preparativos para deixar a Zona Verde.
Devido à crise, o Iraque estava desde segunda sob um toque de recolher decretado pelo governo --nesta terça, a restrição foi extinta pelas forças de segurança. Além disso, a fronteira com o Irã, que havia sido fechada, foi reaberta, e os voos entre os países vizinhos, retomados.
A eclosão desta semana de agora se dá em resposta a um impasse que já dura dez meses e deu ao Iraque seu período mais longo sem um governo estabelecido. Sadr não consegue montar um governo desde outubro do ano passado, quando seu partido venceu as eleições sem obter maioria absoluta no Parlamento.
Em junho, ele retirou todos os seus representantes do Parlamento após não conseguir excluir seus rivais --apoiados por Teerã- das negociações. No meio da crise, insistiu na dissolução do Parlamento e em eleições antecipadas. Ele diz que nenhum político que está no poder desde a invasão dos EUA, em 2003, pode ocupar o cargo.
Sadr é uma das únicas pessoas no Iraque --além do aiatolá Ali al-Sistani, grande autoridade religiosa xiita-- capaz de mobilizar grandes massas. Tem milhões de seguidores, uma milícia e um império financeiro.
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