SANTIAGO, CHILE (FOLHAPRESS) - Em resposta ao ataque à vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, marchas e manifestações de apoio estão marcadas para acontecer em Buenos Aires nesta sexta-feira (2), a partir das 12h. Haverá concentrações de sindicatos, organizações sociais e um ato na Praça de Maio, às 14h.
O fato de o presidente Alberto Fernández ter declarado esta sexta-feira um feriado nacional para que o povo "possa se solidarizar" com a vice-presidente tem sido interpretado por alguns líderes da oposição como uma atitude de oportunismo político.
"Não é o momento para esse tipo de coisa. O atentado deve ser investigado com seriedade, mas a população deveria ser instada a manter-se tranquila. Esse circo não favorece a pacificação da situação", afirmou a senadora opositora Carolina Losada.
Na mesma linha reagiu Patricia Bullrich, líder do PRO, o partido do ex-presidente Mauricio Macri. "O presidente está brincando com fogo", afirmou na noite de ontem em suas redes sociais. O deputado José Luis Espert afirmou que Fernández se equivocou ao "causar mais raiva na sociedade ao culpar por cadeia nacional a imprensa, a oposição e a Justiça".
Na transmissão de ontem, o presidente argentino o afirmou que por trás do ataque está "o discurso de ódio que está dividindo os argentinos".
Pouco depois do incidente, senadores opositores haviam tirado uma foto junto a governistas, no Congresso, para demonstrar apoio à vice-presidente. Depois da cadeia nacional de Fernández, porém, vários criticaram a atitude do governo.
Na manhã desta sexta-feira (2), os arredores da casa de Cristina Kirchner, na Recoleta, foram esvaziados pela polícia e cercado com faixas e linhas de policiais. O presidente e o gabinete de ministros se reuniram na Casa Rosada, sede do governo da Argentina, às 7h. Após a reunião, haverá uma declaração conjunta do governo, reforçando a convocação às ruas.
Na noite de quinta, a polícia argentina prendeu o homem que tentou disparar uma arma contra a vice-presidente quando ela chegava em casa, no bairro da Recoleta, em Buenos Aires, e o identificou como Fernando Andrés Sabag Montiel, um brasileiro de 35 anos com antecedentes criminais.
Os vídeos mostram a ex-presidente sendo saudada por uma multidão de apoiadores ao sair do carro quando ele se aproxima a cerca de 1 metro dela com uma pistola. Montiel, que segundo a imprensa argentina estava com touca e máscara, teria saído correndo depois de tentar atirar, mas foi seguido por cinco pessoas, permitindo aos agentes o identificarem.
O ministro da Segurança, Aníbal Fernández, informou que cabe agora à polícia proceder com a investigação para avaliar "a capacidade e disposição que essa pessoa tinha". Segundo o jornal argentino La Nación, um perfil nas redes sociais atribuído a ele, sob o nome Fernando Salim Montiel, seguia diversas páginas ligadas a grupos radicais e discurso de ódio.
Diversas figuras políticas sul-americanas se pronunciaram sobre a tentativa de disparo contra a vice-presidente argentina. Até o momento, o presidente brasileiro, não se manifestou sobre o tema nas redes sociais, ainda que tenha tuitado sobre outros assuntos.
Há mais de uma semana, a residência de Cristina na Recoleta se transformou em ponto de encontro de manifestantes pró e contra a ex-presidente. Os protestos começaram quando o promotor Diego Luciani pediu uma pena de prisão de 12 anos para a política, que é acusada de chefiar um esquema de associação ilícita e fraude ao Estado no período em que foi presidente (2007-2015).
Luciani também solicitou que Cristina seja inabilitada a concorrer a cargos públicos para o resto da vida e que sejam devolvidos aos cofres públicos 5,3 bilhões de pesos (R$ 200 milhões).
"Estão esperando que matem um peronista", havia dito na tarde desta quinta o filho de Cristina, Máximo Kirchner, referindo-se ao fato de a polícia da cidade de Buenos Aires, governada pela oposição, ter abandonado a vigilância do local depois dos incidentes da noite do último sábado (27).
Além de enfrentar problemas na Justiça, a vice-presidente passa por uma crise dentro do governo, travando uma disputa por espaço com Alberto Fernández, que sofre com a baixa popularidade. No mês passado, a gestão criou um "superministério" da Economia, atribuído a Sergio Massa, com a missão de tirar o país da crise financeira --que envolve uma inflação que pode chegar a 90% ao ano e a disparada do dólar no mercado paralelo.
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