SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Justiça da Rússia revogou nesta segunda-feira (5) a licença da edição impressa do Novaia Gazeta, um dos pilares do jornalismo investigativo no país que foi obrigado a suspender sua circulação, em meio a esforços para suprimir críticas à invasão russa na Ucrânia.

A Rozkomnadzor, estatal russa reguladora dos meios de comunicação, acusouo o Novaia Gazeta de não fornecer documentos relativos à troca do comando da empresa em 2006, hipótese queinvalidaria a licença do veículo para operar no país ?o periódico deixou a Rússia em março, após ser advertido por violar leis que impõem censura à cobertura da Guerra da Ucrânia.

O Novaia Gazeta, cujo editor-chefe é o vencedor do Nobel da Paz, Dmitri Muratov, disse em comunicado que a decisão "matou o jornal, roubou 30 anos de vida dos trabalhadores e privou os leitores do acesso à informação".

Uma porta-voz do Alto Comissariado de Direitos Humanos da ONU chamou a revogação da licença de "um novo golpe" à liberdade de imprensa e independência dos veículos de comunicação russos.

A decisão é mais uma pá de cal jogada sobre a independência dos meios de comunicação e coincide com a morte de Mikhail Gorbatchov. O último líder da União Soviética era um histórico apoiador do Novaia Gazeta e financiou sua criação em 1993 com o dinheiro que ganhou ao vencer o Nobel da Paz em 1990. O cortejo fúnebre à Gorbatchov no sábado (3) foi, inclusive, encabeçado pelo próprio Muratov.


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