LONDRES, REINO UNIDO (FOLHAPRESS) - A aposentada Barbara Faulconbridge, 86, olha para os portões do Palácio de Buckingham e chora. A rainha Elizabeth 2ª não estava ali, mas no Castelo de Balmoral, na Escócia, onde costumava passar os verões, quando morreu, nesta quinta (8), aos 96 anos. Para os londrinos pouco importava. Ao longo do dia, curiosos e admiradores começaram a encher o entorno do palácio para prestar homenagens àquela que foi chefe de Estado por 70 anos.

Assim que soube da confirmação da morte da rainha, pouco depois das 18h, pelo horário local (14h em Brasília), Barbara não segurou a emoção. "A rainha fez parte de toda a minha vida. Ouvi seus discursos durante a Segunda Guerra, quando ela falava com a nação. Acompanhei sua vida toda, a vi tantas vezes. Era a pessoa mais maravilhosa do mundo", lamenta.

"E ela uniu o país durante a guerra, durante todos os problemas políticos. Sempre podíamos confiar nela para nos dar apoio quando precisávamos, assim como ela também o fez durante a pandemia. Ela foi a espinha dorsal da minha vida."

Minutos depois, o entorno do palácio já estava completamente tomado pela multidão. De cima, via-se um mar de guarda-chuvas, já que uma tempestade castigou Londres ao longo da quinta-feira. Muitos curiosos empunhavam celulares para registrar um dos momentos mais tristes e simbólicos da história do país. Eve McLean, 24, levou um buquê de flores.

"Apesar de todos nós já esperarmos por isso em algum momento, sabermos que Charles se tornaria rei, é diferente quando de fato acontece. Uma surpresa e incrivelmente triste. Muito trágico", disse.

"Para alguém que dedicou a vida a servir o país, nós, pessoas comuns, precisamos fazer atos para reconhecer o enorme sacrifício que ela fez, tantas vidas que ela tocou. Por isso trouxe flores e quis mostrar meu respeito."

Nos últimos meses, a rainha de 96 anos já havia cancelado compromissos oficiais por problemas de mobilidade. Na manhã desta quinta o Palácio de Buckingham divulgou um comunicado oficial dizendo que os médicos da monarquia estavam preocupados com o estado de saúde de Elizabeth e a colocaram sob supervisão. Como normalmente questões de saúde de qualquer integrante da família real são mantidas em privado, o tom do texto causou preocupação.

Em seguida, veio mais um sinal de que a situação poderia ser grave. A televisão britânica começou a transmitir ao vivo imagens dos filhos e netos da rainha, incluindo o herdeiro do trono, então príncipe Charles, embarcando em aviões com direção a Balmoral. O príncipe Harry, que já estava em Londres para um evento não relacionado com a família, também viajou separadamente para a Escócia, mas não teria chegado a tempo de se despedir da avó.

O último compromisso oficial da rainha foi na terça-feira (6), quando empossou a nova primeira-ministra do Reino Unido, Liz Truss --justamente no castelo de verão na Escócia, quebrando uma tradição, já que normalmente o protocolo é cumprido em Londres. Mais um indício de que sua saúde estava delicada. Num ato que não foi transmitido pela TV, ela apareceu apenas em fotos, sorridente, apesar da fragilidade.

Charles 3º agora é oficialmente rei e só retorna a Londres nesta sexta (9), quando deve fazer seu primeiro discurso oficial --mas a multidão não deixou o entorno do Palácio de Buckingham. Em alguns momentos, os presentes batiam palmas. Em outros, ficavam em silêncio.

Barbara questiona o futuro da monarquia. "Tenho medo. As pessoas se afastaram da monarquia, o mundo é muito diferente. Mas tenho fé em Charles e com certeza em William. Vai ser diferente, eles vão conseguir, mas não como ela, porque ninguém vai fazer o que ela fez."


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