SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, anunciou nesta quinta-feira (22) que em uma questão de dias se abre a possibilidade de uma cessar-fogo multilateral, possibilitando o "início do fim da violência" no país.
Segundo ele, funcionários do governo e do Comissariado da Paz entraram em contato com membros de grupos armados ilegais, como o Exército de Libertação Nacional e membros dissidentes das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), tratando de conversas entre os lados, que devem ocorrer em breve.
"A todos aqueles que querem um processo de negociação com a Justiça na Colômbia para desmantelar organizações criminosas, o que propomos é cessar hostilidades, crimes, mortes, cessar-fogo", acrescentou ele, em conversa com jornalistas ao término de sua agenda na Assembleia-Geral da ONU, em Nova York.
Petro disse ainda que o Exército vai poder chegar a áreas onde hoje não chega porque as organizações do narcotráfico controlam tais territórios, o que seria possível pois as guerrilhas cessariam os disparos. "Cada vez que se fala mais em paz na Colômbia, há que se falar em resolver pacificamente o problema do narcotráfico."
Ex-guerrilheiro, Petro havia dito há algumas semanas que as tropas precisam mudar o conceito de guerra, já que seu governo optou pelo diálogo com o ELN, considerada a última guerrilha reconhecida, e pela proposição de acordos com os demais grupos para que cessem a violência em troca de benefícios penais.
Em sua fala na ONU, na terça-feira (20), Petro pediu aos países latino-americanos que unam forças para acabar com a guerra às drogas. Primeiro presidente de esquerda da Colômbia, o líder há muito considera o combate ao narcotráfico um fracasso global ?ele usou seu discurso de posse, em agosto, para pedir uma nova estratégia internacional de combate aos entorpecentes.
O narcotráfico e a guerra contra as drogas são os principais fatores do conflito armado na Colômbia, de acordo com um relatório da Comissão da Verdade do país, estabelecida como parte de um acordo de paz de 2016 com os agora desmobilizados guerrilheiros das Farc.
A Colômbia, considerada a maior produtora mundial de cocaína, sofre pressão frequente, principalmente dos Estados Unidos, para reduzir a produção da droga. Por décadas, os EUA destinaram milhões de dólares em treinamento e equipamentos contra o tráfico de drogas e os grupos rebeldes.
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