SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Um atirador vestindo uma camiseta com o símbolo nazista da suástica matou 15 pessoas, sendo 11 crianças, antes de se suicidar em uma escola na Rússia nesta segunda-feira (26), afirmaram investigadores da polícia local. O Kremlin chamou o atentado de ataque terrorista.

Vídeos transmitidos na TV local e divulgados nas redes sociais mostraram crianças correndo pelos corredores da escola 88 e equipes de emergência resgatando os feridos. Dos quatro adultos mortos, dois eram seguranças e dois, professores.

As autoridades identificaram o agressor como Artem Kazantsev, homem de cerca de 30 anos que tinha sido aluno do colégio invadido. O Comitê de Investigação da Rússia, que lida com crimes graves no país, afirma que realizou uma perícia na casa do agressor e que apura possíveis conexões dele com o movimento neonazista.

O crime ocorreu em Ijevsk ?capital da região da Udmúrtia, 970 quilômetros a leste de Moscou, com 630 mil habitantes. O atirador morava na cidade com a mãe. Um vídeo divulgado pelos investigadores mostra o corpo do atirador no chão de uma sala de aula, ao lado de manchas de sangue. Sem portar seus documentos, ele usava ainda uma balaclava e estava armado com duas pistolas, além de ter uma grande quantidade de munição.

Outras 24 pessoas ficaram feridas, sendo só duas delas adultas. No local há cerca de mil alunos e 80 professores.

O governador da região, Alexander Brechalov, disse que várias das vítimas foram submetidas a cirurgias de emergências e acrescentou que o agressor tinha passagens por uma clínica de tratamento psiquiátrico.

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, afirmou a jornalistas que Vladimir Putin qualificou o ocorrido como um "ato terrorista desumano por uma pessoa que aparentemente pertence a um grupo neofascista".

"O presidente chora profundamente pela morte de funcionários e crianças nessa escola", disse Peskov, acrescentando que ele ordenou o envio de médicos ?incluindo neurocirurgiões? e psicólogos ao local do crime. Ainda segundo o porta-voz, Putin desejou a recuperação dos feridos.

Brechalov decretou luto de três dias e informou que as investigações devem envolver a Guarda Nacional e o FSB (Serviço Federal de Segurança). O Comitê de Investigação da Rússia abriu um inquérito por assassinato e porte ilegal de armas.

Depois do ataque, moradores homenagearam as vítimas, criando um memorial improvisado para o qual levaram flores e brinquedos.

A ação desta segunda-feira é o 13º atentado a tiros com diversos feridos nos últimos três anos na Rússia, sendo vários deles em escolas. Em abril deste ano, um homem armado matou duas crianças e uma professora em um jardim de infância em Ulianovsk, cidade no centro-sul da porção europeia russa, antes de cometer suicídio.

Quase um ano antes, em maio de 2021, um atirador de 19 anos matou sete crianças e dois adultos na cidade de Kazan, a 827 quilômetros de Moscou.

O episódio levou Putin a sancionar uma lei para restringir a posse de armas, aprovada em meados do ano passado. A legislação aumentou de 18 para 21 anos a idade mínima para comprar rifles de caça e armas de cano longo. Também impôs uma série de restrições à emissão de licenças para porte de arma.

Se antes apenas os russos condenados por crimes graves eram impedidos de tirar o documento, agora indivíduos com dois ou mais registros criminais ou investigados por consumo de drogas têm suas licenças negadas, por exemplo. Não está claro onde o atirador desta segunda obteve suas armas.

O agressor parece ter feito referências ao atentado à escola de ensino médio Columbine, em 1999, na cidade americana de mesmo nome, ocasião na qual 13 pessoas foram por dois estudantes, Eric Harris e Dylan Klebold. Duas cordas trançadas presas às pistolas usadas por ele traziam os nomes "Eric" e "Dylan" e a munição estava marcada com a palavra "ódio", de acordo com imagens divulgadas pela imprensa russa.

Autoridades do país vem tentando reprimir o que chamam de "movimento Columbine", um grupo descentralizado de homens armados que o governo classificou como organização terrorista em fevereiro e disse ter uma estrutura desenvolvida, coordenada pela internet.


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