SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Imagens de satélite registradas ao longo da última semana mostram a dimensão do novo capítulo da Guerra da Ucrânia, iniciado com a explosão da ponte que conectava a Rússia à Crimeia no sábado (8). Os registros são da Maxar, empresa americana de tecnologia aeroespacial.

Autoridades russas apontam que um caminhão-bomba explodiu na estrutura construída sobre o estreito de Kertch --rota crucial de abastecimento para as tropas de Vladimir Putin no país invadido-- e, na sequência, provocou um incêndio em sete tanques de um trem que transportava combustível.

A ponte havia sido inaugurada em 2018, quatro anos depois da anexação da Crimeia pela Rússia, e representava um símbolo da união entre os dois territórios. Putin esteve presente na pomposa inauguração e definiu a conexão sobre a faixa d'água, que separa os mares Negro e de Azov, como um milagre.

Nas primeiras imagens, capturadas momentos após a explosão, veem-se chamas e a fumaça subindo do trem. Nos dias seguintes, o satélite fotografou cargueiros e outras embarcações ancoradas no perímetro do local do incidente para dar início aos reparos na estrutura --um trecho da faixa rodoviária submergiu completamente no oceano.

As lentes da Maxar mostram que, pelo menos até a quarta-feira (12), uma extensa fila de caminhões e veículos aguardava, ainda no continente, a volta da circulação na ponte. Um serviço de balsas foi acionado para escoar o tráfego ocasionado pela interrupção no trânsito da ponte.

Kiev não reivindicou a autoria da ação, mas diversas autoridades desfilaram satisfação ao postar a imagem da ponte em chamas nas redes sociais. O Serviço Federal de Segurança da Rússia (FSB), principal herdeiro da KGB soviética, afirmou que deteve cinco cidadãos russos e três da Ucrânia e da Armênia pelo crime.

A explosão da ponte motivou um massivo contra-ataque russo. Na segunda (10), ao menos 84 mísseis atingiram alvos em 11 dos principais centros urbanos do país, como Kiev, Kharkiv e Lviv, de acordo com o Exército ucraniano --foi o mais amplo bombardeio a cidades do país invadido desde o início da guerra. A capital registrou ao menos quatro explosões, e 19 pessoas morreram.

Moscou assumiu a autoria dos disparos, mas nega ter mirado estruturas civis e alega que atingiu apenas alvos estratégicos.

Um desses ataques russos foi captado pelas lentes da Maxar. Nas imagens, é possível ver fumaça saindo da estrutura da estação termelétrica Tets-5, às margens do rio Dnipro, que corta Kiev. Uma sede da empresa Samsung localizada ao lado da geradora de energia também foi danificada.

A empresa aeroespacial havia registrado no mês passado o êxodo de milhares de russos após o anúncio de uma mobilização parcial para a guerra. Então, imagens de satélite exibiam grandes filas de carros nos postos da fronteira da Rússia com a Geórgia e a Mongólia.


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