SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O presidente da Rússia, Vladimir Putin, não irá à reunião do G20 na semana que vem em Bali, na Indonésia. A decisão, confirmada pela embaixada russa no país asiático, busca evitar que o líder seja confrontado por autoridades ocidentais em relação à Guerra na Ucrânia, que se prolonga por mais de oito meses.

A cúpula terá a presença do presidente americano, Joe Biden, e do líder chinês, Xi Jinping, e havia a expectativa de que, em meio ao conflito na Ucrânia, as delegações conversassem entre si e com a russa.

Putin deverá participar virtualmente de uma das reuniões. Presencialmente, ele será representado pelo ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, que em julho abandonou encontro do mesmo G20 após ter sido ignorado por parte dos políticos presentes no evento.

A decisão encerra suspense sobre a participação de Putin no evento, que acontecerá nos dias 15 e 16. Na terça (8), o porta-voz do Kremlin Dmitri Peskov disse que o presidente russo iria a Bali "se as circunstâncias permitissem". A fala foi considerada um aceno à Casa Branca após reportagem do jornal The Washington Post relatar que os americanos estariam pressionando Kiev a negociar com Moscou.

Antes, Biden chamou Putin de "criminoso de guerra" e disse que não tinha a intenção de encontrá-lo em Bali. Já o presidente da Indonésia, Joko Widodo, resistiu a pressões e se recusou a retirar o convite feito ao líder russo, buscando manter a posição de neutralidade de seu país em relação ao conflito.

Ao britânico Financial Times, Widodo disse que a Rússia seria bem-vinda. Segundo ele, a cúpula não pretende ser um fórum político e tem como objetivo discutir "a economia e o desenvolvimento". Ainda que a Ucrânia não faça parte do G20, o presidente Volodimir Zelenski também foi convidado, mas disse que não participaria caso o homólogo russo confirmasse presença.

A decisão de Putin de não ir ao encontro foi anunciada após uma das mais simbólicas derrotas de Moscou em seus quase nove meses de campanha militar contra a Ucrânia. Nesta quarta (9), a Rússia determinou a retirada de suas forças militares de Kherson, a capital da província homônima que havia sido anexada pelo governo de Putin em 30 de setembro.

A cidade havia sido conquistada em 2 de março, logo no começo da guerra, e foi a mais importante ocupada até aqui pelos russos.

A retirada russa dispara um alarme entre ucranianos sobre o risco de Putin empregar uma arma nuclear tática, de baixa potência, contra as tropas de Kiev na região. Mas o fato de que Kherson permanece habitada parece dificultar tal hipótese.

Com a retirada, Moscou em tese terá mais capacidade de defender o restante de Kherson. Cerca de 80 mil dos 320 mil reservistas convocados para reforçar as tropas russas foram deslocados para as áreas ao sul e ao leste da Ucrânia.


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