SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O papa Francisco pediu nesta quarta-feira (14) que as pessoas gastem menos com celebrações e presentes de Natal e que enviem mais doações à população da Ucrânia, para ajudar a lidar com a fome e com o frio do inverno que se aproxima do país em guerra com a Rússia.

"É lindo celebrar o Natal, mas vamos baixar o nível de gastos. Vamos ter um Natal mais humilde, com presentes mais humildes, e enviar o que economizarmos para o povo ucraniano", disse o pontífice, que tem feito apelos por Kiev em quase todos os eventos públicos desde o início da guerra, em fevereiro.

"Eles estão sofrendo muito, estão passando fome, sentem frio, e muitos estão morrendo porque não há médicos e enfermeiros suficientes disponíveis", acrescentou o líder católico. "Não vamos esquecer. Natal, sim. Em paz com o Senhor, sim. Mas com os ucranianos em nossos corações. Façamos este gesto concreto por eles."

Na semana passada, Francisco chorou ao falar da Guerra da Ucrânia e se referiu ao país como uma nação martirizada. Na ocasião, a voz do papa começou a ficar trêmula quando ele mencionou o povo ucraniano. Depois de alguns segundos de silêncio, o pontífice retomou a fala com a voz embargada e precisou interromper a leitura que fazia.

A aproximação do inverno no hemisfério Norte preocupa particularmente a Ucrânia. Nos últimos meses, a Rússia focou a infraestrutura civil do país, o que comprometeu seriamente a distribuição de energia elétrica e, como consequência, a subsistência do povo ucraniano.

O papa Francisco tem feito críticas ora veladas, ora explícitas à Rússia. Em setembro, ele exortou a Ucrânia a se abrir ao diálogo em busca de uma negociação de paz, mas disse que considerava "moralmente aceitável" a doação de armas de países do Ocidente a Kiev.

"A autodefesa é não só lícita como uma expressão de amor pela terra natal. Alguém que não defende a si, que não defende alguma coisa, não ama essa coisa. Quem a defende, a ama", disse Francisco, na ocasião.

Mais recentemente, o papa provocou reações nervosas da Rússia ao fazer um comentário considerado racista contra as forças que lutam do lado russo do conflito. Em entrevista à principal revista jesuíta dos EUA, America, disse que os soldados não cristãos a serviço de Moscou são mais cruéis em combate do que os aderentes da fé ortodoxa majoritária do país de Vladimir Putin.

Francisco também já fez críticas diretas ao Ocidente ao insinuar que a Guerra da Ucrânia teria sido provocada de alguma forma. Na ocasião, em junho, atribuiu a um chefe de Estado não identificado a informação de que a Otan, aliança militar liderada pelos EUA, estaria "latindo nos portões da Rússia".


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