SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, foi reconduzido nesta segunda-feira (19) à liderança de seu partido, o Congresso Nacional Africano (CNA), coroando uma volta por cima depois que o político de 70 anos se viu envolvido em um escândalo envolvendo dinheiro vivo encontrado em uma de suas propriedades .

A legenda reelegeu Ramaphosa como líder com cerca de 57% dos votos dos delegados, contra 43% obtidos pelo seu único adversário, o ex-ministro da Saúde Zweli Mkhize, 66.

O congresso do CNA também elegeu uma cúpula partidária mais alinhada a Ramaphosa do que aquela que havia sido escolhida na última reunião da legenda, em 2017.

Ainda assim, a votação expressiva de Mkhize e as vaias registradas contra Ramaphosa na abertura do congresso do CNA na última sexta-feira (16) em Joanesburgo indicam que o presidente ainda enfrenta alguma dissidência interna.

Sipho Mthembu, líder do CNA na província de Gauteng, afirmou à agência de notícias AFP que estava "muito desapontado" com o resultado. "Todos nós sabemos que muitas coisas ruins aconteceram sob Ramaphosa e a imagem do CNA foi comprometida", disse.

Siphiwe Mazibuko, delegada da província de KwaZulu-Natal, fez apelos pela unidade partidária após a votação. "Zweli Mkhize era a minha preferência, mas aceitamos o resultado. Agora que terminou, o partido precisa se unir", disse Mazibuko à agência de notícias Reuters.

A liderança do presidente foi posta em xeque em junho, quando um ex-oficial de inteligência moveu uma ação contra Ramaphosa, acusando-o de omitir um assalto a uma de suas propriedades rurais onde ele supostamente escondia US$ 508 mil em dinheiro vivo dentro de um sofá.

Ramaphosa sempre negou irregularidades, alegando que o dinheiro era procedente da venda legítima de animais de sua fazenda. O presidente não chegou a ser indiciado pelo episódio e, portanto, não deve nada à Justiça.

O CNA cerrou fileiras atrás do presidente e o salvou de um processo de impeachment na semana passada no Parlamento. Ainda assim, cinco congressistas da legenda votaram a favor do impeachment, sinalizando as dissidências internas do partido.

Agora, Ramaphosa terá como desafio reafirmar sua liderança sobre o CNA se quiser ser reeleito para um segundo mandato à frente do país nas eleições gerais de 2024.

Embora se mantenha popular, o CNA, partido de Nelson Mandela e que está no poder desde o fim do regime de apartheid, em 1994, teve a sua imagem manchada por sucessivos escândalos de corrupção nos últimos anos.

O antecessor de Ramaphosa, Jacob Zuma, cumpre pena de 15 meses de prisão por ignorar uma ordem para testemunhar em um inquérito que investiga corrupção generalizada durante seus nove anos no poder.

A prisão de Zuma desencadeou uma onda de protestos e saques no país que deixou mais de 300 mortos em julho de 2021. O ex-presidente chegou a deixar a prisão para cumprir a pena em liberdade condicional por razões médicas, mas um tribunal ordenou em novembro que o político voltasse para a cadeia.


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