BAURU, SP (FOLHAPRESS) - Pressionada nas ruas, a presidente do Peru, Dina Boluarte, repassou ao Congresso a pressão para que seja aprovada a antecipação das eleições presidenciais. Em pronunciamento nesta sexta-feira (27), ela pediu que os parlamentares escolham "data e hora" para o pleito -em apoio sutil e não muito entusiasmado à proposta de convocar a nova votação para dezembro de 2023.
Em circunstâncias normais, as eleições peruanas deveriam ocorrer em julho de 2016. Mas a espiral de crises e instabilidades deixa o país longe da normalidade há tempos.
Há pouco mais de mês, o Congresso aprovou em primeira votação a antecipação para abril de 2024. "Porém, os protestos continuam, há mais bloqueios e violência", reconheceu Dina nesta sexta, em referência à onda de manifestações que já deixou mais de 50 mortos e rendeu à presidente acusações de genocídio e um pedido de destituição, ainda que em fase embrionária.
A segunda votação da proposta anterior está marcada também para esta sexta, mas outros grupos parlamentares apresentaram projetos substitutivos com novos cronogramas. "Se [os partidos] Força Popular e Aliança para o Progresso estão pedindo o que já haviam apresentado, [um adiantamento das eleições para 2023], que essa proposta seja retomada nesse sentido, que não tem nenhum condicionamento e nos tirará desse atoleiro onde estamos", argumentou Dina.
"Que as eleições sejam antecipadas para a data e a hora que o Congresso disser. Nós, do Executivo, convocaremos essas eleições. Ninguém tem interesse em se agarrar ao poder", prosseguiu a presidente. "E eu não tenho interesse em continuar na Presidência. Se estou aqui é porque assumi minha responsabilidade constitucional, e estaremos aqui até que o Congresso defina o dia das eleições."
Na quinta (26), um grupo de parlamentares aliados ao ex-presidente Pedro Castillo, retirado do cargo após fracassar em uma tentativa de golpe de Estado, apresentaram uma moção para destituir Dina, acusando-a de "incapacidade moral permanente".
Cresce, ainda, a pressão internacional, com líderes como os presidentes do Chile, Gabriel Boric, e da Colômbia, Gustavo Petro, utilizando a Cúpula da Celac em Buenos Aires, na Argentina, para pedir o fim da violência política após mais de 50 pessoas morrerem nos protestos no Peru.
Em entrevista à Folha de S.Paulo, o embaixador do Peru no Brasil, Rómulo Acurio, fez coro à defesa de que antecipar as eleições seria a melhor saída para a crise. "O Peru precisa do apoio da comunidade internacional e dos países vizinhos para avançar em direção a essa única saída democrática e viável: eleições gerais o mais cedo possível."
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