RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - O departamento de polícia de Memphis encerrou neste sábado (28) as atividades da unidade responsável pela morte de Tyre Nichols, homem negro de 29 anos que morreu após ser espancado no dia 7 de janeiro em Memphis, nos EUA. O caso tem gerado diversos protestos no país contra o racismo e a violência policial.
Em um comunicado, a corporação afirmou que decidiu desativar permanentemente a unidade especializada depois que o chefe de polícia conversou com membros da família de Nichols, líderes comunitários e com outros policiais.
A unidade foi formada em 2021 para combater crimes de rua. Críticos, porém, dizem que a equipe era propensa a abordagens abusivas.
Gravações de câmeras corporais da polícia e de uma câmera instalada em um poste mostram Nichols chamando pela mãe enquanto policiais chutavam, socavam e batiam nele com um cassetete.
As agressões aconteceram no bairro em que a mãe do jovem mora depois que ele foi abordado dentro de seu carro. Nichols foi hospitalizado e morreu três dias depois.
Os vídeos foram divulgados na sexta (27) e provocaram protestos pelo país, levando várias cidades a se prepararem para outras manifestações ao longo deste sábado. Os protestos até agora foram pacíficas.
O presidente dos EUA, Joe Biden, manifestou indignação e disse ter ficado "profundamente dolorido" ao ver as gravações que registraram as agressões. O democrata descreveu a conduta dos policiais de ultrajante.
"Como muitos, fiquei indignado e profundamente triste ao ver o vídeo horrível do espancamento que resultou na morte de Nichols", disse Biden, em comunicado, no qual voltou a cobrar do Congresso a aprovação da lei nomeada em homenagem a George Floyd, que prevê uma série de reformas policiais e ficou travada no Senado.
Cinco policiais envolvidos no espancamento, todos negros, foram indiciados na quinta-feira (26) por homicídio, agressão, sequestro e outros crimes. Todos foram demitidos do departamento.
Neste sábado, os manifestantes gritavam palavras de ordem contra a brutalidade policial. Quando souberam da dissolução da unidade policial, disseram palavras de ordem em sinal de comemoração.
Os quatro vídeos divulgados mostram a polícia espancando Nichols, embora ele não aparente representar ameaça. Inicialmente, ele teria sido parado por direção imprudente. Apesar disso, o chefe de polícia disse que a causa da abordagem não foi comprovada.
Amigos e familiares dizem que Nichols era um skatista talentoso que cresceu em Sacramento, Califórnia, e se mudou para Memphis antes de a pandemia começar. Pai de uma criança de 4 anos, ele trabalhava na FedEx e estava matriculado em um curso de fotografia.
"Ele gostava do que gostava e seguia a vida no seu próprio ritmo", disse Nate Spates Jr., 42, amigo de Nichols. Ele lembra que o jovem ia a um parque para assistir ao pôr do sol quando não estava trabalhando no turno da noite.
A morte de Nichols está sendo comparada ao assassinato de George Floyd, em 2020. Ele também era um homem negro que morreu após um oficial branco de Minneapolis se ajoelhar em seu pescoço por mais de 9 minutos. O incidente gerou protestos em todo o mundo contra o racismo e a brutalidade policial.
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