SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O papa Francisco aceitou nesta segunda-feira (30) a renúncia do influente cardeal canadense Marc Ouellet, que por uma década foi responsável pelos bispos de todo o mundo, após ele ter sido acusado de abusar sexualmente de fiéis.
A justificativa apresentada pelo Vaticano foi que o religioso de 78 anos atingiu o limite da idade para a aposentadoria. Prefeito da Congregação para os Bispos e presidente da Pontifícia Comissão para a América Latina, Ouellet será substituído pelo monsenhor americano Robert Francis Prevost, atual bispo de Chiclayo, no Peru --a posse está prevista para abril.
O canadense teve a reputação abalada em agosto passado, quando ele foi acusado de ter "tocado indevidamente" uma mulher de 23 anos que fazia estágio como agente pastoral, entre 2008 e 2010. À época, o religioso era arcebispo de Québec, no Canadá.
A mulher, identificada apenas pela letra F, contou em um programa investigativo da Radio-Canada, que o cardeal a beijou e deslizou a mão pelas costas dela até tocar suas nádegas. Durante o encontro, o canadense teria dito a ela que era a segunda vez que eles se viam na semana e que, por isso, poderia beijá-la novamente. "Isso me deixou muito desconfortável", disse.
Em outra ocasião, o canadense teria segurado a mulher contra seu corpo e massageado seus ombros e suas costas "até o ponto onde as nádegas começam". Os relatos da vítima também foram transcritos pela Canadian Radio Broadcasting Commission (CBC).
Ouellet nega veementemente as acusações e afirma ser alvo de uma ação difamatória. Ele também se colocou à disposição da Justiça e disse que está disposto a participar de um julgamento "para que sua inocência seja provada".
Em um primeiro momento, o papa Francisco considerou que a acusação não tinha elementos suficientes para que fosse aberta uma investigação canônica, e o cardeal permaneceu no cargo. Nesta segunda, porém, veio à tona a existência de uma segunda denúncia contra o canadense, apresentada em 2020 por outra mulher. Pouco depois, a renúncia de Ouellet foi divulgada.
O cardeal canadense foi considerado um dos maiores críticos do papa Francisco. Ele foi contra a ordenação de mulheres ao sacerdócio e sempre defendeu os posicionamentos mais conservadoras da Igreja Católica sobre o casamento homoafetivo, o aborto e outros temas sensíveis.
Influente, Ouellet foi apontado como um dos favoritos no último conclave, em 2013, no qual o então cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio foi eleito papa. Ele também era aventado como um dos possíveis sucessores de Francisco.
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