SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a falar nesta quinta-feira (2) sobre sua proposta de criar um fórum de países dispostos a negociar um acordo de paz para encerrar a Guerra da Ucrânia, que completa um ano no próximo dia 24.
"Quero fazer uma proposta de um grupo de países que não têm nada a ver com a guerra e pode ter facilidade de conversar com os presidentes da Ucrânia e da Rússia", disse o petista, em referência a seus respectivos homólogos, Volodimir Zelenski e Vladimir Putin.
Lula comentou ainda o papel de lideranças europeias no conflito. "A União Europeia, mesmo sem querer, está dentro da guerra. Ninguém precisa ser derrotado. A humanidade ganha com a paz."
Os comentários do presidente foram feitos durante entrevista à emissora RedeTV! e republicados em seu perfil nas redes sociais. Ocorrem ainda no mesmo dia em que líderes da UE visitaram Kiev para reafirmar o apoio ao país invadido e renovar os pacotes de sanções contra Moscou.
Esta é a segunda vez nesta semana que Lula propõe uma participação mais ativa do Brasil em busca de negociações de paz na Ucrânia. Na segunda-feira (30), o presidente recebeu o primeiro-ministro da Alemanha, Olaf Scholz, em Brasília e, entre outros assuntos da diplomacia brasileira, falou sobre a possível criação de um fórum contra a guerra -"um clube das pessoas que vão querer construir a paz no planeta"- alegando que os esforços internacionais nesse sentido até o momento foram infrutíferos.
Na ocasião, o petista também disse que não tem interesse em enviar munições à Ucrânia porque não quer ter qualquer participação no conflito, mesmo que indireta. A posição de Lula foi antecipada pela Folha de S.Paulo, que revelou que o líder brasileiro vetou o envio de munição de tanques à Alemanha, que seria a intermediadora, para não provocar a Rússia e não abalar sua posição de neutralidade.
Ainda nesta quinta, Lula mencionou alguns dos temas que estão na pauta de seu encontro com o presidente dos EUA, Joe Biden, na próxima semana. "Quero discutir com Biden a relação comercial Brasil e EUA e a questão climática. Precisamos ter uma governança mundial mais forte, para que as decisões dos fóruns mundiais sobre mudanças climáticas sejam implementadas", disse o petista.
O encontro nos EUA será a terceira viagem internacional de Lula desde que assumiu a Presidência. A primeira foi à Argentina, onde se encontrou com seu aliado, o presidente Alberto Fernández, e participou da Cúpula da Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos). Depois, o petista foi ao Uruguai e esteve com o presidente Luis Lacalle Pou, elencando como prioridade a assinatura de um acordo do Mercosul com a União Europeia.
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