SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O Pentágono informou na noite desta sexta-feira (3) que um segundo balão de alta altitude da China foi detectado sobrevoando a América Latina. Não se sabe sobre qual país o objeto está localizado.
"Avaliamos que é outro balão de vigilância chinês", disse à CNN americana o porta-voz do Departamento de Defesa, Pat Ryder, acrescentando que o artefato não parecia se dirigir aos EUA.
Mais cedo, a descoberta do primeiro balão, no espaço aéreo americano, aumentou as tensões entre os EUA e a China. Washington afirma que o objeto seria um instrumento de espionagem, enquanto Pequim diz ser um equipamento de pesquisas, sobretudo meteorológicas, que saiu da rota.
O anúncio levou o governo dos EUA a adiar a visita que o chefe da diplomacia americana, o secretário de Estado, Antony Blinken, faria a Pequim. Ele deveria se encontrar com o líder do regime chinês, Xi Jinping, numa tentativa de avançar no apaziguamento das tensões entre as duas maiores potências mundiais.
O primeiro balão foi avistado pela primeira vez no Alasca, antes de passar pelo Canadá e entrar outra vez no espaço aéreo americano. Na quarta, o objeto sobrevoou Billings, no estado de Montana, onde fica uma base militar com silos de mísseis balísticos intercontinentais. Washington decidiu não derrubar o balão sob o argumento de que o item tem capacidade limitada de coleta de informações e seus destroços poderiam cair sobre áreas civis. O artefato teria o tamanho de três ônibus.
Pequim tentou esfriar a situação ao dizer que o balão era um veículo para pesquisas que se desviou de seu trajeto inicial em razão de ventos. Segundo o serviço de previsão meteorológica AccuWeather, o objeto está a caminho do oceano Atlântico e deve sair do espaço aéreo americano na noite deste sábado (4).
O clima entre EUA e China já era de tensão antes mesmo da revelação do artefato. Na quinta, o secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, anunciou em Manila um acordo para que os americanos possam usar mais quatro bases militares nas Filipinas, expandindo a presença no mar do Sul da China, região reivindicada por Pequim.
Outro ponto de tensão é o plano do novo presidente da Câmara dos EUA, o republicano Kevin McCarthy, de visitar Taiwan ainda neste ano, repetindo gesto de agosto do ano passado de sua antecessora democrata, Nancy Pelosi, o que intensificou a crise nas relações entre os dois países.
Na semana passada, um documento havia sido estrategicamente vazado com a previsão de uma guerra entre as duas potências, feita pelo general Mike Minihan, chefe do Comando de Mobilidade Aérea dos EUA e secundado pelo deputado Michael McCaul, presidente do Comitê de Assuntos Exteriores da Câmara.
Autoridades de defesa dos EUA afirmam que não é a primeira vez que balões deste tipo são avistados no país, mas que dessa vez o tempo de permanência do objeto é mais longo que em outras oportunidades. Esse tipo de instrumento foi bastante utilizado durante a Guerra Fria pela União Soviética e pelos próprios americanos, que tentavam monitorar testes nucleares dos soviéticos principalmente na década de 1950.
O caso gerou críticas de políticos republicanos. McCarthy, o presidente da Câmara, definiu o balão como um exemplo da "afronta descarada da China sobre a soberania americana", argumento ecoado por outros congressistas da mesma legenda. Ele afirmou que pediria a realização de um briefing de segurança nacional sobre a situação para um grupo seleto de membros das duas Casas.
O presidente do Comitê de Relações Exteriores da Câmara, Michael McCaul, também do Partido Republicano, disse que o balão nunca deveria ter sido permitido no espaço aéreo americano e que o artefato poderia ter sido abatido sobre a água. "Peço ao governo Biden que tome medidas rápidas para remover o balão chinês do espaço aéreo dos EUA", disse em comunicado.
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