SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Taiwan anunciou nesta terça-feira (21) que pretende fortalecer sua cooperação militar com os Estados Unidos e outras nações democráticas parceiras para confrontar o "expansionismo autoritário" da China.

A declaração foi feita pela presidente da ilha, Tsai Ing-wen, durante uma visita de um grupo de congressistas americanos a Taipé. O secretário-adjunto da Defesa dos EUA, Michael Chase, havia aterrissado no território cinco dias antes --não se sabe se ele ainda estava no local.

O anúncio se dá em meio a uma nova crise diplomática entre EUA e China, iniciada após o Pentágono divulgar a descoberta de um balão chinês sobrevoando o território americano no início do mês. Washington afirma que o objeto seria um instrumento de espionagem, enquanto Pequim insiste que o balão é um equipamento de pesquisas, sobretudo meteorológicas.

Tsai não deu detalhes sobre o tipo de intercâmbio militar a que se referia, dizendo apenas que é hora de "explorar mais possibilidades de cooperação" entre a ilha e os americanos. "Juntos podemos continuar protegendo os valores da democracia e da liberdade", afirmou.

Wang Wenbin, porta-voz da chancelaria chinesa, descreveu a fala da líder taiwanesa como uma "provocação", e advertiu que "qualquer conspiração separatista inútil ou plano que se apoie em forças estrangeiras para minar as relações entre os dois lados do estreito serão contraproducentes e necessariamente mal-sucedidos".

Taipé "não pode reverter a tendência inevitável de se reunificar com a China", completou Wang durante um encontro regular com a imprensa.

Como a maior parte dos países, Washington não mantêm laços diplomáticos com Taipé, considerada por Pequim uma província rebelde e parte inalienável de seu território. A ilha viveu sob influência chinesa até 1949, quando os nacionalistas derrotados pelos comunistas durante a Guerra Civil no país fugiram para o local e ali forjaram um governo capitalista.

Ainda assim, os americanos continuam sendo o maior aliado estrangeiro de Taiwan --além de seu principal fornecedor de armas. As duas administrações vêm se aproximando recentemente, período em que o regime chinês passou a pressionar a ilha para aceitar o domínio do continente sobre o seu território.

Essa aproximação tem sido uma fonte constante de tensão nas relações sino-americanas --já bastante abaladas nos últimos anos por fatores que vão do cerco comercial dos EUA a empresas de tecnologia chinesas à expansão militar americana no Sudeste Asiático.

As rusgas se intensificaram com a visita de Nancy Pelosi, então presidente da Câmara dos Representantes dos EUA e mais alta autoridade do país a viajar à ilha em 25 anos, em agosto passado. A China respondeu à visita realizando o seu maior exercício militar no estreito que a separa de Taiwan da história.


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