SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O ex-secretário de Segurança do México Genaro García Luna foi considerado culpado nesta terça-feira (21) por um júri de Nova York por acusações de tráfico de drogas que podem levá-lo à prisão perpétua. Ele se declara inocente.

Os doze membros do júri consideraram García Luna culpado de enviar toneladas de cocaína do México para os Estados Unidos quando era secretário da Segurança, entre 2006 e 2012 -uma das responsabilidades de seu cargo no governo era combater o tráfico de drogas.

Os crimes imputados são participação em empreendimento criminoso, formação de quadrilha para distribuição, posse e importação de cocaína e falsificação de documentos.

Sua mulher, Cristina Pereyra, e seus dois filhos estavam presentes na hora do veredito, que veio após três dias de deliberações. O julgamento se estendeu por quase quatro semanas no Tribunal Federal do Brooklyn.

García Luna, o ex-funcionário mexicano de mais alto escalão sentado num banco de justiça dos EUA, foi acusado de proteger o cartel de Sinaloa, de Joaquín "El Chapo" Guzmán, em troca de subornos de milhões de dólares para enviar drogas para os Estados Unidos.

A promotoria o acusa de ter ajudado a introduzir cerca de 53 toneladas de cocaína nos EUA. Garcia Luna, disse a procuradora Saritha Komatireddy, "usou sua posição oficial no governo para ganhar milhões de dólares para si mesmo das pessoas que deveria processar".

Para o Ministério Público, este engenheiro mecânico de 54 anos era um "parceiro criminoso" do cartel de Sinaloa, enquanto para a defesa era a "cara da guerra" que travou contra o narcotráfico no governo de Felipe Calderón (2006-2012).

García Luna trabalhou em estreita colaboração com as agências antinarcóticos e de inteligência dos EUA como parte da repressão aos cartéis do ex-presidente Felipe Calderon. Ele se mudou para os Estados Unidos após deixar o cargo e foi preso no Texas em 2019.

Várias das testemunhas, ex-membros proeminentes do cartel de Sinaloa, como Jesús "Rey" Zambada, Sergio Villarreal "El Grande" ou Óscar "Lobo" Valencia -que colaboram com o sistema de justiça dos Estados Unidos em troca de sentenças reduzidas-, garantiram durante o julgamento que haviam pagado milhões de dólares ao réu.

Sem a colaboração do mais alto escalão do governo mexicano, a operação multimilionária do cartel, que utilizava trens, aviões, navios, contêineres ou submarinos para importar toneladas de drogas da América do Sul por meio de aeroportos -principalmente o da Cidade do México-, portos ou rodovias com destino final aos Estados Unidos, "teria sido impossível de realizar", afirmou a procuradora.

A defesa tentou desqualificar a fiabilidade de muitas testemunhas por se beneficiaram de redução de penas em troca de colaboração com a Justiça. Também tentou convencer o júri de que não há provas de que o ex-secretário tenha recebido dinheiro.

Cesar de Castro, advogado de defesa, retratou Garcia Luna como um homem de família trabalhador e disse aos jurados em seu argumento final que os acusadores de seu cliente tinham "motivos incríveis para mentir".

Jesus Ramirez, porta-voz do atual presidente mexicano Andrés Manuel Lopez Obrador, disse em um tweet: "A justiça chegou para o ex-escudeiro de Felipe Calderon. Os crimes contra nosso povo nunca serão esquecidos".

Após a prisão de Garcia Luna, Calderon expressou profundo choque e disse que não sabia o que seu ex-secretário da Segurança teria feito.

El Chapo foi condenado à prisão perpétua em 2019 após sua condenação no Brooklyn por tráfico de drogas e acusações de conspiração para assassinato. Ele está detido em uma prisão de máxima segurança no Colorado.


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