BELO HORIZONTE, MG (FOLHAPRESS) - O ministro de Petróleo da Venezuela, Tareck El Aissami, anunciou que renunciaria ao cargo nesta segunda (20), após a abertura de nova investigação de corrupção envolvendo a estatal Petróleos de Venezuela (PDVSA). Pelo menos sete pessoas já foram presas pela operação, de acordo com a mídia venezuelana ligada ao regime de Nicolás Maduro.

"Diante das investigações iniciadas sobre graves ocorrências de corrupção na PDVSA, tomo a decisão de apresentar minha renúncia ao cargo de ministro do Petróleo, com o intuito de apoiar, acompanhar e apoiar totalmente este processo", publicou El Aissami no Twitter.

Segundo fontes familiarizadas com o processo, a Polícia Nacional Anticorrupção venezuelana prendeu neste domingo (19) o Superintendente Nacional de Criptoativos da Venezuela (SUNACRIP), Joselit Ramírez, o vice-presidente de Comércio e Abastecimento de Qualidade da PDVSA, coronel Antonio Pérez Suárez, e o coronel Samuel Testamarck, gerente geral do braço marítimo da PDVSA, a PDV Marina.

Além desses, teriam sido presos o deputado Hugbel Roa, os juízes José Marquez Garcia e Cristóbal Cornieles, este último presidente do circuito penal de Caracas, e Pedro Hernandez, prefeito de Las Tejerias.

No domingo, a promotoria disse que está investigando crimes em diferentes ramos do regime e ligados a "setores estratégicos", sem dar mais detalhes. A PDVSA não respondeu imediatamente aos pedidos de comentários da agência de notícias Reuters.

Fontes relataram que as prisões, maior operação recente ligada à suposta corrupção da PDVSA, estão ligadas a uma investigação sobre cargas de petróleo que deixaram o país sem o devido pagamento à empresa. Outros executivos foram suspensos de seus cargos.

El Aissami, que está no cargo desde abril de 2020, também anunciou seu apoio a uma nova "cruzada" do regime contra a corrupção, que se estendeu ao judiciário e parlamentares.

A PDVSA sofreu graves perdas financeiras no ano passado. Os calotes sucessivos motivaram o novo chefe da estatal, Pedro Tellechea, que assumiu o cargo em janeiro, a abrir uma auditoria e suspender os contratos de fornecimento de petróleo.

A indústria petrolífera da Venezuela ainda tem sido alvo de diversas investigações de corrupção, que terminaram com a prisão de dezenas de funcionários da PDVSA e de dois ministros do Petróleo, Eulogio Del Pino e Nelson Martínez, que morreu sob custódia do Estado.

No ano passado, o regime venezuelano denunciou uma "megafraude" de US$ 4,85 bilhões (cerca de R$ 25,4 bilhões) na PDVSA e responsabilizou o ex-ministro Rafael Ramírez, que ocupou o cargo de 2002 a 2014. Ramírez, que está foragido no exterior, era próximo ao falecido ditador Hugo Chávez e havia rompido com o seu sucessor, Nicolás Maduro.

A prisão de funcionários do regime por corrupção é rara na Venezuela. Grupos de direitos humanos que analisam a situação no país dizem faltar transparência nas investigações.


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