SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, disse nesta segunda-feira (10) que desistiu de demitir o ministro da Defesa, Yoav Gallant, devido à crise de segurança no país.
Os dois resolveram seu desacordo, segundo o primeiro-ministro -no mês passado, Gallant pediu publicamente pela interrupção da controversa reforma judicial que levou milhares de israelenses às ruas em protestos, o que causou a demissão que nunca ocorreu de fato. "Decidi deixar nossas diferenças para trás", disse Netanyahu em entrevista coletiva. Ele afirmou que os dois trabalharam juntos nas últimas duas semanas.
Quando anunciou a demissão, na última semana de março, Bibi, como é conhecido o premiê, enfrentou críticas da oposição e de atores internacionais, além de novas manifestações nas ruas. Israelenses descontentes com a medida bloquearam a principal rodovia da capital Tel Aviv e foram à casa dele, em Jerusalém.
No mesmo dia, Asaf Zamir, cônsul-geral de Israel em Nova York, renunciou ao cargo. "Acredito que é meu dever garantir que Israel continue sendo um farol da democracia e da liberdade no mundo", disse em carta -especialistas afirmam que a reforma judicial de Bibi é um instrumento para minar a independência do Judiciário e corroer a democracia. Após semanas de manifestações, o governo adiou o trâmite da reforma em março.
O recuo da demissão acontece em um momento de crise interna e de escalada da violência entre israelenses e palestinos. Na última semana -na véspera do Pessach, a Páscoa judaica, e em meio às celebrações do Ramadã muçulmano-, a polícia de Israel invadiu a mesquita de Al-Aqsa, em Jerusalém, e entrou em confronto com centenas de palestinos que passavam a noite no local.
Dias depois, um homem jogou o carro contra turistas em Tel Aviv, matando um deles e ferindo outros sete, e um ataque a tiros deixou duas irmãs israelenses e sua mãe mortas na Cisjordânia ocupada. Após os episódios, o Exército de Israel convocou reservistas para reforçar as tropas do país, escancarando, mais uma vez, o aumento das tensões entre Israel e Palestina.
Netanyahu aproveitou a entrevista para colocar a onda de ataques na conta do governo anterior e dos protestos massivos. Segundo o jornal Times of Israel, ele afirmou que o contexto de violência não é novidade, e que os ataques terroristas aumentaram sob o governo anterior.
"Eu digo a vocês esta noite, povo de Israel, que repeliremos essas ameaças e derrotaremos nossos inimigos. Já fizemos isso no passado e faremos de novo", afirmou. "Vamos restabelecer a dissuasão e consertar os danos que herdamos."
Ele também culpou o líder da oposição, Yair Lapid, que costuma alertar para um colapso nacional caso o premiê siga em frente com a reforma. "Nossos inimigos veem isso, ouvem isso, e acreditam que podem nos enfrentar, com o terror combinado do Líbano, da Síria e de Gaza", afirmou Bibi.
O premiê enfrenta ainda um cenário eleitoral pouco favorável. No domingo (9), uma pesquisa de opinião do Canal 13 News de Israel mostrou que o partido Likud, de Netanyahu, perderia mais de um terço de suas cadeiras se uma eleição fosse realizada agora, e o premiê não conseguiria obter a maioria dos votos com seus parceiros de coalizão de extrema direita. "Não estou perturbado com a votação", disse Netanyahu a repórteres.
O primeiro-ministro afirmou ainda que as relações com os Estados Unidos, tensas devido à reforma judicial, permanecem "estreitas", e que os dois países cooperam em questões de segurança e inteligência.
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