SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O líder da China, Xi Jinping, pediu às Forças Armadas de seu país nesta quarta-feira (12) para reforçar o treinamento militar "orientado para o combate real". A instrução foi dada após três dias de exercícios militares para pressionar Taiwan ?nação que Pequim considera uma província rebelde não incorporada ao território chinês desde o fim da guerra civil, em 1949.

Os primeiros comentários públicos de Xi desde o início dos exercícios foram transmitidos pela emissora estatal CCTV. Na véspera, durante visita a uma base naval no sul, o líder disse, sem citar Taiwan diretamente, que o exército deve "defender com determinação a soberania territorial e os interesses marítimos da China, além de se esforçar para proteger a estabilidade periférica em geral".

A tensão dos últimos dias se deve ao encontro da semana passada entre a presidente taiwanesa, Tsai Ing-wen, e o presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Kevin McCarthy ?reunião considerada uma provocação por Pequim. Os testes militares, uma resposta ao encontro, terminaram na segunda-feira (10) e mobilizaram navios de guerra, lançadores de mísseis e caças.

Mesmo após a interrupção dos exercícios intensivos, militares da ilha continuam em alerta máximo com a continuidade dos testes do exército chinês, segundo o South China Morning Post. De acordo com o jornal, o Ministério da Defesa de Taiwan afirma que pelo menos 35 aviões de guerra da China foram detectados operando ao redor da ilha desde segunda, assim como oito navios de guerra do país vizinho.

"As forças armadas [taiwanesas] monitoraram a situação e direcionaram aeronaves de patrulha aérea, navios da marinha e sistemas de mísseis baseados em terra para responder a essas atividades", disse a pasta em comunicado.

À agência de notícias Reuters, quatro fontes com conhecimento do assunto disseram que a China planeja fechar o espaço aéreo ao norte de Taiwan de 16 a 18 de abril ?medida que afetaria de 60% a 70% dos voos entre o nordeste e o sudeste da Ásia, assim como voos entre Taiwan e Coreia do Sul, Japão e América do Norte, de acordo com um funcionário. O Ministério da Defesa de Taiwan afirmou que está verificando a informação e que as restrições relatadas podem estar relacionadas a atividades espaciais, incluindo lançamentos de satélites.

Segundo o jornal britânico The Guardian, o Ministério dos Transportes de Taiwan disse que Taipei se opôs aos planos chineses e que o fechamento teria sido reduzido a um curto período no próximo domingo (16) ?27 minutos, de acordo com o diário.

Nesta terça, o Ministério das Relações Exteriores da Alemanha criticou as "posições militares ameaçadoras" de Pequim, que aumentam "o risco de confrontos militares involuntários". "Esperamos que todos os atores da região contribuam para a estabilidade e para a paz", afirmou Andrea Sasse, porta-voz da parta, em entrevista coletiva em Berlim.

A reaproximação das autoridades taiwanesas com os EUA nos últimos anos irritou Pequim. Apesar do fato de Washington e Taipei não terem relações oficiais, a potência americana fornece apoio militar substancial à ilha.

No ano passado, a China fez manobras militares sem precedentes perto de Taiwan e disparou mísseis em resposta a uma visita à ilha da democrata Nancy Pelosi, quando ela estava no mesmo cargo que McCarthy ocupa atualmente.

O início de exercícios militares conjuntos entre EUA e Filipinas nesta semana ?os maiores de sua história? acrescentou ainda mais tensão à região. Com esses treinamentos, os dois aliados históricos tentam reforçar sua coordenação para neutralizar a influência chinesa na região. A proximidade das Filipinas com Taiwan pode tornar o país um aliado importante para o caso de a China invadir a ilha.

No início deste mês, o governo filipino anunciou a localização de quatro novas bases militares que provavelmente serão usadas pelos EUA. Uma delas fica perto do Mar da China Meridional; a outra, não muito longe de Taiwan. A China criticou o acordo, dizendo que ele "põe a paz e a estabilidade regionais em risco".

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Xi Jinping


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