BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O presidente da Argentina, Alberto Fernández, fará uma visita ao Brasil na próxima semana para se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O encontro ocorrerá em meio ao agravamento da crise econômica no país vizinho.
Ambos os líderes devem jantar juntos na terça-feira (2). A expectativa é de que Fernández peça ao petista que financie a exportação de produtos brasileiros para a Argentina.
A reunião ocorrerá menos de duas semanas depois de Fernández anunciar que não irá disputar a reeleição no pleito deste ano.
A recondução dele à frente da Casa Rosada era considerada improvável pelos baixos índices de popularidade registrados devido à grave crise econômica e ao crescimento da pobreza que marcam seu governo. Fernández, afinal, é desaprovado por 71% dos argentinos, a maior rejeição na série histórica de 17 anos da consultora Poliarquía, que divulgou o número na semana passada.
Um dos possíveis candidatos governistas na eleição é o embaixador argentino no Brasil, Daniel Scioli.
Fernández é um dos principais aliados de Lula no âmbito internacional. Para a Argentina, inclusive, foi a primeira viagem do chefe do Executivo em seu terceiro mandato.
O presidente da Argentina também virá ao Brasil no fim de maio, para um encontro informal que Lula está organizando para discutir a integração na América do Sul com outros chefes de Estado da região.
O encontro no dia 30 de maio será no formato de um retiro, o que significa que não envolverá um arcabouço institucional, como uma cúpula formal de alguma entidade. Auxiliares da área internacional apontam que esse formato permite uma conversa mais livre, sem a necessidade de negociações complexas em torno de declarações finais de cúpula.
O retiro ainda servirá como um termômetro para a unidade na região, uma vez que também haverá convite para o ditador venezuelano, Nicolás Maduro. Ainda não se sabe se líderes mais conservadores e próximos dos Estados Unidos concordarão em se reunir com o chavista.
Alguns dos convites para esse retiro estão sendo entregues em mãos por integrantes da gestão petista. O assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, Celso Amorim, por exemplo, entregou diretamente para o presidente colombiano, Gustavo Petro, a carta de Lula, durante viagem a Bogotá.
Amorim viajou à Colômbia para evento relativo ao processo político venezuelano. O ex-chanceler brasileiro almoçou com Petro e discutiu diversos temas, como a integração na região e a Guerra da Ucrânia.
No início deste ano, Lula assinou decreto prevendo a volta do Brasil à Unasul, entidade regional sul-americana, que conta com órgãos importantes, como um Conselho de Defesa. A entidade havia sido relegada por Jair Bolsonaro (PL), que optou por um alinhamento mais forte aos Estados Unidos.
Além de retornar ao órgão, o governo brasileiro pretende dar um novo impulso para a Unasul e o encontro em Brasília deve servir como um mecanismo nesse sentido.
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