SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Um ex-policial de Minneapolis, nos Estados Unidos foi condenado nesta terça-feira (2) por envolvimento no assassinato de George Floyd. Tou Thao foi responsável por afastar os pedestres que testemunharam o homicídio, em caso que provocou revolta e deu origem a uma onda de protestos em todo o mundo contra o racismo e a violência policial.
Em veredicto de 177 páginas, o juiz Peter Cahill concluiu que Thao "encorajou ativamente a contenção perigosa de Floyd" por seus três colegas. Ele pode pegar até quatro anos de prisão --a sentença será divulgada em 7 de agosto.
"Com base no treinamento, Thao estava ciente de que a repressão que testemunhou desviava-se grosseiramente do padrão e que era extremamente perigosa", escreveu Cahill no veredicto.
Thao, que já havia sido condenado em um tribunal federal por negar assistência médica e privar a vítima de seus direitos civis, foi o último dos quatro ex-policiais que enfrentaram julgamento em um tribunal estadual por envolvimento no caso.
Floyd era um homem negro e morreu por sufocamento em maio de 2020 quando Derek Chauvin, um policial branco, pressionou por mais de nove minutos o joelho contra seu pescoço. O assassinato foi filmado por testemunhas e compartilhado nas redes sociais.
Enquanto Floyd estava imobilizado, Thao impediu a aproximação de pedestres. Algumas das pessoas que passavam pelo local gritaram para que a ação fosse interrompida, alertando várias vezes que Floyd estava sendo sufocado.
O procurador-geral de Minnesota, Keith Ellison, disse que a decisão desta terça é histórica. "É um passo no caminho para a justiça", afirmou. Ao contrário dos outros três policiais, Thao não se declarou culpado.
Em nota, os familiares de Floyd manifestaram agradecimento. "Com cada uma dessas ações legais, há ainda mais evidências de que a brutalidade policial é um ato ilegal e punível", escreveram.
Chauvin, que pressionou o pescoço do homem, foi quem recebeu a sentença mais severa. Réu confesso, ele assumiu a culpa pelo homicídio em processos que tramitavam na Justiça federal e hoje cumpre pena de 21 anos no âmbito desse caso. Na esfera estadual, também foi condenado, a 22 anos e meio de prisão.
Ele havia sido detido em 2020, dias depois do crime, mas deixou a cadeia após pagar fiança de US$ 1 milhão (R$ 5,2 mi). Pouco depois, voltou à prisão para responder ao processo.
Os outros dois policiais que participaram da ação, Thomas Lane e J. Alexander Kueng, também se declararam culpados de homicídio culposo em segundo grau, a mesma acusação feita contra Thao. Eles foram condenados a três anos e três anos e meio de prisão, respectivamente.
O caso motivou protestos nas ruas e debates no Congresso. Em 2021, o presidente Joe Biden defendeu um projeto de lei, apelidado de Lei George Floyd, que passou na Câmara e ficou travado no Senado. A proposta reforça as punições para policiais em casos de má conduta, limita o uso da força pelos agentes e propõe a criação de uma base nacional de dados sobre a atuação dos policiais, para impedir que um agente demitido em uma cidade retome a função em outra.
Mas, sob críticas de agentes e de ativistas de direita, que viram ali uma tentativa de reduzir o poder e os recursos da polícia, Biden abandonou a ideia.
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