SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O presidente do Equador, Guillermo Lasso, assinou nesta quarta (3) um decreto executivo que declara o terrorismo como uma ameaça real ao Estado. O peso da medida reside no fato de que, há poucos dias, o líder declarou as gangues urbanas grupos terroristas.
Assim, em meio aos esforços do país para combater o narcotráfico, espera-se que se multipliquem as operações militares. Os militares agora têm luz verde para patrulhar as ruas ao lado da polícia sem necessidade de que seja decretado um estado de exceção.
Lasso ordenou que as Forças Armadas iniciem, imediatamente, "ações para reprimir a ameaça terrorista, com todos os meios que tiverem à sua disposição". Palco de um pujante tráfico de drogas, o Equador vê crescer a violência. A taxa de homicídios, por exemplo, saltou de 14 para 25 por 100 mil habitantes de 2021 para 2022, segundo o governo.
Ainda de acordo com as autoridades locais, mais de 420 detentos morreram em meio aos episódios de massacres nas penitenciárias.
A medida do governo chama a atenção ao gerar dúvidas sobre se a situação de violência será controlada ou, então, escalada. Em abril, o general Alexander Levoyer, que comanda a força tarefa entre polícias civil e militar, disse que as tropas têm "armamento letal, tanques de guerra, aviões de guerra". "Se nos permitem empregá-los contra os delinquentes, faremos isso com toda a força."
O Executivo local atribui a violência urbana a uma guerra entre gangues que disputam o território para a vende e o transporte de drogas. Entre janeiro e abril, o país confiscou 64 toneladas de droga. Em 2022, apreendeu mais de 200 toneladas, a maioria de cocaína.
Para combater esses grupos, Lasso vinha adotando a estratégia --largamente criticada pela oposição-- de decretar estados de exceção em diferentes partes do território. Ele chegou a permitir que a população portasse armas com o objetivo de defesa pessoal.
As gangues foram declaradas agentes terroristas no último dia 27 após decisão do Cosepe, o Conselho de Segurança Pública e do Estado, sob o argumento de que o terrorismo deveria ser considerado uma ameaça que atenta contra os elementos estruturantes do Estado.
Integrado por todos os Poderes e as cúpulas da polícia civil e das Forças Armadas, o conselho bateu o martelo após uma reunião que também contou com a presença de Lasso na capital Quito. O secretário de Segurança Wagner Bravo, general aposentado do Exército que há pouco assumiu o cargo, disse que a ameaça será enfrentada "de maneira firme".
No último domingo (30), um ataque capitaneado por homens fortemente armados em Guayaquil, o centro econômico equatoriano marcado por extrema violência, deixou dez pessoas mortas e outras três feridas, incluindo uma menor de idade.
Ainda nesta quarta-feira, o chanceler brasileiro, Mauro Vieira, esteve no Equador para uma visita oficial. Em discurso em Quito, ele não mencionou os episódios violentos, mas disse que a luta contra o crime organizado internacional constitui uma das prioridades comuns a ambos os governos, de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Guillermo Lasso.
Um representante do governo equatoriano, por sua vez, disse que Lasso pretende convidar os demais líderes da América do Sul para uma reunião sobre segurança na região, ainda sem data definida.
Ele também afirmou que o presidente equatoriano deve participar da reunião de líderes da região que Lula está convocando para o próximo dia 30, em Brasília, e da reunião que o governo brasileiro marcou para agosto em Belém que pretende reavivar a OTCA (Organização do Tratado de Cooperação Amazônica), que reúne os países que integram a Amazônia.
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