SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Ações do Exército de Israel na Faixa de Gaza nesta terça-feira (9) deixaram ao menos 15 palestinos mortos, incluindo crianças, segundo o Ministério da Saúde do território controlado pelo Hamas. As ofensivas voltaram a agravar a delicada segurança na região.
Primeiro, segundo Tel Aviv, cerca de 40 aeronaves foram mobilizadas numa operação contra as Brigadas Al Quds, o braço armado do Jihad Islâmico, grupo considerado terrorista por Israel, União Europeia e EUA.
A ação, realizada na madrugada, deixou 13 mortos, entre os quais estão três líderes do Jihad Islâmico: Yihad Ghannam, comandante das Brigadas Al Quds em Gaza; Khalil al Bahtini, comandante para o norte do território; e Tareq Ezzedine, comandante de ação militar do movimento na Cisjordânia ocupada.
O porta-voz do Exército israelense, Richard Hecht, disse que os ataques alcançaram objetivos. E o presidente de Israel, Isaac Herzog, elogiou a ação. "Enfrentamos muitos desafios de segurança que nos obrigam a agir com responsabilidade. Com nossos corações e mentes, estamos com as forças de segurança de Israel".
Já a recém-formada Sala de Operações Conjuntas, que reúne líderes de grupos como o próprio Jihad Islâmico e o Hamas, disse em comunicado que Israel e seus líderes vão "pagar o preço" pelos ataques que descreveram como "um crime covarde". Além dos comandantes mortos, autoridades palestinas apontam que áreas residenciais foram atingidas e que pelo menos dez civis também morreram.
A situação tem potencial para escalar a violência regional, como reconheceu o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, que recentemente protagonizou uma rixa com o premiê Binyamin Netanyahu e quase perdeu sua vaga no governo após divergências relacionadas à uma controversa reforma judicial.
Em conversas com autoridades regionais das áreas próximas a Gaza, segundo comunicado divulgado por seu escritório, o chefe da Defesa disse que é preciso estar preparado para qualquer cenário, "incluindo uma campanha prolongada" de violência.
Em resposta à ação que matou os três líderes do Jihad Islâmico, um esquadrão do grupo tentou realizar um ataque com mísseis guiados antitanque na fronteira com Israel. As forças israelenses interceptaram a ação, e mais dois palestinos foram mortos, segundo o jornal Times of Israel.
Netanyahu convocou o gabinete de segurança para discutir o conflito. Bibi, como o premiê é conhecido, disse que Israel está "pronto para qualquer possibilidade" e preparado para repelir eventuais ataques contra seu território. "Aconselho nossos inimigos: não mexam conosco", disse. Mais tarde, no Twitter, Netanyahu publicou as fotos dos líderes do Jihad Islâmico mortos no ataque e reforçou a retórica. "Quem nos machuca, nós machucamos, e o fazemos com força excessiva. Nenhum terrorista está imune. Nunca."
O representante da ONU para processos de paz no Oriente Médio, o norueguês Tor Wennesland, criticou a onda de ataques israelenses, que chamou de inaceitável. Em comunicado, ele disse que ao menos cinco mulheres e quatro crianças morreram nas ofensivas em Gaza.
Entre as vítimas estão o médico Jamal Khiswan, diretor do Hospital Wafa, sua esposa e seu filho, informou o Ministério da Saúde palestino. Segundo a pasta, os bombardeios atingiram edifícios residenciais em todo o território costeiro da Palestina em Gaza.
As tensões na região aumentaram após a morte, na última semana, de Khader Adnan, outro líder do Jihad Islâmico, por greve de fome. Ele estava preso sob a custódia de Israel e era acusado de incentivar verbalmente a violência. Autoridades israelenses afirmam que o militante havia recusado consultas médicas e tratamento, mas organizações de direitos humanos dizem que a morte poderia ter sido evitada
O Jihad Islâmico jurou vingança pelo palestino e disparou foguetes em direção a Israel, em ação que não deixou vítimas. Depois, uma contraofensiva israelense levou as duas forças a trocarem tiros na região. Em nota, o grupo extremista informou que a morte de Adnan havia sido "honrosa" e que Tel Aviv pagaria o "preço pelo crime".
Outro episódio que fez aumentar a tensão foi o confronto ocorrido, no mês passado, entre palestinos e policiais israelenses na Esplanada das Mesquitas, em Jerusalém, local considerado sagrado para judeus e muçulmanos. Pelo menos 12 pessoas ficaram feridas.
Desde o início do ano, mais de 80 palestinos e 13 israelenses foram mortos em confrontos e ataques. Para conter a violência, grupos armados que atuam em Gaza e o governo israelense haviam definido, no último dia 3, um acordo de cessar-fogo. O pacto foi intermediado pela ONU e por autoridades do Egito e do Qatar, mas o tempo pelo qual o acordo permaneceria em vigor não foi detalhado.
Integrantes do governo de Israel, o mais à direita da história do país, aproveitaram o período de trégua para pressionar o premiê por ações mais duras contra grupos palestinos. Eles alegam que o cessar-fogo daria tempo aos que se organizassem militarmente. Já o procurador-geral israelense, Gali Baharav-Miara, autorizou Netanyahu a realizar ataques em Gaza sem convocar seu gabinete de segurança.
Em nota divulgada após a ação desta terça-feira, o Jihad Islâmico voltou a ameaçar Israel. "O sangue dos mártires aumentará nossa determinação. A resistência continuará, se Deus quiser", disse.
Escolas e universidades em Gaza cancelaram as aulas, enquanto equipes de resgate continuavam as buscas nas áreas atingidas. Gaza é dominada pelo Hamas, grupo militante islâmico que às vezes age em conjunto com o Jihad Islâmico, apoiado pelo regime do Irã.
Analistas alertam que os episódios desta terça podem desencadear uma nova escalada nos combates na região, caso o Hamas e o Jihad Islâmico decidam intensificar as ações coordenadas contra Israel. Diante da crise, os militares israelenses instruíram moradores que vivem próximo da fronteira com a Palestina a ficarem próximos de abrigos antiaéreos pelos próximos dois dias. Já o ministro da Defesa declarou estado de alerta máximo em toda a região.
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