SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O líder do grupo mercenário russo Wagner, Ievguêni Prigojin, voltou a reclamar nesta quarta-feira (10) da falta de munição para a Guerra da Ucrânia e acusou os comandantes do Exército de seu país de tentarem enganar o presidente Vladimir Putin sobre a real situação no conflito, em curso há 14 meses.

A mensagem foi divulgada em vídeo um dia após os eventos em Moscou relacionados ao Dia da Vitória, que comemora o êxito dos Aliados contra a Alemanha nazista. Em discurso na praça Vermelha, Putin afirmou que o Ocidente quer destruir a Rússia e tentou incentivar os militares traçando paralelos entre os desafios atuais e aqueles com que as tropas soviéticas lidaram na Segunda Guerra Mundial.

Mas a fala de Putin não diminuiu o descontentamento de Prigojin, que até admitiu a possibilidade de derrota russa na Ucrânia. Sem entrar em detalhes, ele disse que o povo "ficará furioso se a guerra for perdida" devido a informações enganosas transmitidas a Putin.

As brigas entre o grupo mercenário e os chefes da Defesa começaram no ano passado, quando Prigojin começou a acusá-los de incompetência e de privação de recursos devido a rusgas pessoais. Atualmente, tropas do Grupo Wagner concentram esforços em Bakhmut, epicentro dos combates na Guerra da Ucrânia, mas sem conseguir avanços significativos.

A falta de munição fez o líder do grupo ameaçar retirar suas tropas da região, considerada por estrategistas um trampolim para a conquista de outras áreas do Donbass, uma zona russófona no leste ucraniano. Depois, ele disse ter recebido a promessa de que o Exército fornecerá mais recursos e afirmou que os soldados permaneceriam em Backmut.

Do lado ucraniano, Serhii Cherevatii, porta-voz das tropas no leste do país, disse que a situação continua difícil em Bakhmut, mas que Moscou tem sido cada vez mais forçado a usar as forças regulares por causa das baixas pesadas no Grupo Wagner.

"Para o inimigo, apesar de todo o ruído que Prigojin está tentando criar, [Bakhmut] ainda é a principal direção de ataque, o principal alvo cobiçado", afirmou Cherevatii.

Já o coronel-general Oleksandr Sirskii, que chefia as forças terrestres da Ucrânia, disse que as unidades russas na região de Bakhmut recuaram até 2 km após contra-ataques ucranianos. Até a semana passada, os russos ocupavam cerca de 80% do município.

A declaração foi ecoada vice-ministra da Defesa ucraniana, Hanna Malyar. Segundo ela, as forças ucranianas não perderam uma única posição em Bakhmut nesta quarta-feira.

Durante o inverno europeu, a Ucrânia reforçou suas defesas. Agora, prepara-se um contra-ataque usando centenas de veículos blindados e tanques doados por aliados. Para tal, contará com o reforço de milhares de soldados que voltaram recentemente de uma série de treinamentos no Ocidente.

Ao mesmo tempo, declarações de vários atores corroboram a hipótese de falta de munição do lado russo --algo que também afeta a Ucrânia em proporção diferente.

Na terça (2), o ministro da Defesa, Serguei Choigu, pediu à estatal Tactical Missiles Corporation que dobre sua produção de mísseis. "As ações das unidades russas que conduzem a operação especial dependem em grande parte do reabastecimento de estoques de armas, equipamentos militares e meios de destruição", disse o ministro.

No mesmo dia, o Ministério da Defesa do Reino Unido engrossou tal avaliação ao afirmar que os problemas logísticos são centrais e que Moscou não tem munição suficiente. "A Rússia continua dando a mais alta prioridade à mobilização de sua indústria de defesa e ainda assim não consegue atender às demandas do tempo de guerra", afirmou a pasta britânica.


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