HIROSHIMA, JAPÃO (FOLHAPRESS) - Autoridades ocidentais divulgaram para jornais como Financial Times e The New York Times que o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, irá ao Japão para participar presencialmente da cúpula do G7, que vai até domingo (21) em Hiroshima. Ele acaba de chegar à Arábia Saudita, país de "papel importante" no mundo, como ele próprio publicou em mídia social.
O objetivo da viagem ao G7 seria fortalecer o compromisso dos integrantes do grupo ocidental com a Ucrânia "e assegurar o apoio de Índia e Brasil, não integrantes do G7", de acordo com o FT, citando fontes anônimas. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o primeiro-ministro indiano Narendra Modi estão na cúpula como convidados.
De acordo com o NYT, várias autoridades afirmaram que a presença de Zelenski tornaria "mais difícil para os líderes de Índia, Brasil e outros se manterem relutantes em apoiar a Ucrânia" contra a Rússia. Desde o início da guerra, a Índia evitou se afastar do aliado tradicional, até ampliando a compra de petróleo russo, e o Brasil se recusou a enviar armas para Kiev, como proposto pela Alemanha. Tanto Modi como Lula, por outro lado, já conversaram com Zelenski por telefone.
A participação do ucraniano é esperada para o domingo. É quando Modi, Lula e outros convidados estarão ao lado de Estados Unidos e dos outros membros do G7 na sessão de trabalho "Rumo a um mundo pacífico, estável e próspero". Lula deverá falar em favor das iniciativas de paz para a Ucrânia externas ao G7, lançadas por Brasil, China e agora países africanos, encabeçados pela África do Sul.
Prevista inicialmente para as 10h do domingo, horário local, a sessão foi transferida para as 11h45. Índia e Brasil, que vinham buscando viabilizar uma reunião bilateral durante a cúpula, marcaram o encontro de Modi e Lula para as 10h40, imediatamente antes. Espera-se agora que os dois integrantes do grupo Brics e do G20, bloco que reúne países ricos e emergentes, conversem sobre a guerra antes de entrar para a sessão com os demais.
Zelenski vem de se encontrar com o enviado chinês, Li Hui, para discutir uma saída para o conflito, durante visita de dois dias do representante de Pequim a Kiev, encerrada na quarta. Em comunicado após as conversas, o ministério ucraniano do exterior disse que não irá aceitar perda de território ou o congelamento da guerra nas posições atuais. Li disse que não há panaceia para resolver a crise e "todas as partes precisam começar por si mesmas, criar condições para se engajar em negociações".
A participação presencial do ucraniano no G7 vinha sendo especulada, inclusive por autoridades de Kiev, sem confirmação formal em Hiroshima. Na quinta (18), o ministério japonês do exterior reafirmou que ele participaria apenas virtualmente, por vídeo, no domingo. Até o momento, não houve divulgação oficial, por parte de Japão, EUA ou outros governos, sobre a viagem de Zelenski ao G7.
O G7 foi aberto nesta sexta-feira, com uma cerimônia no Memorial da Paz em Hiroshima, da qual participaram os líderes dos países do grupo, EUA, Japão, Alemanha, França, Reino Unido, Itália e Canadá.
Em seguida, os sete abordaram em reunião a Guerra da Ucrânia, reafirmando apoio a Kiev e o reforço das sanções econômicas, com alguns anunciando medidas contra o comércio de diamantes russos. Mas o veto à retomada futura do fornecimento de energia russa à Europa, via gasoduto Nord Stream e outros, que chegou a ser noticiado, teria ficado de fora das propostas.
Em seu único compromisso oficial da sexta-feira, primeiro dia da cúpula, o presidente Lula manteve uma reunião bilateral de meia hora com o primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese. Segundo integrantes da comitiva, Albanese apontou o significado da eleição do petista, sobretudo para a defesa do meio ambiente, lembrando sua ligação com o advogado de Lula na representação que fez junto à ONU em 2018, o australiano Geoffrey Robertson, de quem teria recebido relatos.
Ambos de partidos trabalhistas, conversaram sobre as novas relações trazidas pelos aplicativos de transporte e sobre a revisão feita recentemente pela Espanha, em sua legislação, visando diminuir a instabilidade no mercado de trabalho. Conversaram também sobre a similaridade das duas economias, com exportações semelhantes, e sobre a necessidade de aproximação. O premiê convidou Lula a visitar a Austrália, citando a Copa do Mundo feminina, e o presidente comentou que a ministra dos Esporte, Ana Moser, irá ao evento e talvez também a primeira-dama, Janja.
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