SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A ONG Médicos sem Fronteiras resgatou, neste sábado (27), 599 migrantes que estavam em um barco superlotado nas redondezas da ilha da Sicília, no sul da Itália.
"Depois de três horas de operação, os 599 sobreviventes, incluindo mulheres e crianças, estão agora a bordo e sendo cuidados pela equipe médica", tuitou a organização. O navio de socorro, segundo a MSF, realizava atividades de treinamento quando foi chamado para operar o resgate.
Os migrantes serão levados para o porto de Bari, no sul da Itália, sob determinação de autoridades do país europeu. O trajeto entre os pontos onde eles foram localizados e onde desembarcarão durará cerca de 40 horas.
A longa distância entre os dois locais faz parte de um padrão adotado recentemente pelo governo italiano. Instituições de caridade tem criticado a administração da primeira-ministra, Giorgia Meloni, que adota uma postura dura contra a imigração ilegal, designando portos distantes das áreas onde os resgates ocorrem.
Tal postura, porém, não tem inibido o número de migrantes ilegais na costa italiana. Pelo contrário: neste ano, o país europeu viu mais de 47 mil barcos aportarem no país, ante cerca de 18 mil no mesmo período de 2022. Meloni assumiu o cargo de primeira-ministra em outubro do ano passado.
É incerto se o navio encontrado neste sábado é o mesmo que está desaparecido desde quarta-feira (24). Na manhã daquele dia, o Alarm Phone, grupo que recebe chamadas de navios de imigrantes em perigo, disse ter perdido contato com uma embarcação que transportava cerca de 500 pessoas. O navio em questão estava à deriva, a cerca de 400 km da ilha da Sicília, porque seu motor não estava funcionando.
Um dia depois, a ONG italiana Emergency saiu com navios de resgate para tentar encontrar o barco, mas não encontrou nenhum sinal da embarcação -nem de naufrágio.
No ano passado, o número de entradas irregulares em países da União Europeia já havia aumentado. Segundo a agência europeia Frontex, a cifra de chegadas ilegais em nações do bloco em 2022 aumentou 64% em relação ao ano anterior e chegou ao nível mais alto desde 2016, quando o número foi pouco superior a 500 mil. De acordo com o órgão, no ano passado foram registradas 330 mil entradas em condições ilegais. Cerca de 10% dessas migrações foram realizadas por mulheres, e 9%, por menores.
Dados do projeto Missing Migrants (Migrantes Desaparecidos) apontam que o Mar Mediterrâneo é o principal palco das mortes de migrantes ilegais -foram quase 27 mil desde 2014. O ano passado foi o segundo que mais registrou morte em todo o mundo (6.876), atrás apenas de 2016 (8.078).
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