BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, afirmou nesta terça-feira (30) que a reunião do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com líderes sul-americanos abre uma "nova etapa" na integração da região e relativizou críticas disparadas por outros líderes durante o encontro.
"Vamos entrar numa nova etapa da integração e união da América do Sul. Sem deixar para trás, desdenhar, a experiência que obtivemos nos últimos 15 anos, de avanço e diálogo na América do Sul", disse Maduro.
"Há presidentes com diversas visões, como vocês sabem. Somos uma corrente popular, bolivariana e de esquerda, e participamos de todos os processos integracionistas da América Latina e do Caribe. Não temos problema em sentar, conversar e falar francamente com nenhuma força política, com nenhum presidente, com nenhuma corrente. Um diálogo respeitoso, tolerante e de união na diversidade", complementou o ditador, sem citar nominalmente seus críticos na cúpula em Brasília.
Ao longo da reunião desta terça, a participação de Maduro --e sua recepção na véspera por Lula-- gerou comentários críticos de ao menos dois líderes: Luis Lacalle Pou (Uruguai) e Gabriel Boric (Chile).
Ambos rebateram a fala de Lula na véspera, de que a situação atual na Venezuela seria um problema de "narrativa".
"Esta reunião [de líderes sul-americanos] foi antecipada, não sei se de forma planejada, por uma bilateral entre Brasil e Venezuela", disse o uruguaio durante o evento organizado no Palácio do Itamaraty. "Fiquei surpreso quando foi dito que o que acontece na Venezuela é uma narrativa. Já sabem o que pensamos sobre a Venezuela e o governo da Venezuela."
O centro-direitista disse ainda que, em relação ao país caribenho, o pior a ser feito é negar a realidade. "Se há tantos grupos no mundo tentando mediar para que a democracia seja plena na Venezuela, para que os direitos humanos sejam respeitados e não haja presos políticos, o pior a fazer é tapar o sol com a mão".
Boric também se referiu aos comentários de Lula. Ele afirmou a jornalistas ter manifestado uma discrepância em relação à declaração do brasileiro, "de que o que ocorre na Venezuela em relação aos direitos humanos é uma questão de narrativa". "Os direitos humanos devem ser respeitados sempre e em todos os lugares, independentemente da cor política do governo de turno."
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