WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) - Os Estados Unidos vão manter seus exercícios militares no oceano Pacífico como uma maneira de dissuadir ambições expansionistas da China, incluindo uma invasão de Taiwan, afirma a Secretária do Exército americano, Christine Wormuth.

"A melhor maneira de evitar uma guerra é mostrar que é capaz de ganhar qualquer guerra que você tenha que lutar; acredito que é esse o foco que o Exército dos EUA deve ter", disse ela nesta terça-feira (6) em conversa com jornalistas estrangeiros.

Em abril, os EUA fizeram com as Filipinas os maiores exercícios militares conjuntos da história dos dois países, com quase 18 mil soldados, no mar do Sul da China, área no Sudeste Asiático reivindicada por Pequim, após o regime chinês encerrar uma sequência de três dias de treinamentos que simularam um bloqueio aéreo à ilha de Taiwan.

"Acredito que nem Estados Unidos nem China querem uma guerra, seria contra os interesses dos nossos países. Precisamos trabalhar para baixar a temperatura na região. Certamente fico preocupada com o comportamento coercitivo e agressivo da China, então estamos focados em fortalecer a dissuasão. [A ideia é] Garantir que todos os dias o presidente Xi [Jinping] e seus líderes seniores militares acordem e digam para si mesmos: 'Hoje não é o dia de tomar Taiwan a força", afirmou a secretária.

Segundo ela, os exercícios mostram que os EUA têm capacidade de conduzir operações conjuntas de investidas aéreas e de posicionar lançadores de mísseis com aliados na região. Esta, aliás, é uma das lições da Guerra da Ucrânia, afirmou Wormuth. "A lição para a China é que, se fosse para ter uma guerra, seria altamente improvável que enfrentassem os EUA sozinhos, mas uma coalizão de países que vai além do Indo-Pacífico", disse ela, com tom de recado a Pequim.

A preocupação militar com a China, no entanto, estende-se muito além do oceano Pacífico. No fim de maio, a chefe do Comando Sul das Forças Armadas dos EUA (Southcom), general Laura Richardson, visitou o Brasil, além de outras autoridades militares.

"Certamente nos preocupa a presença ostensiva da China na região [América Latina]", disse a secretária Wormuth à Folha de S.Paulo, citando os incentivos econômicos oferecidos por Pequim. "Queremos garantir que os países da região entendam que somos [EUA] um parceiro muito confiável, com quem podem contar."

O foco maior das operações do Exército americano na América Central e do Sul é ajuda humanitária e na atuação contra o tráfico de drogas, mas também há exercícios e treinamentos militares, disse.

Os militares brasileiros também têm resistência à presença chinesa, conforme mostrou reportagem da Folha de S.Paulo. O chefe do Comando de Operações Terrestres do Exército, general Estevam Theophilo, convidou 34 países para participarem do 1º Seminário Internacional de Doutrina Militar Terrestre, entre os quais os EUA, mas não a China, até intervenção do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Christine Wormuth, 54, é uma civil no comando do Exército, como manda o regulamento americano, e responde ao Secretário de Defesa, Lloyd Austin. Com um orçamento de US$ 185 bilhões (R$ 910 bi), a força tem cerca de 1 milhão de militares, entre os da reserva e os da ativa. Fundado há 248, há homens e mulheres do Exército americano em 140 países, segundo ela --só na Europa, são 40 mil soldados, número que cresceu após o início da Guerra da Ucrânia.


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