SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O governo da Colômbia e a guerrilha ELN (Exército de Libertação Nacional) acertaram nesta sexta-feira (9) um cessar-fogo de seis meses. O acordo foi fechado em Cuba e deve entrar em vigor em 3 de agosto.

A cerimônia contou com a presença do presidente colombiano, Gustavo Petro, e de Antonio García, um dos comandantes do grupo armado. O ministro das Relações Exteriores cubano, Bruno Rodriguez, que mediou as negociações, disse que os preparativos para a trégua devem começar imediatamente.

"O cessar-fogo tem objetivos humanitários. O acordo visa reduzir a intensidade do conflito para que haja na Colômbia um clima melhor, além de uma maior participação da sociedade na construção da paz", disse o chefe da delegação do ELN, Pablo Beltrán, segundo o jornal colombiano El Espectador.

Foi o terceiro ciclo de negociações entre o governo colombiano e o grupo armado, cujas conversas haviam sido retomadas em 2 de maio. Um quarto ciclo de diálogos foi agendado para 14 de agosto, na Venezuela.

O cessar-fogo representa uma vitória política para Petro, que tem sofrido com a falta de apoio no Congresso. Em abril, o presidente anunciou uma reformulação na equipe ministerial após pedir a renúncia de todo o seu gabinete devido a dificuldades que enfrenta para aprovar suas propostas de reformas.

Neste mês, o presidente foi alçado ao centro de uma crise após a divulgação de áudios supostamente enviados por Armando Benedetti, que chefiou a campanha de Petro à Casa de Nariño no ano passado. Na gravação, ele se mostra irritado com o tratamento que recebe do presidente e ameaça revelar um suposto financiamento ilegal da campanha de 15 bilhões de pesos (cerca de R$ 17 milhões em valores atuais). O ex-chefe de campanha afirma que o material foi manipulado, e o governo nega qualquer irregularidade.

Já o conceito de "paz total" para diminuir a violência na Colômbia foi uma das principais propostas de campanha defendidas por Petro. O ELN é o grupo rebelde remanescente mais antigo do país e tem papel central no conflito que dura quase seis décadas e deixou ao menos 450 mil mortos entre 1985 e 2018.

Petro, primeiro presidente de esquerda do país, reativou os contatos com o ELN logo após assumir o cargo, em 7 de agosto. As negociações entre as partes haviam sido suspensas pelo ex-presidente Iván Duque em 2019 após um ataque contra uma escola da polícia que deixou 22 mortos, além do agressor.

Em 31 de dezembro passado, Petro também havia anunciado um cessar-fogo de seis meses com os cinco principais grupos armados do país, incluindo o ELN. Dias depois, contudo, lideranças da guerrilha negaram que a trégua havia sido firmada e disseram que a medida era unilateral.

Considerada a última guerrilha em atividade na Colômbia, o ELN nasceu nos anos 1960 e é conhecido por ter, desde então, apego mais sistemático a ideias marxistas. Sua atuação se concentrou em sequestros, extorsões e participação no narcotráfico. O fim das Farc, por meio de um acordo com o Estado, abriu novas rotas, facilitando a entrada do grupo em território venezuelano, onde hoje possui quartéis e acampamentos de treinamento.

México, Noruega, Venezuela, Cuba, Brasil e Chile são nações fiadoras das negociações entre o governo colombiano e o grupo guerrilheiro ELN.


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