MILÃO, ITÁLIA (FOLHAPRESS) - Com as cores da bandeira da Itália, o caixão de Silvio Berlusconi chegou à Catedral de Milão nesta quarta (14) diante de milhares de pessoas que o aplaudiram. O ex-premiê, morto na segunda, aos 86, vítima de leucemia, também foi celebrado por cânticos de torcedores do Milan, clube que comandou por 31 anos.
Milhares compareceram ao funeral do empresário, um dos políticos mais conhecidos e controversos da história do país, entre os quais a atual primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, e os vice-premiês Matteo Salvini e Antonio Tajani -número dois do partido de Berlusconi, o Força Itália-, além do presidente Sergio Mattarella, do ex-primeiro-ministro Mario Draghi e de representantes da oposição.
Entre os poucos líderes estrangeiros presentes estavam o emir do Qatar, o xeque Tamim bin Hamad Al-Thani, o presidente iraquiano, Abdel Latif Rachid, e o premiê húngaro, Viktor Orbán.
"Quando um homem é político, busca vencer. Tem simpatizantes e adversários. Alguns o levam ao mais alto, outros não o suportam", disse o arcebispo de Milão, Mario Delpini, durante a missa de despedida.
Do lado de fora da catedral, uma multidão de admiradores de Berlusconi acompanhou a cerimônia em dois telões. Sob um sol escaldante, muitos entoavam "Silvio" ou "presidente Berlusconi".
Marta Fascina, 33, parceira de Berlusconi em seus últimos anos, chorou ao lado de Marina, a filha mais velha do empresário. A primogênita de 57 anos é presidente do grupo Fininvest, que controla os negócios da família, o que inclui canais de TV, editora de livros e periódicos, além do clube de futebol Monza.
No final do funeral, os cinco filhos do ex-premiê, de dois casamentos diferentes, acenaram para a multidão. "Berlusconi é meu primeiro e último amor político. É um dia muito triste para a Itália", afirmou Luigi Vecchione, 48, funcionário de uma empresa têxtil de Borgosesia, na região do Piemonte.
Em Milão, como em toda a Itália, as bandeiras foram hasteadas a meio mastro em edifícios públicos. O funeral com honras de Estado ocorre em um dia de luto nacional, o primeiro devido à morte de um ex-premiê, o que gerou polêmica. "O funeral de Estado está planejado e é justo, mas o luto nacional por uma pessoa polêmica como Berlusconi me parece inoportuno", disse Rosy Bindi, do Partido Democrático.
A senadora Andrea Crisanti, também do Partido Democrático, de centro-esquerda, foi outra a se opor ao decreto de luto nacional. "Ele não teve respeito pelo Estado quando defraudou o fisco", disse ela.
A jornada de Berlusconi se confunde com a história da Itália dos últimos 30 anos. Ex-primeiro-ministro em três períodos (1994-95, 2001-06 e 2008-11), obteve cinco mandatos na Câmara, dois no Senado, incluindo o atual, e outros dois no Parlamento Europeu. O ex-premiê também revolucionou a televisão italiana a partir da década de 1970 ao trazer agilidade à comunicação de massa, então dominada pela emissora estatal. Berlusconi ainda fundou a Mediaset, maior emissora comercial do país.
No futebol, como dono do Milan, viveu uma das fases mais vitoriosas do clube, que fez várias publicações na segunda-feira, dia da morte de Berlusconi, com vídeos e fotos da trajetória de seu ex-proprietário. "Para sempre parte de nossa história, eternamente no coração e na mente de cada rossonero."
O ex-primeiro-ministro era, também, um dos homens mais ricos da península. Segundo a Forbes, a família Berlusconi é a quarta mais rica do país, com patrimônio de US$ 6,9 bilhões (R$ 33,7 bilhões).
Sua morte ocorreu após uma série de problemas de saúde. Em abril, ele foi internado com uma infecção pulmonar decorrente da leucemia crônica. Em 2022, outra infecção, urinária, já havia levado Berlusconi ao hospital e, em 2020, ele foi internado por pneumonia, consequência da Covid. Em 2016, foi submetido a uma cirurgia cardíaca na válvula aórtica e, em 1997, um tumor maligno foi extraído da próstata.
Antes de ser revelado que estava com leucemia, exibia fragilidade física, com dificuldade para andar.
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