Ofensiva de Israel com helicóptero mata ao menos 5 palestinos e fere 66

Por Folhapress

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Uma operação robusta do Exército de Israel na Cisjordânia, com o apoio de helicóptero, deixou ao menos cinco pessoas mortas, incluindo um adolescente, e 66 feridas nesta segunda-feira (19), segundo o Ministério da Saúde da Palestina. As ofensivas voltaram a agravar a delicada segurança na região.

Autoridades israelenses disseram que combates intensos foram travados após tropas do país serem atacadas durante uma operação para capturar integrantes da organização extremista Jihad Islâmica na cidade de Jenin. Pelo menos sete militares de Israel ficaram feridos, segundo Tel Aviv.

O Exército israelense disse que os soldados foram surpreendidos por ataques com fogo pesado e com o uso de artefatos explosivos, e que as Forças Armadas tiveram de executar uma missão para resgatar militares e veículos que ficaram bloqueados na zona de combate.

Um helicóptero militar israelense disparou vários mísseis durante a ação, segundo a agência de notícias AFP. Tel Aviv disse que a operação ocorreu em uma "área muito problemática", e que ao menos dois militantes do Jihad foram mortos. Já autoridades da Palestina afirmam que civis foram atingidos.

Os palestinos mortos tinham idade entre 15 e 29 anos, segundo autoridades. Mai al Kaila, ministro da Saúde da Palestina, relatou dezenas de feridos e pediu o envio urgente de remédios e bolsas de sangue à região.

O tenente-coronel Richard Hecht, porta-voz do Exército israelense, disse que soldados israelenses continuavam sob fogo cruzado na tarde desta segunda numa tentativa de recuperar cinco veículos bloqueados. "[A operação] vai levar horas e será muito difícil. Há muitos tiros", afirmou. Segundo ele, um dos blindados usados para transporte de tropas foi danificado por um artefato explosivo de potência "muito incomum".

O ministro israelense da Defesa israelense, Yoav Gallant, prometeu usar "todos os recursos à disposição para atacar os elementos terroristas, onde quer que estejam". Já o alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, afirmou que está "extremamente preocupado" e denunciou o "uso excessivo da força" por parte das forças israelenses na Cisjordânia.

Jenin, reduto de grupos armados no norte da Cisjordânia, é um território palestino ocupado por Israel desde 1967. A região é alvo frequente de ofensivas de Israel que buscam capturar extremistas.

"Estamos no meio de uma batalha global em todas as frentes, que exige a unidade do nosso povo contra esta agressão", afirmou o ministro palestino de Assuntos Civis, Hussein al Sheikh, nas redes sociais.

As tensões na região aumentaram após a morte, no mês passado, de Khader Adnan, líder do Jihad Islâmico, por greve de fome. Ele estava preso sob a custódia de Israel e era acusado de incentivar verbalmente a violência. Autoridades israelenses afirmam que o militante havia recusado consultas médicas e tratamento, mas organizações de direitos humanos dizem que a morte poderia ter sido evitada.

Na ocasião, o Jihad Islâmico jurou vingança pelo palestino e disparou foguetes em direção a Israel, em ação que não deixou vítimas. Em nota, o grupo extremista informou que a morte de Adnan havia sido "honrosa" e que Tel Aviv pagaria o "preço pelo crime".

Outro episódio que fez aumentar a tensão foi o confronto ocorrido, no mês passado, entre palestinos e policiais israelenses na Esplanada das Mesquitas, em Jerusalém, local considerado sagrado para judeus e muçulmanos. Pelo menos 12 pessoas ficaram feridas.

Em março, quatro palestinos, incluindo um adolescente e combatentes, morreram em uma operação israelense em Jenin. Antes, dez palestinos morreram em uma incursão em janeiro, na operação com o maior número de mortos na Cisjordânia em duas décadas.

Desde o início do ano, ao menos 162 palestinos, 21 israelenses, uma ucraniana e um italiano morreram no conflito entre Israel e palestinos, segundo a AFP. Do lado palestino, os números incluem combatentes e civis, entre eles menores de idade. Já do lado israelense a maioria de civis, que também incluem menores de idade, e três membros da minoria árabe.