SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Marinha dos Estados Unidos detectou sons consistentes com uma implosão após o mergulho do submarino Titan, no domingo (18), segundo o americano The Wall Street Journal. Destroços da embarcação que transportava cinco pessoas aos restos do Titanic foram encontrados nesta quinta (22).

Segundo a publicação, os ruídos nortearam as equipes americanas de resgate, que delimitaram as áreas de buscas. Os barulhos foram captados por um sistema projetado para detectar submarinos inimigos.

"A Marinha dos EUA conduziu uma análise de dados acústicos e detectou uma anomalia consistente com uma implosão, ou explosão, nas proximidades do local em que o submersível Titan operava no momento em que as comunicações foram perdidas", disse a Marinha em comunicado enviado ao jornal americano.

"Embora não sejam definitivas, essas informações foram imediatamente compartilhadas com o comandante do incidente para auxiliar na missão de busca e resgate."

A Marinha e a Guarda Costeira dos EUA, mobilizadas para as buscas do submarino, fazem com frequência treinamentos e operações em conjunto. As buscas pela embarcação que desapareceu foram realizadas a cerca de 900 milhas (1,4 mil km) da costa do estado americano de Massachusetts.

A Guarda Costeira dos EUA encontrou nesta quinta destroços no oceano, Mais tarde, confirmou que os materiais são do submersível Titan. O estado das peças é compatível com uma perda de pressão do veículo, o que teria provocado uma implosão e levado à morte os cinco passageiros a bordo.

O submersível perdeu contato com a superfície 1h45 após o início do mergulho para ver os destroços do Titanic. Ainda é cedo para falar quando exatamente ocorreu o incidente, segundo o porta-voz da Guarda Costeira, mas as equipes de resgate não detectaram implosões nas 72 horas em que estiveram no mar.

Estavam no Titan o empresário americano Stockton Rush, 61, dono da OceanGate e piloto do veículo, o bilionário britânico Hamish Harding, 58, presidente-executivo da empresa Action Aviation, o empresário paquistanês Shahzada Dawood, 48, vice-presidente do conglomerado Engro, e seu filho Suleman Dawood, 19, e o francês Paul-Henri Nargeolet, 77, mergulhador especialista no Titanic.

A OceanGate, empresa que operava o submarino, chegou a ser alertada por especialistas independentes sobre possíveis falhas em seus modelos, mas rebatia as críticas alegando que estava inovando na área.

Guillermo Söhnlein, cofundador da OceanGate, alegou nesta sexta que a companhia tinha a segurança em primeiro lugar, a despeito das acusações de que havia ignorado alertas. "Ele [Stockton Rush] era extremamente comprometido [com a segurança]", afirmou à emissora britânica Times Radio. "Ele também era diligente na gestão de riscos e consciente dos perigos de operar em um ambiente oceânico profundo".

Söhnlein, que não participou do projeto de concepção do Titan, afirmou que é cedo para apontar o que aconteceu com a embarcação ou para estabelecer novas regras para veículos que navegam no oceano profundo.

"Assim como na exploração espacial, a melhor maneira de preservar os legados dos exploradores é conduzir uma investigação, descobrir o que deu errado, tirar as lições e seguir em frente", disse.

Submersíveis como o Titan usualmente têm uma escotilha que abre tanto do lado de dentro quanto do lado de fora. Não está claro, porém, se o veículo operado pela OceanGate funcionava dessa maneira.

Essa não foi a única característica do Titan que chamou a atenção. O submersível da OceanGate era dirigido por um controle semelhante ao de videogames, e seu interior era apertado e simples, com três monitores, um botão, uma janela pequena e um banheiro improvisado.

A empresa americana cobrou US$ 250 mil (R$ 1,2 milhão) por uma vaga no passeio de oito dias para ver os restos do Titanic, que afundou em sua viagem inaugural após bater num iceberg em 1912. Os destroços do transatlântico, cuja tragédia matou mais de 1.500 pessoas, estão 1.450 km a leste de Cape Cod, no estado americano de Massachusetts, e 640 km ao sul de St. John, no Canadá.


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