SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A transcrição de uma gravação do ex-presidente dos EUA Donald Trump citada pelos procuradores na ação que o acusa de colocar em risco segredos nacionais aponta contradições em declarações recentes do republicano, segundo o jornal americano New York Times.
No áudio, gravado em julho de 2021, Trump discute um documento "altamente confidencial" sobre o Irã. Em entrevista ao canal Fox News na semana passada, o ex-presidente alegou que os documentos seriam um compilado de notícias de mídias diversas, enfatizando não serem informações confidenciais.
Na gravação obtida pelos procuradores, porém, Trump afirma que os documentos tratam de "informações secretas", de acordo com o New York Times. E reconhece que, fora da Casa Branca, ele não poderia desclassificar os papéis.
O áudio deve figurar entre as evidências contra Trump em seu julgamento. A defesa do ex-presidente tem conhecimento da gravação desde março.
Trump compareceu no último dia 13 a um tribunal federal no centro de Miami, onde esteve sob custódia para ouvir as 37 acusações às quais responderá por manter consigo documentos secretos após deixar a Casa Branca. O ex-presidente se declara inocente e diz ser "alvo de uma caça às bruxas".
Trump é o primeiro ex-presidente americano a responder a processos criminais. Em abril, ele se tornou réu pela primeira vez na Justiça de Nova York, alvo de acusações sobre fraude envolvendo a compra do silêncio de uma atriz pornô antes das eleições de 2016, quando foi eleito presidente.
O processo relacionado aos documentos sigilosos é considerado mais robusto que o de Nova York. Em agosto do ano passado, autoridades retiraram de seu resort em Mar-a-Lago, no sul da Flórida, dezenas de caixas com papéis ultrassecretos que não deveriam ter saído da Casa Branca, com informações sobre programas nucleares, capacidades militares e pontos de vulnerabilidade dos EUA e de aliados e até planos de ataques a outros países, segundo a investigação.
Pesam contra o ex-presidente não apenas a retenção dos documentos e a armazenagem em locais inadequados (de um salão de festas do resort a um banheiro), mas também a sequência de manobras que fez para mantê-los mesmo após cobranças do governo e investigação federal, o que justificam as acusações de obstrução da Justiça. Um de seus auxiliares, Walt Nauta, veterano da Marinha, responsável por trocar as caixas com os documentos secretos de lugar várias vezes, também responderá ao processo.
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