SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Um grupo de cientistas, jornalistas, professores, ex-ministros e sindicalistas irá entregar ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) uma carta pedindo que o Brasil conceda asilo político ao australiano Julian Assange, fundador do WikiLeaks.

O documento conta com a assinatura de 2.897 pessoas, dentre as quais o fotógrafo Sebastião Salgado, o jornalista Juca Kfouri, os pesquisadores da Fiocruz Renato Cordeiro e Alvaro Nascimento, os ex-ministros José Gomes Temporão (Saúde), Sérgio Machado Rezende (Ciência e Tecnologia) e Ana de Hollanda (Cultura), a deputada federal Jandira Feghali (PC do B-RJ) e o neurocientista Sidarta Ribeiro.

Também são signatários da carta Hildegard Angel, do Instituto Zuzu Angel, e os os professores Renato Janine Ribeiro, presidente da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), e Rosana Onocko Campos, presidente da Abrasco (Associação Brasileira de Saúde Coletiva).

Assange foi responsável por um dos maiores vazamentos de papéis secretos das Forças Armadas dos EUA. Ele foi preso em 2019, após passar sete anos abrigado na embaixada do Equador em Londres.

"Diante dos fatos recentes envolvendo a extradição para os EUA --onde Assange poderá ser condenado a até 175 anos de prisão por revelar fatos verdadeiros a respeito daquele país-- um conjunto de profissionais, lideranças da sociedade civil e entidades iniciaram um movimento via redes sociais visando construir uma saída humanitária para o caso, hoje acompanhado de perto por toda a comunidade internacional", diz trecho da carta.

No documento, o grupo propõe que Lula promova um esforço internacional "junto a outros países" para obter a aceitação do asilo político por parte do governo inglês --Assange está em uma penitenciária de segurança máxima na cidade de Belmarsh, na Inglaterra.

"Acreditamos que, independentemente do resultado, este esforço vigoroso em defesa de Assange contribuirá para marcar ainda mais a posição humanitária e progressista do governo brasileiro no mundo, como tem sido a nossa marca desde 1º de janeiro de 2023", afirma o documento.

Lula já criticou, em algumas ocasiões, a prisão de Assange. "É uma vergonha que um jornalista que denunciou as falcatruas de um Estado contra outro esteja preso, condenado a morrer em uma cadeia", afirmou o presidente, em maio, quando estava em Londres para acompanhar a cerimônia de coroação do rei Charles 3º.

"O cara [Assange] não denunciou nada vulgar. O cara denunciou que um Estado vigiava outros. E isso virou crime contra o jornalista?", indagou.

Em 2015, o WikiLeaks divulgou informações confidenciais da Agência Nacional de Segurança dos EUA que revelavam que o governo americano espionava a então presidente Dilma Rousseff (PT), além de assessores e ministros. Ao todo, 29 telefones de membros e ex-integrantes da gestão petista haviam sido grampeados.

Na carta, o grupo afirma que Lula poderia seguir o exemplo do presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, que em 2022 fez pedido de asilo político para Assange ao governo americano. A ideia é que Lula faça a solicitação diretamente ao governo inglês e que consiga o apoio de personalidades internacionais nessa iniciativa.

Em junho do ano passado, a então ministra do Interior do Reino Unido, Priti Patel, aprovou a extradição do jornalista para os EUA. Ele é procurado pelas autoridades americanas devido a 18 acusações criminais, incluindo espionagem relacionada ao vazamento, via Wikileaks, de registros militares e telegramas diplomáticos confidenciais que, de acordo com o governo americano, colocou vidas em perigo.


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