MADRI, ESPANHA (FOLHAPRESS) - Um avião de reconhecimento espanhol encontrou nesta segunda-feira (10) o que pode ser um barco de pesca do Senegal com cerca de 200 migrantes a bordo. De acordo com o serviço de resgate marítimo, essa pode ser a embarcação que está desaparecida há quase duas semanas no oceano Atlântico.

"O avião encarregado das buscas localizou uma embarcação que parece ser aquela que procuramos. Segundo os socorristas que avistaram o barco do céu, pode haver cerca de 200 pessoas a bordo", disse a porta-voz do Salvamento Marítimo. "Ainda não podemos confirmar 100%, mas provavelmente é o mesmo."

Um veículo do órgão espanhol já partiu para socorrer a embarcação, que se encontra cerca de 130 quilômetros a sul das ilhas Canárias, território espanhol no noroeste da África. Um navio mercante que estava nas proximidades também foi acionado para auxiliar no resgate.

Segundo a ONG espanhola Walking Borders, a embarcação procurada partiu em 27 de junho da cidade senegalesa de Kafountine, a cerca de 1.700 quilômetros das Canárias. "Os familiares também relataram a perda dessa embarcação após ficarem dias sem notícias", disse a coordenadora da ONG, Helena Maleno.

A Walking Borders pediu ainda ajuda para localizar outras duas embarcações que deixaram o país africano para tentar chegar à Espanha. Ambas também partiram da costa senegalesa há cerca de duas semanas ?uma das quais com 65 imigrantes, e outra, com entre 50 e 60 pessoas a bordo.

"Eles estão na água há muitos dias, mas são embarcações de madeira, e ainda temos tempo para recorrer a bons meios de resgate para salvar essas vidas", disse Maleno.

A Espanha é uma das principais portas de entrada de migrantes clandestinos na Europa, embora em muitas ocasiões seja apenas uma parada na jornada rumo a outros países da União Europeia.

De acordo com os últimos números do Ministério do Interior, 12.704 migrantes chegaram à Espanha de forma irregular no primeiro semestre deste ano, a maioria dos quais (7.213) por meio das ilhas Canárias, o que representa uma diminuição de 11,35% em relação ao mesmo período do ano anterior.

A rota de migração atlântica, uma das mais mortais do mundo, é em geral usada por migrantes da África subsaariana. Ao menos 559 pessoas ?incluindo 22 crianças? morreram no ano passado durante tentativas de chegar às ilhas Canárias, de acordo com dados das Nações Unidas.

Em junho, o Senegal registrou alguns de seus piores tumultos dos últimos anos, após o líder opositor Ousmane Sonko ser condenado a dois anos de prisão.

O político, terceiro colocado nas eleições presidenciais de 2019, foi absolvido da acusação de estuprar uma mulher de 21 anos, mas a corte o condenou por outro delito descrito no Código Penal como comportamento imoral contra menores de 21 anos ?a mulher tinha 20 anos à época do suposto crime.

A decisão, que ele considera uma conspiração política, deixa Sonko fora das eleições de fevereiro de 2024.

Nas manifestações, as autoridades mobilizaram as Forças Armadas na capital, Dacar, para conter os distúrbios que duraram dois dias e deixaram ao menos 16 mortos e 500 detidos. O país, porém, viveu uma sensação de alívio após o atual presidente, Macky Sall, dizer que não concorrerá a um terceiro mandato, o que seria inconstitucional. A decisão foi celebrada pela comunidade internacional e por críticos do líder.

Sall foi eleito pela primeira vez em 2012 para um mandato de sete anos e reeleito em 2019, para mais cinco anos. Seu segundo período no poder foi particularmente turbulento para um país em geral visto como uma das democracias mais fortes da África.


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