SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Após resgatar dezenas de imigrantes na segunda-feira (10), a Guarda Costeira da Espanha não conseguiu achar novas embarcações nas proximidades das ilhas Canárias, nesta terça (11). As buscas tentam encontrar três barcos com mais de 300 imigrantes ao todo que desapareceram, segundo uma ONG.
Pela manhã, o serviço de resgate enviou um avião para fazer sobrevoos pelo oceano Atlântico e pediu ajuda dos navios que navegavam nas proximidades. Embora não tenha tido sucesso nas buscas nesta terça, na noite de segunda, a corporação encontrou outros dois imigrantes nigerianos que viajavam na proa de um navio, próximos à água.
Também na segunda, a guarda resgatou na mesma região outros 78 imigrantes que tentavam chegar às ilhas Canárias, um território espanhol na costa noroeste África --anteriormente, as autoridades disseram que tinham encontrado 86 pessoas, versão que foi revisada. Eles foram recebidos por profissionais da Cruz Vermelha.
Em um primeiro momento, a Espanha também sugeriu que se tratava de uma embarcação desaparecida há duas semanas com 200 pessoas, mas, posteriormente, chegou-se à conclusão de que era outro grupo. Além desse barco, há outros dois que ainda não foram encontrados --um com cerca de 65 passageiros e outro com 50 a 60 pessoas a bordo. Todos deixaram o Senegal para tentar chegar à Espanha.
"Cada minuto conta para encontrar com vida as mais de 300 pessoas que viajam em barcos senegaleses. São necessários mais meios de busca e uma colaboração maior entre Mauritânia, Espanha e Marrocos", afirmou a fundadora da ONG, Helena Maleno.
A parte sul do Senegal está entre os principais pontos de partida para a Europa de migrantes irregulares, e a Espanha, entre as principais portas de entrada. A travessia, porém, é uma das mais mortais do mundo. Ao menos 559 pessoas --incluindo 22 crianças-- morreram no ano passado durante tentativas de chegar às ilhas Canárias, de acordo com dados da ONU.
Embora seja visto como uma das democracias mais fortes da África, o Senegal passa por um período de instabilidade após o líder da oposição Ousmane Sonko ser impedido de concorrer nas eleições no ano que vem por uma decisão judicial. Nesta terça, ele afirmou que o fenômeno "macabro e angustiante" da emigração irregular se deve ao "fracasso das políticas públicas do regime de Macky Sall", atual presidente.
Os dois imigrantes nigerianos que se esconderam no leme de um navio tentavam chegar às ilhas Canárias vindos do Togo, disse um porta-voz da guarda costeira nesta terça. Após os jovens de 19 e 22 anos serem resgatados na noite de segunda no porto de Las Palmas, eles foram levados a um hospital. Posteriormente, foram liberados e transferidos de volta para um navio, que deve devolvê-los ao porto de origem, afirmou a polícia portuária.
Em fotos publicadas no Twitter pela polícia marítima de Las Palmas, eles aparecem agachados no leme sob o casco, logo acima da linha d'água do navio MSC Marta. As imagens acompanham uma legenda explicativa repleta de emojis.
O porta-contêineres partiu de Lagos, na Nigéria, em 2 de julho e parou em 4 de julho no Togo, segundo o jornal local La Provincia. A última parada antes de chegar ao arquipélago espanhol foi Lomé, capital do Togo, disse o porta-voz da guarda costeira. Eles podem ter permanecido no leme por até sete dias.
Em um caso semelhante em novembro passado, a guarda costeira espanhola resgatou três homens que haviam chegado às ilhas Canárias após 11 dias no leme de um navio-tanque da Nigéria. De acordo com a lei da Espanha, qualquer pessoa que chegue em situação irregular e sem solicitação de asilo deve ser devolvido pelo operador do navio ao porto de origem da viagem.
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