SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A contraofensiva lançada pela Ucrânia para reconquistar áreas perdidas após a invasão da Rússia entrou em uma nova etapa, com a intensificação de ataques no sul. O presidente russo, Vladimir Putin, admitiu que Kiev aumentou as ações ofensivas nos últimos dias, e autoridades do país invadido dizem que suas tropas estão fazendo um progresso lento, mas constante, na "libertação do território".

Analistas afirmam que o principal objetivo dos ucranianos é cortar a chamada ponte terrestre que liga a Rússia e o Donbass à Crimeia, anexada por Moscou em 2014. À agência Bloomberg, uma autoridades dos Estados Unidos que não quis ser identificada disse que os ucranianos fazem avanços significativos em Zaporíjia, uma das regiões tomadas pelos russos na guerra.

"Confirmamos que as hostilidades se intensificaram de forma significativa", disse Putin nesta quinta-feira (27), às margens de uma cúpula em São Petersburgo com a participação de líderes africanos. Em discurso transmitido na televisão, o presidente disse que as ações ucranianas estavam sendo repelidas e que as forças de Moscou provocaram perdas significativas aos oponentes.

A Ucrânia realizou um ataque massivo com três batalhões, reforçados com equipamentos de artilharia e blindados, ao sul da cidade de Orikhiv e próximo da vila de Robotine, disse Igor Konashenkov, porta-voz do Ministério da Defesa da Rússia, segundo a agência estatal Tass. Ele acrescentou que ambas as ações foram repelidas e que a região de Zaporíjia, onde ocorreram os ataques, é o foco da contraofensiva.

A tônica em canais russos nas redes sociais é de preocupação, e blogueiros militares dizem que as batalhas estão intensas. Na quarta (26), a Ucrânia iniciou um de seus ataques mais fortes desde o início da contraofensiva, em 4 de junho, com 80 blindados tentando romper as linhas inimigas em Zaporíjia.

Em resposta, a Rússia lançou artilharia e bombardeios em todo o sul ucraniano, num aparente esforço para repelir a contraofensiva. A Ucrânia diz que a infraestrutura portuária de Odesa também foi atingida --um terminou de carga foi destruído e pelo menos uma pessoa morreu.

Em nota, o Estado-Maior do Exército ucraniano disse que a Rússia concentra "esforços para impedir o avanço das tropas ucranianas". Já as forças do país invadido "continuam a conduzir uma operação ofensiva nas direções de Melitopol e Berdiansk", duas cidades próximas do mar de Azov, que a Ucrânia espera alcançar para abrir uma brecha no território ocupado pelos invasores.

Ao norte, por sua vez, há relatos de avanços de forças russas na região de Lugansk, que teriam entrado 3 km em um ponto pouco explorado da frente de batalha, que soma cerca de 1.000 km de comprimento.

Ao que tudo indica, tanto Moscou quanto Kiev podem ter exagerado, com motivações diversas, as ações russas. Os ucranianos falaram na maior concentração de tropas desde a invasão de 2022, com 100 mil militares de Putin, mas o que se viu até aqui não corrobora isso.


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