SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Ao menos 44 pessoas morreram e 130 ficaram feridas neste domingo (30) após uma explosão durante um comício político na província de Khyber Pakhtunkhwa, no noroeste do Paquistão. Riaz Anwar, representante local do Ministério da Saúde, disse haver, ainda, 17 pacientes em estado grave.
De acordo com Akhtar Hayat Gandapur, inspetor-geral da polícia na província próxima à fronteira com o Afeganistão, um membro do partido Jamiat Ulema-e-Islam (JUI-F), conhecido por elos com o islamismo radical na área de Bajaur, deveria discursar no local, "mas antes de ele chegar uma explosão aconteceu".
A sigla, que realizava o evento na cidade de Khar, como parte da campanha para as eleições no final do ano, acabou sendo alvo de um ataque suicida a bomba, ainda segundo Hayat à agência Reuters.
A maioria dos feridos foi levada a hospitais de Bajaur e áreas adjacentes, e os pacientes em estado grave foram transferidos para centros médicos na capital da província, Peshawar, por helicópteros militares.
"A tenda desabou [após a explosão], prendendo pessoas que tentavam escapar", disse Abdullah Khan, uma das testemunhas do ataque. "Havia confusão total, restos mortais e cadáveres espalhados."
O Paquistão tem observado um ressurgimento de ataques de militantes islâmicos desde o ano passado, quando um cessar-fogo entre o grupo Tehreek-e-Taliban Pakistan (TTP) e Islamabad foi rompido. No entanto, a maioria dos ataques recentes tem sido direcionada a forças de segurança.
O TTP, conhecido como o Talibã paquistanês, tem vínculos, mas não faz parte do mesmo grupo que retomou o poder no Afeganistão em 2021. Formada por radicais que querem substituir o atual governo por um regime islâmico linha-dura no Paquistão, a organização tem feito ataques cada vez mais constantes.
Nenhum grupo reivindicou a autoria do ataque, mas o braço local do Estado Islâmico (EI) realizou ações recentes contra o JUI-F. No ano passado, o EI afirmou estar por trás de ataques contra estudiosos religiosos filiados à sigla, que possui uma rede de mesquitas e madrassas no norte e no oeste do país.
Os ataques se concentram nas regiões que fazem fronteira com o Afeganistão, e Islamabad, inclusive, diz que algumas das ofensivas são planejadas em território afegão, o que Cabul nega.
O atual premiê paquistanês, Shehbaz Sharif, condenou a explosão deste domingo, chamando-a de ataque ao processo democrático, e prometeu que os responsáveis serão punidos. A embaixada dos Estados Unidos em Islamabad e o ex-primeiro-ministro do Paquistão Imran Khan também repudiaram a ação.
Além de enfrentar um agravamento da situação de segurança desde que o Talibã retomou o poder no Afeganistão, o país lida com inflação e desemprego, que vêm se avolumando e podem ter levado cerca de 350 migrantes paquistaneses a morrer em um barco que naufragou em junho, em águas gregas.
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