WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) - O ex-presidente americano Donald Trump foi indiciado pela terceira vez nesta terça-feira (1º), agora no caso com maior potencial de danos à sua tentativa de voltar à Casa Branca.
Um júri reunido em Washington tornou o republicano réu no caso que apura a invasão do Capitólio, em 6 de janeiro de 2021. Na ocasião, uma multidão de apoiadores de Trump tentou impedir à força a confirmação da vitória de Joe Biden nas eleições de 2020. Cinco pessoas morreram.
O republicano foi indiciado pela primeira vez em abril, em um caso que corre na Justiça de Nova York que investiga a compra do silêncio de uma atriz pornô na campanha de 2016.
Em junho, houve o segundo indiciamento, este pela Justiça federal, que o acusa de manter documentos secretos após deixar a Casa Branca.
Os dois primeiros indiciamentos não afetam o pleito do republicano de concorrer outra vez à Presidência, porque não há instrumento similar à Lei da Ficha Limpa nos EUA. A única brecha para tirá-lo da corrida seria em razão da 14ª Emenda da Constituição, que proíbe quem "tiver se envolvido em insurreição ou rebelião" contra o governo de ocupar cargos civis ou militares em gestões federal ou estadual.
É nesse ponto que um indiciamento no caso da invasão do Capitólio pode causar problemas eleitorais. O comitê da Câmara que investigou o episódio recomendou a acusação formal de Trump por insurreição, mas o Departamento de Justiça não enquadrou nenhum envolvido na invasão até agora por esse crime.
Antecipando a possibilidade de indiciamento, o ex-presidente repetiu ataques ao conselheiro especial do Departamento de Justiça Jack Smith em sua rede social, a Truth (verdade, em português), nesta terça, por volta das 17h.
"Eu ouvi dizer que o descontrolado Jack Smith, para interferir nas eleições presidenciais de 2024, vai divulgar mais uma falsa acusação contra o seu Presidente favorito, eu, às 5h00 da tarde. Por que eles não fizeram isso há 2,5 anos atrás? Por que esperaram tanto tempo? Porque eles queriam fazer isso bem no meio da minha campanha. Má conduta do procurador!", escreveu em seu perfil.
Em uma nota oficial, a campanha de Trump comparou as investigações que têm como alvo o ex-presidente e seus apoiadores à Alemanha nazista e à Rússia soviética. "O Presidente Trump sempre seguiu a lei e a Constituição, com aconselhamento de muitos advogados altamente bem-sucedidos", afirmou.
Trump tem afirmado que os processos de que é alvo configuram uma perseguição política. Ele é hoje o candidato mais bem posicionado para receber a indicação republicana para disputar a Presidência, mais de 30 pontos à frente do segundo colocado, o governador da Flórida, Ron DeSantis, segundo pesquisa divulgada nesta segunda.
A acusação de perseguição decorre do fato de a investigação sobre a invasão do Capitólio, bem como o caso dos documentos secretos, é tocada pelo Departamento de Justiça, órgão federal subordinado a Biden, candidato à reeleição.
O atual líder americano, no entanto, tenta se distanciar e afirma que não fala com o secretário de Justiça, ?Merrick Garland, sobre o caso.
Os processos aos quais o republicano responde já estão sendo um problema para sua campanha.
Trump é o primeiro ex-presidente americano a responder a processos criminais. Além dos três nos quais ele já foi formalmente acusado, há ainda ainda uma investigação no estado da Geórgia sobre uma suposta tentativa do ex-presidente de reverter sua derrota. A expectativa é que um indiciamento saia ainda em agosto.
Os problemas na Justiça do republicano já estão impactando as suas finanças de campanha. Dados de um dos grupos responsáveis por arrecadação de fundos vinculados a Trump mostram que as despesas legais dispararam de cerca de 15% no ano passado para quase 70% no primeiro semestre deste ano.
O indiciamento não foi a única má notícia para Trump nesta terça. À tarde, dois republicanos foram acusados pela Justiça de Michigan por acesso ilegal a urnas e tentativa de manipulação.
Foram indiciados Matthew DePerno, um advogado republicano que recebeu o apoio de Trump em sua tentativa fracassada de se tornar procurador-geral do estado no ano passado, e Daire Rendon, uma ex-congressista estadual.
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